Cerca de 1,2 mil fuzileiros navais estão em treinamento no Campo de Instruções General Moacyr Araújo Lopes (Cigmal), da Escola de Sargentos das Armas (EsSA), na zona rural de São Tomé das Letras (MG). Os treinamentos táticos de guerra começaram no dia 17 de julho e vão até a segunda-feira (23). O G1 acompanhou um dia de práticas das unidades nas operações de simulação de resgate aéreo e tiro.
O propósito das atividades é treinar organizações militares subordinadas à Força de Fuzileiros da Esquadra. Segundo o contra-almirante dos Fuzileiros Navais, Jonatas Magalhães Porto, os treinamentos são divididos em três fases. A primeira delas, de planejamento, foi realizada no Rio de Janeiro. As demais acontecem no campo militar de São Tomé das Letras.
“A segunda fase é a das oficinas, de preparação das unidades como infantaria, artilharia, controle aerotático e engenharia. Cada unidade faz o seu adestramento específico. Na terceira e última fase é dado um tema tático para que todas as unidades participantes estejam integradas na solução de um problema militar tático”, explica.
Estas oficinas ocorreram até 19 de julho. De sábado (21) à segunda (23), acontece a “Operação Anfíbia”.
“Estamos aqui no campo de treinamento executando as operações, exceto o embarque e a travessia nos navios. Inclusive, [estamos fazendo] o planejamento e execução da Operação Anfíbia, a mais complexa das operações militares”, fala.
O espaço no Sul de Minas foi escolhido para o treinamento por ter uma dimensão própria para o uso de munição real. São 20 km² de área. Nesse tipo de treinamento, tudo é calculado com antecedência: o local exato onde disparos vão cair, a distância percorrida e até se não haverá riscos de acertar algo ou alguém. Até mesmo a liberação do espaço aéreo antes dos tiros serem disparados é necessária.
O obuseiro 'Light Gun' 105mm é uma dessas armas que necessitam de autorização. Possui um alcance máximo de 17 km, mas na atividade é programada uma distância de apenas 4,8 km para o alcance dos disparos.
Um dos veículos usados no local é o blindado piranha, muito utilizado em intervenções no Rio de Janeiro (RJ) e nas operações do Exército Brasileiro no Haiti.
“A viatura possui equipamentos de rádio que funcionam mesmo quando o veículo está desligado (por causa de um gerador). Por ser blindado, protege o pessoal embarcado até mesmo do impacto de uma mina terrestre. Possui oito rodas com tração, freios ABS e consegue passar pela água. Em terra, consegue atingir 105 km por hora tranquilamente”, detalha Carlos Henrique Marques dos Santos, suboficial do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais.
Salvamento aéreo
Uma das atividades realizadas foi a simulação de uma operação aeromédica.
“Foi simulado o socorro fictício de um militar numa atividade corriqueira na tropa. Foi feito o transporte por pessoal especializado até a aeronave e o deslocamento até uma instalação de socorro. Depois que a aeronave decolou, foi simulada a segunda parte que é a recepção desse militar numa unidade especializada”, descreve o comandante do Batalhão de Controle e Aerotática e Defesa Antiaérea, Marcio Pragana Patriota.
Além da atividade de salvamento, há marchas para o combate, ataques coordenados diurnos e noturnos, além de ações com o emprego de equipamentos de comunicação e de visão noturna. Outras armas utilizadas são metralhadoras, fuzil individual, lança foguetes e morteiro. Os fuzileiros realizam seus treinamentos em outros estados como Espírito Santo e Goiás.
Atualmente os militares da Força de Fuzileiros da Esquadra atuam em conjunto com outros órgãos de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, em ações "para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO)", como definem.
Fonte: G1 Sul de Minas