Capital estrangeiro adquire empresas do Vale da Eletrônica - Sindvel / Divulgação |
"Santa Rita está na mira dos grandes investidores internacionais porque possui empresas de base tecnológica, com produtos interessantes e mercado constituído. E, apesar da crise, têm chances de crescer 500% em três anos se houver investimentos", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto.
Além disso, os negócios de vendas das empresas locais estão sendo fechados com preços baixos, uma vez que alguns empresários do polo temem não conseguir se manter no mercado em tempos de retração na economia. E, pelo que tudo indica, esse é um risco real levando em conta os resultados previstos para o exercício. Para se ter uma ideia, as projeções do Sindvel são de uma queda de 30% no faturamento do polo de Santa Rita do Sapucaí frente aos R$ 3 bilhões registrados em 2014. Nesse contexto, aquelas empresas com pouco capital de giro tendem a sofrer mais.
"Os investidores estrangeiros chegam com propostas irrecusáveis e acabam conseguindo comprar as empresas. Bom mesmo seria se os empresários brasileiros tivessem condições adequadas para continuar com seus negócios. Até porque no polo, por exemplo, estamos falando de empresas que começaram como incubadoras e cresceram. Ou de empresas que começaram com o marido e a mulher à frente dos negócios e ganharam espaço no mercado", lamenta Souza Pinto.
Concorrência desleal
- As condições adequadas citadas por ele são formadas por custo de produção atrativo e um apoio mais forte do governo federal à indústria local. No caso das empresas do Vale da Eletrônica pesa muito forte a falta de uma intervenção mais efetiva que impeça a entrada de produtos eletrônicos ilegalmente no país. Para os empresários do ramo, mais difícil do que vender em um mercado em retração tem sido enfrentar uma concorrência desleal com produtos chineses principalmente. "O governo precisa observar bem o que está acontecendo em nosso mercado e criar uma política industrial forte para estimular a produção local. Esse foi o caminho trilhado por países bem-sucedidos como a China", afirma.
A chegada dos investidores estrangeiros no Vale da Eletrônica tem mudado o perfil do APL, que está deixando de ser um polo com características meramente regionais. Agora as empresas maiores estão se tornando âncoras, seguindo parâmetros de trabalho internacionais. Para Souza Pinto, essa alteração não é totalmente negativa. "Nós trabalhamos em regime de APL. Então o crescimento de empresas âncoras acaba sendo positivo para todas. Até a negociação com os fornecedores é facilitada", explica.
Fonte: Diário do Comércio