As investigações duraram sete meses e começaram após um alerta do Cyber Lab e da Homeland Security Investigations (HSI), órgãos do governo dos EUA.
Operação Bergón desarticula grupos extremistas e resulta na apreensão de um jovem de 15 anos, em Itajubá. A operação está em andamento nesta quinta-feira (16/12). Três pessoas foram presas até o momento em SP e RJ. O Grupo de Atuação Especializado no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do RJ atua com Polícia Civil (RJ) e tem o apoio da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI).
A ação visa desarticular grupos criminosos que incentivam o ódio na internet e fazem apologia ao nazismo e racismo. A ação acontece com parceria com polícias civis dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Com 31 mandados de busca e apreensão emitidos em sete estados, ela visa cumprir quatro mandados de prisão temporária.
Denirval Campos da Cruz, delegado regional de Itajubá, explica que a instituição participou da operação. No Sul de Minas, um rapaz de 15 anos foi apreendido no bairro Jarrinha e outras pessoas envolvidas são investigadas no município. Segundo Cruz, foi confirmada participação do jovem e apreendido material que será enviado para a coordenação da investigação.
O adolescente foi ouvido juntamente com a representante legal. Ele foi liberado. Os materiais apreendidos são canivetes e facas, um netbook, dois cadernos com anotações de incitação ao nazismo, antissemitismo e racismo.
A Operação Bergón busca “identificar alvos em todo o Brasil, tanto que a operação foi coordenada pelo Ministério da Justiça, que estivesse fomentando o antissemitismo e algumas práticas violentas”. Três pessoas foram presas em Campo dos Goytacazes e Valença (RJ) e em Suzano (SP), até o fechamento desta reportagem. A Delegacia da Criança e Adolescente Vítima também atua na operação e há investigação de corrupção de menores. Adolescentes estão entre investigados.
A descoberta de grupos extremistas
Quebras de sigilos de dados e telefônicos autorizados pela justiça permitiram identificar envolvidos. A investigação apontou que eles se autodeclaram nazistas e ultranacionalistas e se associam para praticar e incitar crimes.
A Bergón combate associações de quem pratica, divulga e instiga atos de discriminação e preconceito de raça, cor, etnia e procedência nacional, aponta o MPRJ. Os investigados, alguns adolescentes, publicam em redes sociais e em aplicativos de mensagens diversas fotografias, imagens e textos de cunho racista, homofóbico, antissemita ou nazista. De acordo com o MPRJ, eles falam abertamente sobre a prática de violência contra essas populações.
Um alerta do Cyber Lab e da Homeland Security Investigations (HSI), instituições americanas de investigação cibernética foi emitido para o Brasil. As investigações estão em andamento há sete meses. Em maio, foi realizada a prisão de José Raphael Zéfiro e apreendidos computador, telefone e videogames. O material comprovou que ele integrava grupos de WhatsApp de pessoas autodeclaradas nazistas, nacional-socialistas e ultranacionalistas.
Inspiração em freira que salvou crianças
A freira francesa Denise Bergon é a inspiração para o nome da operação. Durante a Segunda Guerra Mundial ela desafiou nazistas quando abrigou e salvou dezenas de crianças judias entre alunos católicos, em seu convento.
Fonte: Terra do Mandu