Para a primeira emissão do visto, além da entrevista obrigatória para maiores de 14 anos e idosos até 79 anos, agora é preciso comprovar de forma crível o vínculo com o país e principalmente a capacidade financeira para custear a viagem -não é mais suficiente só a declaração de emprego ou comprovação de trabalho autônomo. E isso vale para os adolescentes -neste caso, vale a renda dos responsáveis.
A imigração dos EUA pode pedir para ver minhas redes sociais? Posso ser barrado por causa disso?
Se a imigração americana quiser olhar as suas redes sociais durante a avaliação para a entrada no país, é permitido. O governo americano pode inclusive fazer esta checagem durante o pedido do visto e a entrevista na missão diplomática. Especialistas avaliam que os EUA não levarão em conta posição política ou religião, e dizem que o interesse é saber se você tem planos de viver nos EUA.
"No Brasil existe proteção em relação à consulta de redes sociais. Mas dentro do consulado vale a legislação americana, e ela permite esta checagem. É proibido entrar com celular dentro do consulado, mas se você entra com o aparelho, eles podem a qualquer momento pedi-lo e checar qualquer coisa no aparelho", diz advogado especializado em imigração e sócio da Loyalty Miami, Daniel Toledo.
"Quando você compra uma passagem para os EUA e sai do Brasil, a companhia aérea informa o governo americano, que sabe da sua viagem e tem toda a ficha do passageiro.
Funcionários da imigração podem vasculhar todas as redes sociais. Podem saber que você está em grupos de discussão de imigração, que você está postando que está indo para uma vida nova. Quando você desembarcar, já tem um alerta vermelho na sua ficha", diz Toledo.
Tenho que mostrar quanto dinheiro estou levando para os EUA?
Toledo explica que os funcionários da imigração também foram instruídos a avaliar se o valor que a pessoa leva em espécie é suficiente para o que ela propõe.
"Eles podem tirar uma média do que esta pessoa vai fazer dentro do roteiro dela e quanto ela está levando. Se o dinheiro que o passageiro leva for condizente com o que ela diz que irá fazer no país, é perfeito. Se não for suficiente para ela se manter dentro dos EUA, ela pode voltar ao Brasil", explica Toledo. Ele afirma ainda que o cartão de crédito não vale como garantia de custeio da viagem, já que não é possível saber o limite do cartão por conta do sigilo bancário.
Daniel Magalhães, diretor da Globalvisa Assessoria Internacional lembra ainda que o visto é só a permissão de embarque. Ele vale por 10 anos, mas quem determina o tempo que você ficará em solo americano depende do oficial da imigração -pode ser seis meses ou até poucos dias. E se você não convencê-lo de que sua passagem pelo país é temporária, pode ser devolvido ali mesmo.
Sou obrigado a mostrar os meus pertences para o funcionário da imigração?
No aeroporto, o funcionário da imigração tem poder para mexer em qualquer coisa que o passageiro está levando: pastas com documentos, computadores e até celulares. E ele pode impedir a sua entrada no país se você não tiver uma passagem de volta, por exemplo.
Fui barrado. Quem paga minha volta?
Toledo diz que se o passageiro for impedido de entrar nos EUA, o dinheiro trazido na viagem e os cartões de crédito levados podem ser usados pelo governo americano para pagar o retorno da pessoa no primeiro voo com assento disponível -a pessoa pode acabar com uma passagem de primeira classe comprada com preço de última hora na fatura do cartão.
Como se preparar para o visto?
Na solicitação do visto de turista, além das taxas e formulários exigidos, vale apresentar tudo o que comprovar o seu vínculo com o país: declaração de emprego ou documentos que comprovem sua atuação como autônomo, registros de empresa própria ou de inscrição em algum órgão de classe profissional. O ideal é a declaração de imposto de renda, que mostrará os rendimentos e bens mantidos no Brasil, além de comprovar a capacidade financeira para a viagem. Vale até levar os extratos bancários e o documento do carro, provando a posse.
No caso de estudantes, é aconselhável apresentar uma declaração de matrícula ou algum documento emitido pela instituição que comprove o vínculo acadêmico. Eles podem até exigir exames médicos e boletins policiais.
Magalhães diz ainda que durante a entrevista é muito importante se manter calmo. "Dar respostas objetivas e não tentar nada para tentar impressionar o entrevistador. É preciso estar preparado para responder de forma clara e tranquila perguntas como, 'Para onde vai nos Estados Unidos?', 'Com quem pretende viajar?' ou 'Qual a intenção da sua viagem'", indica Magalhães, que já trabalhou na seção consular da Embaixada Americana.
"É importante lembrar que um oficial consular entrevista muitas pessoas por dia e ele é extremamente bem treinado para detectar mentiras ou comportamentos fora do normal", destaca Magalhães.
Não por causa do seu idioma. Para a solicitação do visto, a entrevista pode ser feita em português. Já no aeroporto, nos EUA, se você tiver dificuldade durante a entrevista no aeroporto, os funcionários da imigração falam espanhol -e isso pode ajudar. Mas se você não entender absolutamente nada, pode pedir o apoio de um intérprete. A maioria dos aeroportos internacionais nos EUA possui um tradutor de português. Se você tiver todos os comprovantes, passagens de volta, reservas de hotéis e mostrar que tem como bancar a viagem, as chances são maiores de não ter problemas.
Que tipo de pergunta a imigração pode fazer?
As perguntas são as mesmas feitas durante a imigração em qualquer país -até mesmo para os estrangeiros que tentam entrar no Brasil. Quanto tempo a pessoa ficará no país; quais cidades vai visitar; qual é a razão da viagem (trabalho, férias, um curso, uma palestra); qual é a sua profissão; onde você ficará hospedado -se você disser que ficará na casa de algum conhecido, podem te pedir para explicar mais sobre a sua relação com esta pessoa, como onde vocês se conheceram, há quanto tempo etc; se você viaja com alguém (se você estiver com a família, a entrevista pode ser feita para o grupo. Se você viaja com amigos, cada um estará em um guichê e mencione que a pessoa está sendo entrevistada também). Devem perguntar quanto dinheiro você carrega e até pedir que você mostre.
Não tente responder mais do que o necessário. Seja direto. Lembre-se de que o funcionário da imigração neste momento pode revistar qualquer coisa que você esteja levando -pastas, bolsas, roupas, documentos.
Se o funcionário identificar algo de errado, você deve ir para uma sala em que deverá responder todas as perguntas novamente e explicar melhor o motivo da sua visita. O importante é não entrar em contradições com o que foi dito antes e apresentar todos os documentos que comprovem a sua viagem como turista.
O que o consulado ou a embaixada do Brasil pode fazer se eu for barrado?
Nada. A diplomacia brasileira não pode interferir na decisão das autoridades norte-americanas sobre a permanência de brasileiros. O Itamaraty oferece auxílio em casos de prisão. Se isso acontecer, você pode pedir para entrar em contato com a embaixada dos EUA em Washington ou com o consulado brasileiro mais próximo do aeroporto em que você desembarcou. Em caso de prisão, você tem o direito de permanecer calado e de pedir a representação um advogado mesmo que você não tenha meios de pagá-lo -os policiais devem interromper o interrogatório. Você também não é obrigado a assinar nenhum documento se não compreender o que está escrito, e durante todo o processo pode pedir a presença de um intérprete.
Fonte: Uol
Vanda LopesPRO
ADVOGADA
"[...] se não transformarmos em conhecimento a informação, seremos apenas transeuntes no nosso tempo, nunca partícipes dele". (J.J. Calmon de Passos). Formada em Direito pela Faculdade São Sebastião. Atua nas áreas de Direito Civil, Direito Consumerista, Família, Trabalhista, Previdenciário e Tributário. Apaixonada pelo Direito de fazer Justiça.
"[...] se não transformarmos em conhecimento a informação, seremos apenas transeuntes no nosso tempo, nunca partícipes dele". (J.J. Calmon de Passos). Formada em Direito pela Faculdade São Sebastião. Atua nas áreas de Direito Civil, Direito Consumerista, Família, Trabalhista, Previdenciário e Tributário. Apaixonada pelo Direito de fazer Justiça.