Estabelecimento de 30m² foca em boa música e cultura em Poços, MG.
Em um espaço de apenas 30 m², o empresário Felipe Vieira Martins Cobra, de 33 anos, serve entre 120 e 180 lanches feitos com hambúrgueres caseiros por noite em Poços de Caldas (MG) e tem a expectativa de ter o estoque esgotado também no sábado (28), quando é celebrado o Dia do Hambúrguer. Ele montou a hamburgueria após ir à falência com um restaurante de grelhados em pouco menos de 1 ano.
Com um investimento de R$ 35 mil no negócio aberto em agosto de 2014, o chefe Felipe engrossa as estatísticas de faturamento de redes e empresas de fast-food no país, que cresceu pelo menos 6% em 2015 e representa 50% da fatia de mercado do segmento, segundo a Consultoria Especializada em Food Service (ECD). Ele é parte do ‘boom’ das hamburguerias na cidade. Atualmente, Poços de Caldas têm sete hamburguerias, com diferentes estilos e conceitos e que oferecem lanches artesanais, caseiros, até os mais elaborados.
Em 6 meses, o chefe recuperou o investimento inicial da hamburgueria e em menos de dois anos, triplicou o número de hamburgueres servidos diariamente, passando de 60 para 180. Ele tem duas funcionárias e todos trabalham 7 horas diárias para movimentar o negócio. Ao todo são oferecidas nove variedades de lanches e os que mais saem são os clássicos: x-burguer, x-bacon e x-egg. A receita é própria do chefe, que não cursou gastronomia, mas alia a experiência de trabalho com carnes por quase uma década, aos estudos e pesquisas em hamburguerias mundo afora. A produção é limitada.
“Tentamos algo bem conceitual, mas com quantidade limitada e o foco mesmo na carne. Nosso diferencial é o hambúrguer caseiro, artesanal, que começamos a fazer, todos os dias, ainda à tarde, para começarmos a servir às 19h. Temos um estoque compacto e limitado, assim como nosso espaço. O cliente que vem aqui vem pelo atendimento e ela confiança no nosso produto. É tudo feito com muito cuidado, com muito carinho e um lanche demora entre 40 minutos e 1h30 para ficar pronto, então tem que valer a pena. A escassez acaba gerando a maior procura”, comentou.
Os insumos utilizados para fazer os lanches são sempre frescos, segundo o chefe. A carne é moída na hora e dentro da hamburgueria. O queijo mineiro é comprado de um produtor regional e os demais componentes também são comprados no dia. Uma das decisões do chefe é não ter perda de produtos e por isso opta por comprar, diariamente, a quantia necessária para o uso. Os pães também são caseiros e entregues pouco tempo antes dos lanches serem preparados.
Chefe aposta em insumos frescos e caseiros para hamburgueres (Foto: Jéssica Balbino/G1)
Atraídos pelo aconchego e pela boa música
Quem passa pela rua, como o vendedor Marco Antônio Magalhães, é atraído para dentro da hamburgueria por diferentes fatores, entre eles, o ambiente temático, com música, bancos ao redor do balcão e o cheiro. “Eu passo sempre por aqui quando estou trabalhando e hoje eu pensei: é o dia para comer um lanche. Eu ouvi a música e ela também me atraiu, eu amo blues e esse cheirinho daqui também está chegando lá na rua. Entrei e já gostei, é um lugar que traz intimidade”, contou.
Diferente dele, o advogado Hudson Caminha é cliente da hamburgueria desde que ela foi inaugurada. Pelo menos uma vez por semana ele vai ao local. Sentado sempre junto ao balcão, ele faz amizades e leva amigos também para conhecer o espaço e provar o lanche.Nesta semana, apresentou o hambúrguer com queijo feito na região para Andreson Ramos, que vive na Bolívia.
“Eu sou um grande fã de hamburguerias, já fui em várias no Brasil e também fora dele, aqui eu sempre como o X-Bacon, porque sou um apaixonado. O que me atrai é o ambiente, a proposta de mesclar boa música com a comida e a cerveja, sem usar o conceito dos fast-foods tradicionais”, disse.
Ponto para o criador da hamburgueria, que também revela pensar em quais músicas vão compor a trilha sonora do local. “É meio louco, mas eu escolho as músicas de acordo com aquelas que me fazem bem, que me despertam o desejo de trabalhar mais alegre, mais feliz e percebo que isso também agrada os clientes”, comentou.
Já para o amigo dele, que é barista em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, experimentar o hambúrguer mineiro foi uma boa experiência. “Por lá quase não existem hamburguerias e como estou por aqui passeando, gostei bastante da hospitalidade que é oferecida, do jeito despojado, da cerveja e principalmente do lanche, que tem uma carne muito saborosa”, destacou Andreson.
No entanto, a hamburgueria de Felipe não é a única da cidade a oferecer boa música. Em outros estabelecimentos é possível encontrar prateleiras com livros para leitura no local, além de seleções musicais que agradam ao público tanto quanto o sabor dos hambúrgueres. Em alguns espaços acontecem, por exemplo, reuniões de aniversários e pequenas comemorações.
“Antes eu sempre saia para barzinhos e para comer e agora eu criei o hábito de ir a hamburguerias. São ambientes aconchegantes, a música é muito boa, com rock ´n roll, jazz, blues, as cervejas vendidas são saborosas, as pessoas que frequentam tem bom papo, são sempre ambientes familiares e calorosos. É uma experiência diferente e eu estou adorando que o mercado está em expansão e novas hamburguerias são abertas na cidade”, contou a estudante Laís Mendonça.
A origem do hambúrguer e dicas do chefe
Com a filosofia de que não basta comer bem, é preciso harmonizar o sabor com a boa música e a cultura, o chefe Felipe faz questão de dar dicas sobre o preparo, o melhor tipo de carne para fazer o hambúrguer caseiro e também sobre a origem do hambúrguer. Não é difícil encontrá-lo durante o preparo, conversando com os clientes e contando algumas curiosidades e dando receitas.
“Eu gosto de explicar, de dizer como é que se faz e de dar dicas. Por exemplo, ao contrário do que muita gente pensa, o hambúrguer não surgiu nos Estados Unidos, o que os norte-americanos fizeram foi coloca-lo entre duas fatias de pão, a tradição de moer a carne e fazê-la no formato dos hambúrgueres que temos hoje surgiu na Alemanha, em Hamburgo, daí vem também o nome”, contou.
Ainda de acordo com ele, diferentes tipos de carne influenciam também na coloração do hambúrguer e no preparo. “Carnes com maior irrigação sanguínea tendem a ficar mais vermelhas por dentro mesmo quando estão ‘ao ponto’. Quando se usa fraldinha, picanha e etc, que são carnes com alto teor de irrigação o centro do hambúrguer fica bem rosado mesmo quando se diz ‘ao ponto’”, destacou.
Desta forma, ele segue no mercado, mas sabe que por ter criado um modelo de hamburgueria com quantidade limitada por dia, não conseguirá expandir o negócio. “Eu tenho em mente que é um negócio pequeno e que eu posso até ampliar o faturamento, mas não vou ampliar o lucro e corro o risco de perder na qualidade, porque terei que contratar mais pessoas, comprar mais coisas”, disse.
Contudo, vale lembrar que o último levantamento do setor feito pela ECD mostra que as hamburguerias movimentaram R$ 22 milhões em 2014, o que equivale a 50% do total de faturamento das redes de fast-food.
Desta forma, ele segue no mercado, mas sabe que por ter criado um modelo de hamburgueria com quantidade limitada por dia, não conseguirá expandir o negócio. “Eu tenho em mente que é um negócio pequeno e que eu posso até ampliar o faturamento, mas não vou ampliar o lucro e corro o risco de perder na qualidade, porque terei que contratar mais pessoas, comprar mais coisas”, disse.
Contudo, vale lembrar que o último levantamento do setor feito pela ECD mostra que as hamburguerias movimentaram R$ 22 milhões em 2014, o que equivale a 50% do total de faturamento das redes de fast-food.