Cineasta sul-mineiro concorre com curta-metragem em Hollywood

"Milvio" é o segundo filme da carreira do campobelense Thales Corrêa.
Filme concorre à Mostra Internacional Competitiva, do LABRFF 2016.


O Los Angeles Brazilian Films Festival (LABRFF) chega à sua nona edição prometendo se tornar o maior festival de cinema brasileiro fora do país. Neste ano, há uma grata surpresa para os sul-mineiros. Thales Corrêa é natural de Campo Belo (MG) e o filme “Milvio”, escrito, produzido e dirigido por ele, foi selecionado para a Mostra Competitiva Internacional de Curtas do LABRFF.
Thales Corrês na exibição do seu primeiro filme "Pais e Filhos", em Cannes, 2013 (Foto: Divulgação)Thales Corrêa na exibição do seu primeiro filme "Milvio", em Cannes(Foto: Divulgação)









Em “Milvio”, a inspiração vem de uma história real, que pode ser confundida com ficção científica. O curta conta a história de Lydon Baty, um adolescente americano que sofre com o sistema imunológico deficiente. Isso limita muito sua vida social, porque um simples vírus pode ser fatal para ele. Acontece que a chegada de uma nova tecnologia permite uma nova forma de convivência, baseada no meio digital. É com ajuda do robô VGo, sua câmera e seus autofalantes, que Lydon vai à escola a partir do seu próprio quarto, utilizando um computador.

De “Beautiful Fields” para Los Angeles
Thales Corrêa vem de uma família grande que está em Campo Belo ou "Beautiful Fields", como se referem os norte-americanos, até hoje. Vivendo ali ele jamais imaginaria que viria a ser cineasta um dia, muito menos em Hollywood. Ele saiu de lá para estudar Administração em Lavras (MG) e depois, no Rio de Janeiro. “Estava infeliz no meu curso e me interessei por cinema quando fiz um período de intercâmbio na Irlanda, lá eu me envolvi com pessoas da área”, relata o cineasta mineiro.
Thales nos sets de filmagem de "Milvio" (Foto: Divulgação)Thales nos sets de filmagem de "Milvio" (Foto:
Divulgação)


Thales continuou fazendo bicos e pequenos trabalhos como ator, quando retornou ao Brasil. Ele revela que desde então já se interessava muito pela parte técnica e pelo universo de trás das câmeras. “Eu não sabia nada sobre direção, nada sobre produção, sobre roteiro... mas adorava pensar e dar opiniões sobre isso”, revela.

A oportunidade de estudar cinema nos Estados Unidos surgiu há seis anos, quando ele foi para pequena cidade de Los Altos, cidade que tem aproximadamente 30 mil habitantes, menos que Campo Belo (MG). De lá, ele rapidamente conseguiu uma transferência para Los Angeles e as coisas mudaram. “Em Santa Monica College tem muita gente talentosa. Eles faziam tudo muito bem tecnicamente e em Los Angeles existem muitas possibilidades para se trabalhar com cinema”, conta o diretor ao relatar o momento em que começou a produzir seus primeiros roteiros.

“Milvio” e o cinema brasileiro no exterior
Em 2013, o campo-belense já havia colocado seu nome no cenário internacional do cinema, com seu primeiro o curta-metragem “Pais e filhos”, que estreou no Festival de Cannes. O filme é em inglês, produzido em Los Angeles, mas é baseado na canção homônima de Renato Russo, da banda Legião Urbana e carrega consigo um todo um jeito brasileiro de fazer cinema.
Robô utilizado nas filmagens de Milvio é uma inovação tecnológica real (Foto: Divulgação)Robô utilizado nas filmagens de Milvio Foto:
Divulgação)


Agora, a exibição será no LABRFF. “É muito gratificante exibir o filme num festival como esse, que dá visibilidade à linguagem do cinema brasileiro”, afirma Corrêa. Segundo ele, os norte-americanos costumam resistir aos filmes produzidos em outras partes do mundo, mas mostra otimismo em relação ao LABRFF para que esse espaço seja aberto. “As produções brasileiras estão alcançando um nível técnico excelente e nós temos um jeito próprio de fazer cinema. Não temos medo de arriscar, temos uma forma diferente de contar histórias”.

Milvio é um filme independente, que opta pelo olhar da vantagem tecnológica que o menino adquire a partir da sua deficiência imunológica. Assim a narrativa não fica limitada às dificuldades do garoto. “Eu tento entrar na vida do menino, o jogo com as câmeras do robô, que são a própria visão do menino, sabe? Não é algo usual na linguagem norte-americana, por exemplo”.

Aos poucos, esse jeito brasileiro de fazer cinema, que Thales tanto valoriza,vai ganhando cada vez mais espaço na indústria do cinema norte-americano. O festival acontece entre os dias 17 e 20 de setembro, no teatro da Los Angeles Film School em Hollywood.

Fonte: G1 Sul de Minas/EPTV