Manifestação histórica contra aumento salarial dos políticos na Câmara de Três Pontas


Os vereadores sentiram que a população não gostou e, desta vez aproveitou as redes sociais para unir e mostrar a indignação contra o Projeto de Lei que aprovou para o próximo mandato, tanto no Legislativo quanto no Executivo um aumento nos subsídios. Nem mesmo em outros momentos até mesmo mais complicados da política trespontana, se viu tanta gente na Câmara reivindicando.

Há exatamente uma semana, desde quando a lei foi votada o protesto foi ganhando força. E o pedido que era para ser apenas pelo não aumento, foi ampliado e vai muito além disso. O desejo agora é reduzir os salários e também o número de cadeiras no Poder Legislativo. Para isto, líderes dos grupos estão recolhendo assinaturas para um abaixo assinado, que deverá ser protocolado na Câmara Municipal nos próximos dias.

O primeiro ato convocado inclusive por propaganda volante, começou por volta das 18h15 minutos, com uma carreata que partiu da Avenida Prefeito Nilson José Vilela até a Câmara de Vereadores. Escoltados pela Polícia Militar, os carros seguiram um carro de som desde a saída para Varginha até a Praça Prefeito Francisco José de Brito.
Lá estava a maior parte dos cidadãos e cidadãs, na porta da Câmara. Por questões de segurança, o trânsito foi fechado pela Polícia Militar. Com cartazes, apito e alguns com nariz de palhaço, o mais hostilizado foi o vereador e presidente Luis Carlos da Silva (PPS), que defendeu abertamente o salário para o próximo mandato.
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Dentro do Plenário Presidente Tancredo Neves, a segurança foi reforçada. Além dos Guardas Civis Municipais (GCM), que sempre acompanham a sessão, a PM esteve presente, dentro e fora do prédio para garantir a tranquilidade e para que o protesto transcorresse de forma pacífica e ordeira. A indignação é que os vencimentos brutos passarão de R$ R$15.934,50 para R$ 17.000,00 ao prefeito, de R$ 8.410,23 para R$ 8.500,00 ao vice, de R$ 5.046,14 para R$ 5.250,00 aos secretários e para os vereadores dos atuais R$ 5.382,54 para R$ 5.450,00. Com a nova lei aprovada, prefeito e vice passam a ter direito ao 13º salário, pago todos os anos em dezembro. Os vereadores já recebem o benefício.

Durante todo o tempo, Luisinho tentou que o público permanecesse em silêncio, mas foi em vão. Desde o Pequeno Expediente, quando poucos vereadores usaram da Tribuna, todos sem exceção foram interrompidos pelos gritos vindos dos manifestantes. Enquanto eles falavam, a carreata chegava e se juntava aos que chegaram mais cedo.
Vereadores que votaram a favor do aumento foram hostilizados
Vereadores que votaram a favor do aumento foram hostilizados


O pronunciamento do vereador José Henrique Portugal (PMDB), foi inicialmente aplaudido, depois ele ouviu também o protesto. Eles concordaram quando pediu providências quanto a poluição sonora provocada pelos carros de som que sempre estão muito alto, incomodando demais as pessoas. Mas foi cortado quando pediu providências da Prefeitura quanto a quantidade de cães que estão pelas ruas, atacando motociclistas e ciclistas.

Ninguém nem ligou ou percebeu a fala do vereador Chico do Bairro Santana (PT). Ele usou o microfone para parabenizar, agradecer e anunciar que a Administração já trabalha na preparação da beatificação do Venerável Padre Victor, que acontece no dia 14 de novembro. Por conta disso, o Aeroporto Municipal que vai receber a estrutura para a cerimônia já está sendo limpo.

Na contramão da atitude adotada pela maioria dos vereadores e se posicionando contrário ferrenho aos novos salários, o vereador Professor Popó foi saudado com fervor. Ele contou que há dois meses fez um abaixo assinado para reduzir o número de vereadores – dos atuais 15 para 10. Depois soube que havia outra proposta de 13 cadeiras para a próxima legislatura, do vereador Sérgio Eugênio Silva (PPS). Pediu então que Sérgio desse sequência ou então desista para que ele então coloque em tramitação na Casa. O vereador Sérgio Eugênio Silva (PPS), liberou o seu projeto e pediu que o Professor Popó protocole a sua intenção em projeto de lei.

Popó esclareceu que a única pessoa que pode vetar o projeto que foi aprovado na sessão do dia 24 de agosto, é o Chefe do Executivo. Por isto, na opinião dele, a cobrança deve ser feita à Administração Municipal. “Se ele [o prefeito] vetar, o Veto volta para a Câmara que pode manter ou derrubá-lo”, detalhou como é o procedimento. Porém, lembrou que a votação é secreta.

O professor fez cálculos, que segundo ele, demonstram que a redução é viável e gera uma economia em torno de R$1,4 milhão. Os valores sugeridos pela população gerariam uma redução de cerca de R$2 milhões. Juntando tudo – redução do salário e do número de vereadores, soma-se R$3.471.000,00. “Este dinheiro poderia ser investido na saúde, no nosso Hospital, em obras e em outras áreas em benefício do povo”, discursou.

A sessão foi rápida e apesar das interrupções durou cerca de 30 minutos. A única ausência foi da vereadora Valéria Evangelista Oliveira (PPS) que está viajando. Bastou encerrar a reunião ordinária para que os gritos aumentassem e se misturassem ao barulho de buzinas e apitos.

A maioria dos manifestantes saiu e continuou o protesto do lado de fora. Vereadores que votaram favoráveis e quiseram sair foram hostilizados. Harmonia apenas com os vereadores Popó, José Henrique, Chico Botrel e Sérgio Silva, que foram contrários ao aumento.

Foram favoráveis Geraldo Messias Cabral, Valéria Evangelista Oliveira, Paulo Vitor da Silva, Joy Alberto de Souza, Edson Vitor Nascimento (Piu), Alessandra Vitar Sudério Penha, Francisco de Paula Vitor Cougo, Vitor Bárbara, Antônio Carlos de Lima (Antônio do Lázaro) e Itamar Antônio Diniz.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 400 pessoas participaram do ato na Câmara. Já para a organização 600 pessoas foram mobilizadas. O protesto transcorreu de forma tranquila e não registro de nenhum problema. O administrador de empresas e gestor ambiental, Leonardo Henrique Miranda Cruz, um dos líderes, diz que este número na internet é muito maior, mas que a adesão foi satisfatória, demonstrando que a população acordou, porém, a luta continua. Eles não vão parar. Na próxima reunião, que foi transferida de segunda-feira, feriado de 07 de setembro, para quinta (10), é certo que vão voltar ao Plenário.

O projeto já chegou no Poder Executivo e o prefeito Paulo Luis Rabello (PPS), tem 15 dias para sancioná-lo ou não.