Desde segunda-feira (23/03) uma grande mobilização tomou conta do Vale da Eletrônica, como é conhecida Santa Rita do Sapucaí. Ação reuniu empresas, profissionais liberais, estudantes, centro de ensino, pesquisa e desenvolvimento para a produção dos protetores faciais em impressoras que utilizam a tecnologia 3D, com o objetivo de disponibilizar esse equipamento aos profissionais de saúde.
A solução não é inédita, pois outros centros no Brasil também se mobilizam, contudo o empresário Marcos Goulart Vilela, diretor geral da Leucotron e membro da diretoria da Fundação mantenedora do Hospital Antônio Moreira da Costa, viu no arranjo produtivo local, que caracteriza Santa Rita do Sapucaí, a oportunidade de incentivar a produção dos protetores faciais. “O Vale da Eletrônica reúne empresas de tecnologia, telecomunicações, equipamentos médicos, entre outras e instituições de pesquisa e desenvolvimento que possuem diversas impressoras 3D e que, nesse momento, podem ser utilizadas para ajudar na disponibilização desse importante equipamento de proteção para os profissionais de saúde e demais pessoas envolvidas no atendimento às pessoas infectadas pelo Coronavírus”, comenta Vilela.
Segundo Marcos Vilela, mesmo ciente de que o Hospital Antônio Moreira da Costa possui equipamentos de segurança para seus profissionais e colaboradores, a vontade de ajudar é a motivação para essa ação solidária. “O Hospital possui equipamentos de proteção individual, tem óculos de segurança e o que nos motivou foi a possibilidade de fornecer os protetores faciais como reforço à segurança de todos os profissionais da saúde, que neste momento não estão medindo esforços para atender a população. Mesmo em se tratando de um modelo de protetor que se compra no mercado, nesse momento há dificuldade de aquisição pela situação que estamos passando e com nossas impressoras 3D podemos ajudar”, explica.
Ainda, na noite de segunda-feira, logo após assistir na TV uma reportagem sobre esses protetores faciais, Marcos Goulart solicitou para que um de seus colaboradores na Leucotron, do setor de desenvolvimento, que pudesse iniciar contatos para a produção dos equipamentos. “A Leucotron possui impressora 3D e logo que me foi solicitado busquei na internet o arquivo com o projeto de impressão dos protetores faciais”, afirma Jander Abdala Ribeiro, designer no setor de desenvolvimento da Leucotron.
De acordo com Abdala no dia seguinte já estava com uma peça impressa para análise. “Com o projeto de impressão, baixado da internet, pude imprimir a primeira peça e logo acionamos mais pessoas, empresas e centros de pesquisa para se juntar a nós nessa ação solidária. E foi assim que conseguimos a doação de parte da matéria prima para a produção dos primeiros protetores faciais”, conta.
Reengenharia do projeto
Devido dificuldade em conseguir a matéria prima, Jander Abdala propôs um novo projeto e foi então necessário a reengenharia do processo de produção e um novo modelo de protetor facial surgiu, desta vez com o envolvimento também do Inatel, através do FabLAB Inatel e do CDTTA - Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia Assistiva. “Partimos para o desenvolvimento de uma proposta um pouco diferente do que tem sido utilizado pela comunidade de makers ou seja, para um projeto que utiliza corte a laser e acrílico, porque atende melhor nossas necessidades de produtividade e de volume”, destaca Raphael Cardoso Mota Pereira, coordenador do FabLab Inatel.
Raphael Pereira destaca também a forma colaborativa que permitiu a evolução do projeto. “Esse é um ponto bem legal porque contamos com a colaboração de muita gente para a evolução do projeto. Contamos com o Jander, da Leucotron, o Brendo, do FabLab, e outros fornecedores de materiais, outras pessoas envolvidas, outras fábricas e principalmente a parceria com o Hospital aqui de Santa Rita, através do Marcos Goulart, que tem sido fundamental para a forma dinâmica com que o projeto foi desenvolvido e a resposta também da diretoria do Inatel quanto a necessidade dessa colaboração. Tudo caminhou muito rápido porque a força de vontade de colaborar, de fazer acontecer é o ponto muito positivo do projeto”.
Além do FabLab Inatel, envolvido diretamente na produção dos protetores faciais, o Inatel colocou também à disposição o Grupo de Engenharia Biomédica do Inatel para manutenção de equipamentos dos hospitais da região. “A comunidade do Inatel está à disposição e é um prazer poder ajudar nesse momento não só com as máscaras, mas também com as ações do grupo de Engenharia Biomédica do Inatel, no que diz respeito a manutenção de respiradores e a ativação desses respiradores nos hospitais da região”, conta Carlos Nazareth Motta Marins, diretor do Inatel.
Nazareth relata que essa ação solidária está aberta para que outros agentes possam participar também. “Essa participação do Inatel, da Leucotron, está aberta para que outros empresários da cidade, outras empresas, outras instituições possam participar também. Afinal de contas, se cada um participar um pouquinho a gente pode, talvez, fazer máscaras não só para Santa Rita como também para Pouso Alegre e outras cidades que tenham um fluxo maior de pacientes e que necessitem de mais equipamentos”, convida.
Os protetores faciais produzidos nessa ação solidária já foram testados e o primeiro lote será entregue na próxima semana ao Hospital Antônio Moreira da Costa e aos agentes de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Rita do Sapucaí.
Fonte: Portal da Cidade - Santa Rita do Sapucaí