Governo muda estratégia e pede para pacientes com sintomas leves procurarem atendimento

Recomendação anterior era para que somente as pessoas em situação grave procurassem postos de saúde; ministério também amplia o uso da cloroquina no tratamento para casos mais leves


O Ministério da Saúde mudou a orientação para pacientes com suspeita de COVID-19. De acordo com a nova estratégia, pessoas que apresentarem sintomas leves da doença (como tosse, febre, cansaço, dores no corpo, garganta e cabeça, espirros e coriza) devem procurar atendimento médico imediatamente, e não ficar somente em casa. A recomendação anterior era para apenas pacientes com quadro grave (apresentando falta de ar) procurassem as unidades de saúde.

A alteração na estratégia coincide com a ampliação do uso da cloroquina para casos leves de COVID-19, adotada pelo Ministério da Saúde por pressão do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com Élcio Franco, secretário-executivo do ministério, o tratamento precoce ajuda na recuperação do paciente e diminui o uso de leitos de UTI.

“O Ministério da Saúde adotou uma nova orientação para o atendimento dos casos de COVID-19, mudando sua estratégia do ‘fique em casa’ para ‘em caso de sintomas, procure um médico, procure um profissional de saúde’. Assim que sentirem os sintomas, os pacientes devem buscar esse atendimento mesmo que sejam sintomas leves, porque nós aprendemos ao longo da pandemia que ao aguardar em casa, os pacientes chegam aos hospitais em quadros clínicos mais agravados e que alguns casos dificultam a reversão do seu estado clínico. Ele evolui para UTI muito rapidamente”, disse Élcio, segundo na hierarquia da pasta, atrás apenas do ministro interino Eduardo Pazuello. Ambos são militares.


Segundo o secretário, quanto antes o tratamento for iniciado, melhor para o paciente.

“O tratamento precoce tem uma resposta mais assertiva, evitando a piora do paciente e diminuindo a necessidade do uso de respiradores ou ventiladores pulmonares. A nova diretriz busca adequar o atendimento às melhores evidências e evitar mortes relacionadas à doença. E mesmo que não evolua para o óbito, evitar o agravamento que também traz o comprometimento da estrutura de saúde e um empenho maior de profissionais de saúde”, explicou.
Cloroquina

Apesar de não ser possível afirmar que o uso da cloroquina tenha reduzido a quantidade de casos graves de COVID-19 no Brasil, o medicamento segue sendo ministrado em pacientes contaminados pelo coronavírus. De acordo com Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, há apenas ‘indícios’ de eficácia do composto.
“Ainda não podemos afirmar de forma inequívoca que o uso específico da cloroquina por meio desses indícios reduziu o número de casos graves no país. Porém, há vários trabalhos que falam sobre o uso não só da cloroquina, mas eles citam antimaláricos, hidroxicloroquina, várias outras, que sugerem sim o efeito muito benéfico do uso precoce dessas medicações e na evolução do quadro clínico do paciente”, declarou.

Fonte: Estado de Minas