Distribuidoras elevam preço do botijão de gás em 7% para o consumidor

 



Com o aumento, as famílias estão mudando os hábitos para tentar economizar o gasto com gás de cozinha.


O gás de cozinha já está custando mais 7% para os consumidores nesta quarta-feira (1º/9), devido a um ajuste feito pelas distribuidoras do produto, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg), Alexandre Borjaili. Rumores no setor indicam que a Petrobras também deverá reajustar o preço do combustível, que já acumula 38% de alta no ano.

De acordo com Borjaili, o reajuste das distribuidoras teve como justificativa o dissídio da categoria e inflação. O aumento médio por botijão foi de R$ 5,80, sendo que mais R$ 0,30 foi adicionado em alguns estados pelo reajuste do ICMS no mês passado.

"E há um murmúrio de que a Petrobras vai aumentar também no início do mês", disse Borjaili ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), que discorda do aumento das distribuidoras, considerando que o valor do produto já está muito alto.



Mudança de hábitos

Helenice Coelho, 44 anos, é dona de casa e moradora de Ribeirão das Neves. Ela conta que compra um botijão todo mês ou a cada um mês e meio.

"No começo de 2020, eu comprei gás por R$ 85 e agora pago R$ 98 à vista. Mas, se precisar dividir de duas vezes, eles cobram de R$ 105 a R$ 110. Daqui a pouco, nós vamos ter que começar a cozinhar na lenha."

Segundo ela, os gastos com o gás de cozinha pesam muito no orçamento da família.

"Aqui é uma casa com cinco adultos e eu ainda tomo conta de uma criança. Eu faço almoço, jantar e lanche. Não tem correr. Se você compra um produto elétrico para ajudar, como forno elétrico ou fritadeira, usa muito pouco porque a energia está cada vez mais alta. Fica muito difícil."

Helenice diz que esse novo aumento no preço do botijão a deixa em desespero. "Eu tenho condições, graças a Deus porque na minha casa meus filhos e meu esposo trabalham, mas e as pessoas que não tem condições?", pergunta.

"Nós vamos voltar no tempo de ter que fazer um bendito fogão à lenha para cozinhar", completa.

A dona de casa conta que alguns moradores da região já precisaram fazer essa troca. "Minha vizinha de frente faz isso sempre (cozinha no fogão à lenha). Ela é viúva, mora sozinha e cozinha no fogão à lenha na maioria das vezes."

A alta no preço do gás de cozinha já obrigou Helenice a deixar de preparar alguns alimentos, principalmente assados, para economizar.

"O assar aqui em casa é feito muito raramente. Não tem como fazer sempre. Eu penso assim, se eu quiser assar um bolo ou uma carne vou gastar 2 dias de gás. Para fazer um almoço ou um jantar eu gasto mais ou menos uma hora. Uma carne fica no forno, no mínimo 40 minutos para cozinhar e outros 40 minutos para corar. Então acabo deixando de fazer."

O mesmo acontece com a diarista Maria Simone Vieira, de 42 anos.

"Não asso mais as coisas, gasta muito gás. Eu esquento no microondas para não esquentar no fogão. Uso o forno elétrico para tentar fazer uma economia no gás. Mas aí vem a conta de luz que também aumentou. Estou preferindo comprar algumas coisas prontas para evitar assar."

Ela conta que compra um botijão de gás por mês e sempre mais caro que no mês anterior.

"Todo mês aumenta. Mês passado eu paguei R$ 100, mas ano passado já cheguei a comprar por R$ 49, no início do ano. Subiu demais."

A diarista afirma que os aumentos pesam no orçamento da família. "Pesa demais esse tipo de aumento. Todo mês a gente reserva um dinheiro e quando vai comprar já é sempre com aumento de R$ 5, R$ 3. E isso faz muita diferença."

"Todo mês tem um orçamento diferente lá em casa. Deixo de comprar uma coisa para substituir por outra. O sacolão e o supermercado eram toda semana. Se eu comprava três unidades de um produto, agora eu compro duas. Todo mês a gente vai diminuindo alguma coisa", completa.



Dor de cabeça para o governo

O preço do gás de cozinha virou mais uma preocupação para o governo de Jair Bolsonaro, que demitiu o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco pelos ajustes sucessivos dos combustíveis, inclusive do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).

Já o atual presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, deixou de fazer reajustes mensais. O último aumento foi no início de julho, de 3,5%.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do botijão de GLP de 13 Kg entre 22 e 28 de agosto era de R$ 93,65, sendo que em algumas localidades o produto chega a custar R$ 130,00.
Fonte: Estado de Minas