Enquanto os brasileiros tinham os olhos voltados para a Colômbia na tragédia que abalou o mundo, os deputados federais do Brasil agiram e mudaram as 10 propostas de medidas contra a corrupção no projeto de iniciativa popular apresentado ao Ministério Público Federal, que avalizou as propostas.
Ao fim da votação, por volta das 4h20 de hoje, quarta-feira, boa parte do projeto havia sido desfigurado. Da proposta original, os deputados retiraram, por exemplo, a medida que previa a punição aos partidos políticos pela prática de caixa 2, acabaram com a figura do "reportante do bem" (que era uma espécie de ajuda financeira a quem delatasse crimes dos quais não participou), reduziram o poder do Ministério Público junto aos acordos leniência e não aprovaram a tipificação do enriquecimento ilícito.
Em nota divulgada hoje, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, falou em "retaliação" por parte dos deputados no texto aprovado na madrugada desta quarta-feira, dia 30, pela Câmara dos Deputados. Os parlamentares articularam para beneficiar aqueles que estão sendo investigados pelas operações da Polícia Federal e principalmente pela Operação Lava-Jato.
Eles incluíram medidas polêmicas, como a previsão de punir por crime de abuso de autoridade magistrados, procuradores e promotores, uma forma de engessar quem investiga. Também foram retiradas propostas consideradas essenciais pelos investigadores, como a responsabilização dos partidos políticos e dirigentes partidário por atos cometidos por políticos filiados às siglas.
Para Janot, o resultado da votação "colocou o país em marcha a ré no combate à corrupção", em nota o Procurador-Geral da República chamou a votação desta madrugada de "ponto de inflexão e tensão institucional" e de "rejeição violenta e irracional ao Ministério Público e ao Judiciário". Para ele, "as 10 medidas contra a corrupção não existem mais.
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, dia 30, que caso o novo projeto anticorrupção aprovado pelo plenário da Câmara seja sancionado pelo presidente Michel Temer, a "proposta é de renunciar coletivamente".
O projeto anticorrupção que foi alterado para poder frear as investigações, engessar a Polícia Federal e colocar em risco a operação Lava-Jato, foi aprovado por 313 votos favoráveis; 132 contra; 5 abstenções; total de 450.
A deputada federal por Lavras, Dâmina de Carvalho Pereira, votou a favor do projeto modificado.
Saiba quem votou contra e quem votou a favor das medidas que colocam o combate a corrupção em risco:
Saiba como votou o seu deputado
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Adelmo Carneiro Leão
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PT
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Sim
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Ademir Camilo
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PTN
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Sim
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Aelton Freitas
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PR
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Sim
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Bilac Pinto
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PR
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Abstenção
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Bonifácio de Andrada
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PSDB
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Sim
| |
Caio Narcio
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PSDB
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Sim
| |
Carlos Melles
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DEM
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Não
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Dâmina Pereira
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PSL
|
Sim
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Delegado Edson Moreira
|
PR
|
Sim
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Diego Andrade
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PSD
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Sim
| |
Dimas Fabiano
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PP
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Sim
| |
Domingos Sávio
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PSDB
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Não
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Eduardo Barbosa
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PSDB
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Não
| |
Eros Biondini
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PROS
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Não
| |
Fábio Ramalho
|
PMDB
|
Sim
| |
Franklin Lima
|
PP
|
Sim
| |
Gabriel Guimarães
|
PT
|
Sim
| |
Jaime Martins
|
PSD
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Não
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Júlio Delgado
|
PSB
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Não
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Laudivio Carvalho
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Solidariedade
|
Sim
| |
Leonardo Monteiro
|
PT
|
Sim
| |
Leonardo Quintão
|
PMDB
|
Sim
| |
Luis Tibé
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PTdoB
|
Sim
| |
Luiz Fernando Faria
|
PP
|
Sim
| |
Marcelo Álvaro Antônio
|
PR
|
Sim
| |
Marcelo Aro
|
PHS
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Não
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Marcos Montes
|
PSD
|
Sim
| |
Marcus Pestana
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PSDB
|
Não
| |
Margarida Salomão
|
PT
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Sim
| |
Mário Heringer
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PDT
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Sim
| |
Mauro Lopes
|
PMDB
|
Sim
| |
Misael Varella
|
DEM
|
Sim
| |
Newton Cardoso Jr
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PMDB
|
Sim
| |
Odelmo Leão
|
PP
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Sim
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Padre João
|
PT
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Sim
| |
Patrus Ananias
|
PT
|
Sim
| |
Paulo Abi-Ackel
|
PSDB
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Não
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Raquel Muniz
|
PSD
|
Sim
| |
Reginaldo Lopes
|
PT
|
Sim
| |
Renzo Braz
|
PP
|
Sim
| |
Rodrigo de Castro
|
PSDB
|
Sim
| |
Rodrigo Pacheco
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PMDB
|
Sim
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Saraiva Felipe
|
PMDB
|
Sim
| |
Subtenente Gonzaga
|
PDT
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Não
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Tenente Lúcio
|
PSB
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Não
| |
Toninho Pinheiro
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PP
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Sim
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Weliton Prado
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PMB
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Não
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Zé Silva
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Solidariedade
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Sim
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Total Minas Gerais: 48
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