Com ajuda de voluntários, irmãs Gallo realizam ação há 40 anos.
A casinha simples em Varginha (MG), de paredes ainda por fazer, guarda tesouros da infância. Nos pacotes transparentes, espalhados pela sala do imóvel, podem estar a felicidade de quem não tem como comprar um presente de natal. Há 40 anos, as irmãs Gallo reformam todos os brinquedos doados, empacotam tudo e iluminam o Natal das crianças de famílias carentes.
“É uma alegria que não tem preço”, conta uma das irmãs, Russilvânia Gallo. “Compensa todo o trabalho.”
Do lado de fora da casa, a fila é enorme. Gente pequena, cheia de esperança de terminar o ano com um brinquedo. Sthefany Cortez Eufrosino, de 7 anos, chegou bem cedinho com a irmãzinha. “Eu quero ganhar uma coisa muito boa”, conta, sem querer escolher.
A Maria Eduarda Nobre Pires, de 12 anos, não aguentava mais esperar o portão abrir. É o dia mais importante pra menina. “Eu acho que eu espero mais chegar o Natal do que o meu aniversário”, conta.
Projeto de vida
O “mar” de brinquedos decora a sala das irmãs. Há bonecas para todos os gostos: pequenas, grandes, cabeludas, coloridas, carequinhas. São as bonecas já reformadas que devem despertar um sorriso novo em dezenas de crianças.
É uma alegria que não tem preço. Compensa todo o trabalho."
Russilvânia Gallo, professora
As irmãs Gallo recebem doações de brinquedos durante todo o ano. Muitos precisam de ajustes e leva-se muito tempo pra deixar tudo com cara de novo.
“É muito carinho, muito trabalho, muita atenção, porque a boneca vem muito estragada mesmo, então a gente tem que renovar”, conta a outra irmã, Ruternia Schimidt Gallo.
Voluntários de todas as idades ajudam as irmãs a manter a tradição de 40 anos. “Eu ajudo a ‘por’ as bonecas em ordem, pentear os cabelinhos e ‘por’ dentro dos saquinhos”, conta a Letícia Castro de Santos, de apenas 9 anos.
“Como se trata de crianças é muito gratificante”, completa outra voluntária, a Ana Maria Corrêa Coelho. “Nossa, eu fico até emocionada.”
Iluminando famílias
A dona Adriana Gonçalves sabe que efeito esse gesto tem. Ela tem cinco filhos, mas atualmente, não tem emprego. “Muito caro pra gente comprar ‘né’. E aqui a gente pega, eles ficam satisfeitos”, conta.
E quem não gosta de ganhar presente? Mas agradecer quem deixa o Natal mais alegre também vale a pena. “Essas senhoras são muito especiais pra gente”, finaliza a pequena Lauriane Vitória Moura, de 8 anos.
Fonte: G1 Sul de Minas