Lei do 'toque de recolher' causa polêmica em São Gonçalo do Sapucaí


Bares e restaurantes fecham as portas às 23h e à 1h nos fins de semana.
Comerciantes reclamam que estão tendo prejuízos com novo horário.





Uma lei em São Gonçalo do Sapucaí (MG) está causando polêmica. Desde o último sábado (14), bares e restaurantes precisam fechar as portas às 23h durante a semana e 1h da manhã nos fins de semana. Os comerciantes da cidade alegam que estão tendo prejuízos com a nova regra. Mas se de um lado muitos moradores não gostaram nada da medida, de outro, algumas pessoas acreditam que a lei pode fazer a violência diminuir na cidade.

A medida existe desde 2008, mas só começou a ser cobrada no fim de semana do dia 14 pelo novo perfeito. De domingo a quinta-feira, o horário máximo para bares e restaurantes é até às onze da noite. Já na sexta, no sábado e em véspera de feriado, até a uma da manhã. Carnaval , bailes em clubes e outros eventos devem ter autorização da prefeitura para que possam ultrapassar esses horários.

A fiscalização é feita pelas polícias Civil e Militar, Conselho Tutelar e pelo próprio prefeito. A prefeitura fez até uma cartilha com as orientações e quem não cumprir a lei é notificado.

Polêmica
No primeiro fim de semana da lei, todos os planos da Cristiane da Silva Costa deram errado. Ela conta que a festa onde estava mal começou e teve que acabar, mas o pior foi não poder sair pra fazer um lanche com os filhos no domingo, porque já tinha passado das 23h.

"Plena férias escolares, pra sentar na mesa de uma pizzaria pra comer uma pizza com meus filhos, e eu não pude. Não tive esse direito. Me senti violada", conta

Assim como Cristiane, muita gente não gostou nada da nova regra. "Às vezes a gente quer juntar uma turminha de amigos, quer ficar até tarde e não tem como mais", reclama a trabalhadora rural Tatiane de Fátima Severino.
Comerciantes reclamam de prejuízos com novo horário, São Gonçalo do Sapucaí (Foto: Reprodução/EPTV)Comerciantes reclamam de prejuízos com novo
horário (Foto: Reprodução/EPTV)


Muitos comerciantes também reclamam que a medida está afetando o bolso de quem precisa trabalhar à noite. O Bar do Joia, por exemplo, viu o movimento despencar na última semana. Antes da lei, ele não tinha hora pra fechar, ficava aberto ate a clientela ir embora.

"De sábado pra cá, a gente não está vendendo nada. Ontem mesmo eu fechei aqui onze horas da noite e não fiz nada. Fui embora pra casa com R$ 25 no bolso", reclama Donizete dos Santos Correia, dono do bar.

Alex Varçalo, que é dono de uma pizzaria, diz que já vinha se adaptando a lei e explica aos clientes sobre a mudança no horário. "O que acontece hoje é que 23h a gente fecha o portão mesmo, ou antes, e vamos avisando aos clientes estamos encerrando cozinha, a parte de pizza, pra fazerem os últimos pedidos",

Mais paz?
Mas existe a parte da população que acredita que a medida vai ajudar a trazer mais tranquilidade pra cidade, que tem cerca de 24 mil habitantes. "Realmente estava sem ordem, com pouca fiscalização, muita bagunça, e a gente que mora [aqui], tem filho pequeno, é extremamente difícil", afirma o gerente de produção, Matheus Teixeira.

O assessor de comunicação da prefeitura de São Gonçalo do Sapucaí, Ranieri Francisco de Souza, explicou que o prefeito Eloi Radin (PSB) só está cumprindo a lei e que as regras vão se manter enquanto a lei não for alterada.

"O prefeito assumiu agora no dia 1º de janeiro. Essa necessidade de mudança da lei, na verdade, tem que passar pela Câmara de Vereadores. Aí são os vereadores que vão alterar essa lei, pra que seja regulamentada conforme a necessidade atual da lei. Por enquanto [vai ser mantida] a lei que está."

Fonte: G1 Sul de Minas