Comerciantes contra flexibilização mantêm portas fechadas em São Tomé das Letras

 Cidade é uma das únicas seis do país sem nenhum caso de Covid-19. Pontos turísticos também seguem fechados por decreto municipal.



A liminar da Justiça que permitiu a reabertura de São Tomé das Letras (MG) aos turistas ainda trouxe pouco movimento no fim de semana. A cidade é uma das únicas do país sem nenhum caso de Covid-19. Além dos pontos turísticos fechados por decreto da prefeitura, os poucos turistas encontram algumas pousadas, hotéis e comércios sem funcionar.

Pousadas e hotéis foram autorizados a abrir pela liminar, mas com redução da capacidade. Já bares, restaurantes, lanchonetes têm autorização pra trabalhar apenas no sistema de entrega. No entanto, nem todos os comerciantes concordam com a reabertura e alguns decidiram manter seus pontos fechados.

A família de Benvinda Martonell Iborra tem três restaurantes em São Tomé das Letras e todos permanecem fechados. “Nós somos mais de 180 comércios que voluntariamente fizeram a adesão pela não abertura. Nós fomos forçados pela decisão judicial a abrir, mas não estamos preparados. Estamos há sete meses sem mortes e a gente quer continuar. Esse direito tem que ter garantia pra gente. Estamos em uma sociedade democrática e a maioria não quer”, explicou a comerciante.

Muitos preferem aguardar um momento de maior preparação para receber novamente os turistas. “A gente está fazendo os cursos preparatórios, onde estão pedindo algumas alterações, pra gente poder receber com segurança. Eu acredito que mais uns 20, 30 dias, a gente já deve estar começando a funcionar. Só assim para abrir”, explicou o dono de uma pousada, Paulo Francisco de Oliveira.
Alguns comerciantes pretendem estender ainda mais o período fechado, pelo menos, até o fim do ano. “Nós não temos hospital na cidade. Nós temos acho que duas ambulâncias. Então a nossa situação de Saúde não nos permite isso. Eu não me sinto segura para abrir no réveillon. E acredito que muita gente não vai se sentir segura”, reafirmou Benvinda.

A pirâmide, um dos pontos turísticos mais disputados em tempos comuns, ficou vazia com a decisão da prefeitura de manter os locais fechados. Um grupo de turistas que esteve na cidade já sabia que o passeio seria limitado.

“A gente vai matar a saudade só da pracinha mesmo e retornar amanhã para a cidade. E ficar aguardando tudo voltar ao normal pra que a gente volte e possa visitar esses locais marcantes”, contou a técnica da segurança do trabalho Yngrid Priscila Barbosa Resende, turista de Congonhas, na região central de Minas Gerais.

O município fechou os acessos ainda no começo da pandemia. Foram quase sete meses com visitas proibidas, até o último dia 6, quando empresários da cidade conseguiram uma liminar na Justiça determinando a reabertura.

Quatro dias depois, a liminar foi suspensa. Mas na última quinta-feira, voltou a valer. Foi quando a prefeitura publicou um novo decreto autorizando a reabertura, mas com uma série de regras. Entre elas, o fechamento dos pontos turísticos e autorização de entrada apenas para visitantes com reserva e que tenham informado o município com pelo menos 48 horas de antecedência.




Fonte: G1 Sul de Minas