Auto de Prisão em Flagrante do sargento, que está há quase 30 anos na Polícia Militar, foi encaminhado para a Justiça Militar.
O Policial Militar que disparou um tiro de arma de fogo e acabou matando um rapaz durante uma ocorrência em Caxambu (MG) na noite de segunda-feira (29), está em liberdade e exercendo suas atividades normais. O homem morto estava mantendo a ex-esposa, de 19 anos, e o filho do casal, de 1 ano e 8 meses, em cárcere privado. Ele ainda entrou em luta corporal com o militar e tentou arrancar a arma de fogo dele, quando acabou atingido pelo tiro.
Segundo o Tenente Coronel da PM, Célio César dos Santos, o suspeito demonstrava que se tivesse condição de arrebatar a arma do policial, ele não se esquivaria de efetuar o disparo. O policial que fez o disparo está há quase 30 anos na corporação.
“Considerando que vislumbre-se a legítima defesa na sua ação, ele não foi encarcerado. Foi feito o procedimento apuratório preliminar, que é o Auto de Prisão em Flagrante, reconhecida essa legítima defesa, esses autos foram encaminhados para a Justiça Militar e ele está em liberdade e inclusive exercendo suas atividades normalmente”, informou o tenente coronel em entrevista a EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo.
“Ele será submetido ao acompanhamento de uma comissão de letalidade, composta por psicólogos, médicos e outros militares, justamente para acompanhá-lo para dar toda assistência necessária a ele e a sua família e também verificar até as condições que tem pra ele continuar prestando serviços à sociedade”, completou o PM.
O caso
Elton Felipe de Oliveira da Silva, de 27 anos, foi morto a tiros por um policial militar em Caxambu, na noite de segunda-feira (29), após agredir o PM durante uma ocorrência. Ele estava mantendo a ex-mulher e o filho em cárcere privado, inclusive descumprindo medida protetiva.
Durante a ocorrência na casa do suspeito, um dos policiais foi agredido e precisou atirar contra o rapaz. O Samu foi acionado de imediato e o autor foi socorrido, entretanto não resistiu ao ferimento e morreu já no hospital.
Já mulher apresentava ferimentos na boca, provenientes de socos efetuados pelo homem; ela foi socorrida ao Pronto Socorro local, juntamente com o filho, e liberada em seguida.
Versão da mulher
A ex-esposa do suspeito, Hecheley Moreira, que ficou mantida em cárcere privado, contou que ele teria ido até a casa dela por volta das 10h de segunda-feira (29), e a levado a força, juntamente com a criança, para a casa dos pais, onde ele morava.
Ela foi acompanhando o suspeito no trajeto e acabou agredida várias vezes. Na casa dos pais do rapaz, Hecheley acabou sendo trancada no quarto e agredida mais uma vez.
Ação da PM
A família de Hecheley foi quem desconfiou da ação e chamou a policia, que foi até a casa do suspeito. Na primeira abordagem, o homem negou que ela estivesse lá.
Em seguida, enquanto se deslocava para a casa da mãe da mulher, a polícia recebeu a informação que o homem estaria agredindo a vítima na casa dele e que ela gritava por socorro. Ao retornar para a casa do suspeito, um dos policiais foi agredido e atirou contra o rapaz.
“Na primeira vez ele já estava bastante nervoso quanto a abordagem policial. Quando eles retornaram na segunda vez já, na certeza que a mulher realmente estava no poder dele, ele já estava mais agressivo ainda. Mas como os policiais já sabiam que as vítimas estavam sob o cárcere privado, eles já adentraram a residência. Antes dele adentrar, já na sacada da antessala da casa, o Elton já atracou com o policial, entrando em luta corporal, tentando impedir a ação dos policiais”, contou o tenente coronel Célio César dos Santos.
“Em dado momento, o pai do Elton aparece na cena e tenta tirar ele dos braços do policia naquela situação. Nisso, o Elton tenta arrebatar a arma do policial, que consegue se desvencilhar e é a hora que acontece o disparo”, completou o PM.
“A intenção dele quando atracou com o policial militar, todo momento ele tentava alcançar a arma do policial, que se defendia. Quando o Elton largou do policial naquele momento, o policial teve o movimento necessário para fazer o saque e logo em seguida o disparo”, disse o tenente coronel.
O pai do rapaz morto, entretanto, contentou a versão da polícia, afirmando que não teve luta corporal. O tenente coronel, por sua vez, reafirmou que a versão do pai é incondizente com o que ele disse no dia do crime, quando prestou depoimento.
“Essa versão dele é incondizente inclusive com o que ele prestou no dia dos fatos. No alto da prisão em flagrante ele confirmou que houve a agressão, confirmou toda essa versão que a polícia militar apurou”, enfatizou.
“A Polícia Militar treina seus militares para a oportunidade e conveniência de se efetuar o disparo de arma de fogo. E a gente tem que estar ali, respaldado, principalmente, pela legítima defesa, seja do militar, seja de outra pessoa. Ali a gente tinha três integridades físicas, três vidas em risco, que seria do policial militar, que entrou em luta com o suspeito, e da mulher e da criança, que estavam sob cárcere privado”, encerrou o tenente.
Fonte: G1 Sul de Minas