Thaís Lopes precisou ser intubada enquanto a filha recebia alta e só foi conhecer a criança quase três semanas depois.
Uma mãe de Extrema (MG) só conseguiu segurar a filha recém-nascida nos braços 17 dias após dar à luz por conta da Covid-19. A cesária já estava marcada, mas tudo mudou. O sonho acabou dando lugar a um pesadelo.
"A Thaís ela deu entrada no Hospital São Lucas com um desconforto respiratório. No primeiro atendimento que eu avaliei ela, eu percebi que ela estava com sintomas sugestivos de Covid. Solicitei a internação dela, fiz alguns exames complementares, entre eles a tomografia, que diagnosticou que ela tinha mais de 40% de acometimento do pulmão", contou o ginecologista obstetra, Oliver Souza Rosa.
"Nós fizemos uma junta médica entre os médicos intensivistas da UTI e a equipe da ginecologia e foi indicada a resolução imediata do parto", explicou o diretor do hospital, Fabrício Bergamin.
Antonela nasceu com 3,4 kg, mas enquanto ela recebia alta, a mãe Thais era entubada com Covid.
"Ela foi encaminhada para um setor separado, uma ala destinada ao tratamento intensivo da Covid. E lá com alguns exames gasométricos, percebemos que ela precisava ser intubada, com melhor suporte ventilatório", disse o médico cardiologista Gustavo Olivotti.
Do lado de fora do hospital, o pai Guilherme vivia uma grande angústia. Ele também foi infectado e não poderia chegar perto da filha.
"Foi um choque pra mim, por ela estar aqui, eu estar em casa, nao sabia muito o que estava acontecendo, foi muito difícil para mim esses dias", disse o marido de Thaís, o líder de logística Guilherme Alberto dos Santos.
"Quando chegou o momento da intubação dela foi um momento de desespero. E a Antonela já teve alta do hospital. E nesse momento, a avó dela, que é a mãe da Thaís, que é uma super vó, também testou positivo para a Covid, o pai da Antonela testou positivo, o avô testou positivo e a família foi testando positivo e aí eu decidi a renunciar a tudo, renunciei o meu trabalho, renunciei tudo, porque eu entendi que naquele momento a Antonela era a nossa prioridade", contou a irmã de Thaís, Cristina Lopes.
O primeiro contato com a Antonela foi pelo celular. Foi difícil, mas comemorado. Mas falar por vídeo ainda era pouco. E finalmente chegou o dia tão aguardado. A alta foi muito comemorada, com direito a buque de flores.
"Foi um recomeço. Pra mim foi como se eu entrei aqui com uma história e hoje eu to saindo aqui para escrever uma nova história. Sentir o cheiro dela, porque eu não peguei ela no colo, eu não sei como ela é, eu não cheguei a ver o rostinho dela, a não ser por foto. Eu quero chegar e ter esse contato de mãe e filha porque a gente não teve ainda", disse ao sair do hospital a mãe, Thaís Lopes, que é coordenadora de RH.
Foram 17 dias internada sem sentir a presença da filha Antonela, uma espera que terminou para um encontro aguardado há quase nove meses.
Na hora do encontro, finalmente mãe e filha juntos. E depois do cheiro, a mãe foi conferindo tudo, mãos, pés, rosto.
"Ela é linda. Eu venci, com certeza, eu venci"
Fonte: G1 Sul de Minas