Ao todo, 48 pessoas de três cidades foram indiciadas durante investigação.
A Justiça terminou de ouvir na manhã desta de terça-feira (24) cinco réus que teriam participação no esquema de prática ilegal do jogo do bicho em Varginha (MG), Três Pontas (MG) e Elói Mendes (MG), investigados pela Polícia Federal durante a "Operação Jackpot". Foram ouvidos três policiais civis, apontados como responsáveis por dar apoio armado e informações privilegiadas ao grupo e duas mulheres que também participavam do esquema. Segundo o juiz Oilson Hoffman, que cuida do caso, o julgamento deve acontecer dentro de dois meses.
Ao todo, 48 pessoas foram indiciadas na investigação e por isso, as audiências foram desmembradas. Esta foi a terceira vez que a Justiça tentou concluir as audiências da operação, realizada entre novembro 2013 e janeiro de 2014. Nesse período, 37 pessoas tiveram a prisão temporária decretada.
Justiça ouviu envolvidos com a "Operação Jackpot", da Polícia Federal (Foto: Reprodução EPTV)
A operação
O trabalho começou em 2012 na Polícia Civil, mas no ano passado, a Polícia Federal assumiu o caso. Entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, 37 pessoas foram presas durante as operações Jackpot 1 e 2. Outras 11 pessoas também foram indiciadas por suspeita de participação no esquema.
Conforme a Polícia Federal, a quadrilha movimentava cerca de R$ 500 milhões por ano com o jogo de azar e lavagem de dinheiro. Ainda conforme as investigações, a quadrilha atuava há mais de 10 anos em Varginha (MG), Elói Mendes (MG) e Três Pontas (MG).
Para o promotor de Justiça de Combate ao Crime Organizado, Mário Antônio Conceição, o esquema favorecia também algumas empresas “de fachada”, que eram utilizadas para a lavagem do dinheiro obtido com os jogos de azar. “Apenas um dos investigados adquiriu cerca de R$ 27 milhões em três anos. As investigações apontam que eles compravam e vendiam imóveis e a partir destas atividades, traziam de volta o dinheiro para a circulação entre eles, o que configura lavagem de dinheiro”, explicou.
Conforme a PF, a quadrilha tinha uma hierarquia dividida em quatro níveis. No primeiro escalão, ficavam os chamados patrões, os cabeças do esquema, que comandavam três núcleos com atuação nas três cidades. No segundo escalão, ficavam policiais civis e gerentes de apostas. No terceiro escalão, ficavam motoboys que recolhiam as apostas durante toda a semana. Por último, na base da hierarquia, as investigações apontam a participação de pelo menos 50 donos de bancas, entre eles comerciantes, que atuavam nos pontos de venda de apostas do jogo do bicho.
Segundo o juiz Oilson Hoffman, as investigações apontam para os crimes de lavagem de dinheiro, exploração de jogos de azar, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e falsidade ideológica.
O nome da operação é uma referência ao termo utilizado na jogatina - um jackpot significa um prêmio grande, quando o jogador "quebrou" a banca.
Fonte: G1