O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) registrou em 2015 a venda pelos estabelecimentos especializados de 14,4 milhões de doses de vacina antirrábica, volume 12% maior que o registrado em 2014, quando foram vendidas 12,7 milhões de doses. A vacina é utilizada para imunizar bovinos, equinos, caprinos e suínos, entre outros animais que compõem o plantel pecuário do estado, contra a raiva transmitida pelo ataque do morcego hematófago Desmodus rotundus.
“Esse aumento demonstra que os criadores mineiros estão cada vez mais atentos para a importância de se vacinar os rebanhos, pois os animais atacados geralmente morrem, com prejuízo para os produtores”, argumenta o gerente de Defesa Animal do Instituto, Bruno Rocha Melo. Para informar aos produtores sobre as formas de prevenção e incentivar a vacinação dos animais o IMA promove palestras e seminários e distribui material informativo para os criadores.
Controle
Além do estímulo à vacinação, o Instituto realiza ao longo do ano vistorias em abrigos onde podem haver colônias de morcegos como cavernas e ocos de árvores. Nesses locais é feito o controle populacional desses animais que, após a captura, recebem a aplicação de uma camada de pasta vampiricida. Após receberem a pasta os morcegos são soltos e, retornando às colônias, outros morcegos terão contato com a pasta, que leva esses animais à morte por hemorragia.
O fiscal assistente agropecuário do IMA e coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) em Minas Gerais, Jomar Otávio Zatti Pereira, explica que esse método faz um controle populacional num raio de até um quilômetro do abrigo dos animais.
“Para cada morcego aplicado com a pasta, estima-se que de 10 a 20 venham a morrer”, informa. Em 2015 servidores do IMA em diversas regiões do estado fizeram a captura de 1.667 morcegos hematófagos em 639 abrigos vistoriados.
Jomar Pereira ressalta que é importante que os produtores informem ao IMA sempre que ocorrer a morte de animal com suspeita de raiva. “Os profissionais do Instituto farão a coleta de material encefálico do animal morto para análise laboratorial e, se confirmada a doença, farão uma vistoria preventiva na propriedade”.
No caso do ataque a humanos, a pessoa que teve contato com o morcego ou com animal doente com suspeita de raiva deve procurar um hospital ou posto de saúde para tomar as vacinas curativas contra a raiva.
Colônias
Jomar Pereira explica as regiões de pecuária forte concentram uma população maior de morcegos hematófagos, mas que esses animais estão presentes em todo o território brasileiro. Eles se abrigam em ocos de árvores, porões, grutas, cisternas, cavernas e frestas de rochas, locais com pouca ou nenhuma iluminação. Dependendo da oferta de alimentos, podem ser formadas colônias com até 200 morcegos.
Em 2015 foram registrados 111 casos de morte de bovinos em Minas em função da raiva, número considerado pequeno tendo em vista o rebanho atual estimado em 23,5 milhões de cabeças.
A raiva é uma doença infectocontagiosa causada por vírus que afeta o sistema nervoso central dos animais, inclusive o homem. É considerada uma das zoonoses de grande importância em saúde pública não só por sua evolução drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico.
Desde 1966 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Divisão de Defesa Sanitária Animal, instituiu o PNCRH, executado pelo Departamento de Saúde Animal (DAS). As normas técnicas para o controle da raiva no Brasil constam da Instrução Normativa nº 5 de 1º de março de 2002.
Fonte: Agência Minas