Universidades federais do Sul de MG não têm previsão para retorno às aulas em 2020

Unifei, Unifal e Ufla afirmam que não devem retomar as atividades presenciais até o fim do ano.


O critério definido pelo Governo de Minas para retomada das aulas presenciais no ensino superior é que as cidades estejam na onda amarela do programa Minas Consciente. A partir da próxima semana, instituições de ensino superior públicas e privadas
podem retomar aulas presenciais em Minas Gerais. Mesmo com cidades da região na onda amarela, as universidades federais afirmam que não têm uma data prevista para retorno das atividades.


No Sul de Minas, 105 cidades aderiram ao programa. Na onda verde, estão as cidades que liberaram os serviços não-essenciais com alto risco de contágio. Fazem parte deste grupo 29 cidades do Sul de Minas, entre elas, Itajubá, onde está a Universidade Federal de Itajubá (Unifei).

Na onda amarela, estão as cidades que liberaram os serviços não essenciais. Fazem parte 55 cidades da região, como Lavras, onde está instalada a Universidade Federal de Lavras (Ufla), e também Alfenas e Poços de Caldas, cidades que têm campus da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). A onda vermelha se caracteriza pela liberação somente dos serviços essenciais e são 21 municípios sulmineiros nessa onda.

A Unifei afirmou que não retornará às atividades presenciais em 2020, independente da decisão municipal. A Ufla disse que vai manter o modelo de estudo remoto emergencial até o dia 18 de dezembro. Caso haja liberação pelas autoridades sanitários de retorno às aulas, a universidade já trabalha em um plano de contingência, visando a retomada das atividades a partir de 18 de janeiro.

Já a Unifal informou que entende que não é possível, nem recomendado, o retorno das aulas presenciais este ano. Mas que, caso haja alguma mudança, já existe um protocolo de condições e medidas necessárias, elaborado e aprovado pelo comitê institucional de enfrentamento e prevenção, para o retorno.

Momento da pandemia

O professor de epidemiologia da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Sinézio Inácio da Silva Júnior, explicou que as regionais de Saúde onde estão localizadas as universidades vivem momentos diferentes em relação à pandemia.

“No caso de Lavras, que está na regional de Saúde de Varginha, qtem uma tendência ainda de crescimento, o município de Lavras também apresenta essa tendência. No caso de Itajubá, já é uma visão um pouco melhor, porque o município apresenta uma tendência de diminuição e a regional de Saúde ao qual ele pertence, tem um quadro de estabilidade. Alfenas, que é sede da Unifal, a cidade e a regional apresentam significativa tendência de crescimento”.

Diante do quadro, o professor avalia que é importante a avaliação não só da cidade, mas da regional onde ela está inserida, porque são referências de atendimento hospital de alta complexidade. “Nos casos das UTI’s, que em Alfenas já começaram a aumentar sua ocupação. Mais leitos de UTI não significa que a gente deva relaxar. A situação de viver uma UTI é preocupante”.

Covid entre universitários

O professor ainda alerta que a chamada taxa de transmissão pode ser maior entre universitários, o que traz uma preocupação a mais. “A chamada taxa de transmissão, ou seja, o quanto cada pessoa infectada pode infectar outras pessoas, pra Covid tem sido estimada, entre os mais otimistas, de 1,5 a 3. Isso é uma média. Agora, os segmentos populacionais podem ter diferenças entre eles. No caso do jovem universitário, e aú a gente deve ouvir com muita atenção e cuidado pra não criar preconceitos, da própria característica, da dinâmica social dele. E no caso do jovem universitário exatamente, ao voltar as aulas, por ter um contrato mais frequente com aglomeração, esse segmento pode ter a taxa de transmissão específica dele maior”.

Desta forma, Sinézio avalia que é preciso que seja clara a percepção do impacto que os jovens que circulam entre suas cidades e as cidades sede das universidades podem causar. Por conta disso, é fundamental a avaliação de indicadores.

“É preciso termos os cuidados que vem sendo falado, como evitar aglomerações, usar máscara e no caso das universidades, no caso de voltarem as atividades presenciais, ter aplicado o critério do distanciamento social, e criar chamados gatilhos, ou seja, acompanhar indicadores da cidade de avanço do número de casos e mortes. E indicadores que a doença pode estar aumentando entre os universitários. E, ao atingir, você começa a endurecer o distanciamento social”.

Fonte: G1 Sul de Minas