Média de casos de Covid-19 por mil habitantes preocupa em cidades do Sul de Minas

Extrema mantém maior média, mas outros municípios da região tem visto o número crescer com o decorrer da pandemia.


O número de casos de coronavírus em cidades consideradas menores no Sul de Minas tem chamada a atenção e preocupado. Isso por conta da média de contaminações para cada mil habitantes.

Extrema tem se mantido como a cidade da região com o maior número de casos da Covid-19. Até a manhã desta quinta-feira (9), confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) eram 475 casos, com sete mortes.

Segundo um médico infectologista responsável pelo serviço de epidemiologia e controle de infecções em vários hospitais de Belo Horizonte, o município possui um número muito alto até na comparação com cidades maiores.

"É uma das cidades no Estado de Minas Gerais, pelo menos cerca de uma, duas semana atrás, com maior número de casos por 100 mil habitantes. Pra você ter ideia, Belo Horizonte, estava com 182 casos por 100 mil habitantes. E Extrema estava com 10 vezes isso”, destacou Carlos Starling, que é médico infectologista e etimologista.

Quando se observa a média de casos pelo número de habitantes, dá pra ver que outras cidades bem menores também estão em situação preocupante.

Como Córrego do Bom Jesus, por exemplo. Segundo o IBGE, a cidade tem pouco mais de 3,7 mil moradores e já são 28 casos confirmados, entre eles, uma morte. Ou seja, uma média de pelo menos sete casos a cada mil habitantes.

Um aposentado foi o primeiro caso confirmado na cidade. Ele achou que estava só gripado, mas chegou a ser levado pra Cambuí, onde veio a confirmação. Depois, com um quadro mais grave, ainda teve que ser transferido pra Pouso Alegre.

"Lá eu fiquei sete dias na UTI, 10 dias no quarto e aqui em casa ainda fiquei mais 30 dias no oxigênio. E após os 46 dias, me deram alta. E até hoje eu estou muito bem, graças a Deus", contou José do Carmo Araújo.

Os setores de Estratégia de Saúde da Família e de Epidemiologia da cidade foram readequados por causa da doença.

"Nos dias de maior movimento na cidade, como, por exemplo, feriado, nós realizamos a barreira sanitária, que nós damos orientações e também realizamos a aferição de temperatura de todos que passam pelo portal da cidade", comentou Bruna Angélica Simões, enfermeira da Epidemiologia de Córrego do Bom Jesus.

O gestor da área da saúde de Córrego do Bom Jesus diz que apesar destas e de outras medidas, a população não tem ajudado.

"Isso se deve às pessoas estarem desacreditadas da gravidade da doença, não respeitando as orientações da secretaria municipal de saúde, conforme protocolo do Ministério da Saúde. Estamos sempre realizando barreiras sanitárias, distribuição de máscaras pros munícipes, fazendo busca ativa casa a casa, com carro de som e orientações”, comentou o gestou Janilton Marques De Oliveira.


Média de outras cidades

Além de Extrema e Córrego do Bom Jesus, aparecem com médias preocupantes Itapeva e Cana Verde, com sete casos a cada mil habitantes. Juruaia, com pelo menos seis casos a cada mil habitantes.

Camanducaia e Guaranésia, com média de cinco casos entre mil moradores. Pratápolis: média de pelo menos quatro casos. E Campo Belo e Estiva: ambas com três casos confirmados a cada mil habitantes.

No caso de Cana Verde, o prefeito diz que essa média é alta por causa da quantidade de testes realizados. O que também permitiu um número maior de pacientes recuperados.

"Esse número aparenta alto perante o tamanho do nosso município e comprando com municípios vizinhos, porque desde o início dessa pandemia houve um planejamento de fazer o teste rápido. A função, o objetivo nosso é identificar o paciente quanto mais rápido, isolando o mesmo, entrando com tratamento e é claro, a recuperação. E onde que esse número de 34 pacientes recuperados também é alto. É justamente por causa desse planejamento’, destacou o prefeito Eduardo Garcia.

O infectologista Carlos Starling disse que o contato mais próximo nas cidades pequenas também pode ser um fator que eleva a média de casos. Além de notícias falsas, que podem camuflar a real situação.

"Então, é importantíssimo que nesse momento, mais do que nunca, as pessoas observem essas rotinas: cuidados higiênicos, isolamento social, distanciamento social, uso de máscara. É muito cuidado com as informações diferentes dessas que circulam por ai. Não confie em kits de remédio como sendo salvadores e a vacina ainda vai demorar um pouco", alertou.


Dados do Estado

Conforme o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o Sul de Minas tem 4.611 casos confirmados do novo coronavírus, com 135 mortes.

Nesta quinta-feira, foram confirmadas mais seis mortes e outros 157 novos casos em 39 cidades da região.

Fonte: G1 Sul de Minas