Com 1,2 milhão de leitores na net, jovem escritora luta contra gordofobia

Aos 25 anos, Thati Machado utiliza plataforma digital Wattpad para publicar.
História com tom autobiográfico tem protagonista gorda e viajante.


Com mais de 1 milhão de leitores na internet, por meio da plataforma digital Wattpad, a escritora carioca Thati Machado, de 25 anos, é um fenômeno entre os jovens leitores com a história do livro digital que já está indo para o segundo volume, o ‘Poder Extra G’, onde milita, por meio da literatura, contra a gordofobia e o preconceito. Esta foi a história que ela contou durante o Festival Literário de Poços de Caldas (MG), o Flipoços.

Há dois anos, ela fez um pé-de-meia como professora de espanhol, atriz e designer gráfico para investir na carreira literária. E deu certo. Embora não sem esforço, ela percorre eventos Brasil afora com dois romances já impressos, e recebe fãs e perguntas sobre o livro que é um fenômeno na internet, mas ainda não encontrou uma editora.

“O bom de postar na plataforma digital é que fidelizo os leitores, mas, depois eles não compram os livros físicos e a postagem nas redes ainda não dão retorno financeiro, não rentabilizam, mas são plataformas justas”, contou Thati.

Por isso, ela entendeu como funciona a plataforma digital e aposta nele, postando textos sempre, fidelizando os leitores, que a acompanham como se fosse uma novela. A novidade, pra além do livro com 1,2 milhão de leitores, ela aposta na nova obra “Singular”, que tem o primeiro personagem transexual já criado no Wattpad e embora ainda esteja sendo postada, já teve 200 mil leitores.

Desta forma, sem capital para produzir estes livros impressos, a melhor maneira para atingir um grande número de leitores, sem qualquer custo, é utilizar a internet. “Já recebi convites de pequenas e médias editoras para publicar minhas histórias. Mas nada que valesse a pena. Tanto em termos financeiros quanto de captação de leitores”, revelou ela. “Enquanto não consigo algo melhor, continuarei na internet, que é um terreno seguro nas minhas atuais condições”.
 Por meio de plataforma digital, escritora publica sobre gordofobia (Foto: arquivo pessoal)Por meio de plataforma digital, escritora publica sobre gordofobia (Foto: arquivo pessoal)


Luta contra gordofobia por meio da literatura
Portadora do sistema imunológico autoimune, ela luta contra as doenças que podem afetá-la caso coma algo que possa infectá-la, e mesmo assim, tem sobrepeso, o que a faz militar, por meio da literatura, e de um canal no Youtube, contra o preconceito sofrido por pessoas gordas.

“Quando eu fiquei doente e descobri a síndrome autoimune, eu quase não comia, fiquei de cama, em toda minha vida eu fiz 10 cirurgias, e as pessoas me diziam: que bom, agora você fica magra. E eu respondia: queria estar saudável, mesmo gorda. Então, me aceitei por ser gorda e sou bem feliz agora”, disse.

Por esta e outras experiências, Thati Machado resolveu criar a protagonista Nina do livro ‘Poder Extra G’, que possui atitude e amor próprio, capaz de romper com o relacionamento abusivo, empoderar-se, deixar a vida em São Paulo (SP) e mudar-se para Buenos Aires, onde recomeça a vida, ganha alguns quilos extras e sente-se muito feliz.

Já no segundo livro, por exemplo, quem ganha destaque é uma personagem secundária do primeiro livro: Noah, um transexual argentino, irmão do cara por quem Nina se apaixonou durante viagem a Buenos Aires.

“É fundamental escrever sobre estes temas, porque gosto de trabalhar a representação. Muita gente não se vê retratada na literatura já existente e vejo que tenho o poder de fazer isso. No livro ‘Poder Extra G’ tem muito de mim e da minha vivência como mulher gorda. O retorno que vem disso é de pessoas que se identificam e se auto reconhecem na personagem”, contou a autora.

Questionada sobre o método de trabalho é sempre o mesmo: Thati escreve cerca de seis páginas de história em uma semana e na seguinte, coloca o texto na internet. Como é uma obra publicada em partes, como se fosse uma novela, há muitos palpites e sugestões por partes dos leitores. “Leio tudo com atenção, mas raramente mudo alguma coisa, pois se eu cedo, perco o controle da história. E não é essa a ideia”, revela a escritora, que diz receber muito mais críticas construtivas do que opiniões vazias. “O mais legal de tudo isso é que as pessoas se identificam com as personagens e descobrem que podem ser felizes, mesmo não sendo exatamente modelos”.

Serviço – Para conhecer mais sobre a autora, visite o Wattpad da autora.


Fonte: G1 Sul de Minas/EPTV