Cinco cidades mineiras concentram hoje cerca de um terço dos casos de coronavírus existentes no Estado. São alguns dos maiores municípios de Minas Gerais que em função do aumento na quantidade de moradores infectados encontram problemas para lidar com a pandemia.
Entre as adversidades mais frequentes, que também se repetem em outras cidades do país, estão a dificuldade para encontrar no mercado os medicamentos necessários à intubação de pacientes com Covid-19, além das elevadas taxas de ocupação dos leitos públicos de UTI e de enfermaria da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados para tratamento da doença.
Estes municípios estão espalhados por cinco diferentes regiões de Minas Gerais: Central, Rio Doce, Vale do Aço, Zona da Mata e Triângulo Mineiro. Alguns deles, como Belo Horizonte e Ipatinga, são referência em suas regiões e recebem muitas vezes pacientes de outros municípios para hospitalização na rede.
A seguir, conheça quais são as cinco cidades que concentram mais de 1.000 casos de coronavírus no Estado. Além delas, há ainda Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Muriaé, na Zona da Mata, que beiram os 1.000 casos.
Os dados aqui contidos referem-se aos boletins dos próprios municípios que, muitas vezes, foram atualizados apenas na sexta-feira (3). As estatísticas estaduais publicadas neste domingo (5) aparecem destacadas.
Belo Horizonte
Atualizado pela última vez na sexta-feira (3), o balanço epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte indica que a capital mineira concentra 7.561 moradores infectados com a Covid-19, sendo que 2.458 deles ainda estão sob acompanhamento – são aqueles que não se recuperaram completamente da doença.
O relatório também aponta que 169 mortes causadas pelo coronavírus aconteceram na cidade, estando elas principalmente concentradas nas regiões Nordeste (27), Venda Nova (24), Noroeste (20) e Centro-Sul (20). Segundo o documento, a doença ataca principalmente moradores com idades entre 20 e 59 anos em Belo Horizonte, tendo menor incidência entre pacientes menores de um ano ou com idades acima de 80.
Diante do aumento considerável de casos em Belo Horizonte desde o início de junho – uma média de 181 novos por dia no último mês –, a prefeitura decidiu suspender completamente o processo de reabertura do comércio na capital. Desde segunda-feira passada (29), apenas estabelecimentos que prestam serviços essenciais estão autorizados a abrir as portas.
A medida é uma resposta ao crescimento das taxas de ocupação dos leitos de UTI e enfermaria da rede pública municipal de BH. Balanço de quinta-feira (2) da Saúde aponta que 87% dos leitos de UTI destinados a tratamento de pacientes infectados com a covid-19 estão ocupados. A taxa é de 67% se considerados os leitos de enfermaria.
Balanço da Secretaria de Estado de Saúde: 7.714 casos em Belo Horizonte e 176 mortes.
Governador Valadares
Não há mais leitos particulares de UTI em Governador Valadares para pacientes com Covid-19. A informação está contida no boletim epidemiológico do município do Rio Doce publicado na noite desse sábado (4). De acordo com o relatório, a taxa de ocupação dos leitos públicos municipais é consideravelmente menor que a da rede privada, uma vez que cerca de 60,4% dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) estão ocupados na cidade.
O município concentra cerca de 1.550 casos confirmados de Covid-19 até o momento, sendo que outros 582 ainda estão em processo de investigação e podem receber diagnóstico positivo nos próximos dias. Dos pacientes confirmados, 65 estão internados em leitos de UTI e alas de enfermaria. Entre os suspeitos, 39 estão hospitalizados. Sessenta e duas mortes foram confirmadas por testes na cidade até o momento, segundo balanço do município.
Na sexta-feira (3), a prefeitura anunciou um decreto que determinou o fechamento de todo o comércio não-essencial neste fim de semana e no próximo – dias 11 e 12. Os estabelecimentos não autorizados a abrir as portas nestas datas podem apenas prestar serviços através de entrega a domicílio, retirada de produto e sistema de drive-thru.
Entretanto, durante a semana as medidas são menos rígidas e o comércio em geral, além de bares, restaurantes e lanchonetes, pode funcionar normalmente respeitando uma escala obrigatória de abertura e fechamento que, segundo o município, tem como objetivo evitar aglomerações no transporte público.
Bares e restaurantes podem receber público em seus espaços desde que seja respeitado o distanciamento mínimo de dois metros entre meses ou pessoas. Através de nota no site, a prefeitura de Governador Valadares declarou que as novas determinações são fruto das dificuldades encontradas pelas redes de saúde pública e privada no combate à pandemia de Covid-19. Entre as principais complicações estão a falta de recursos humanos para atendimento hospitalar e impasses para aquisição de medicamentos.
Balanço da Secretaria de Estado de Saúde: 1.457 casos em Governador Valadares e 46 mortes.
Ipatinga
Trinta dias bastaram para que o número de diagnósticos positivos de Covid-19 em Ipatinga, no Vale do Aço, pulasse de 370 para 2.772 segundo relatório da própria prefeitura publicado nesse sábado (4).
Significa que em apenas um mês a cidade confirmou 2.402 casos da doença, uma média de 80 moradores diagnosticados por dia com o coronavírus. A doença ataca principalmente pessoas entre 31 e 40 anos na cidade, sendo que dos atualmente infectados, 96 estão hospitalizados. Até o momento, a cidade confirmou 49 óbitos ocorridos em função da Covid-19.
A situação no município é preocupante dadas as altas taxas de ocupação dos leitos de UTI e enfermaria dos hospitais Municipal Eliane Martins e Márcio Cunha, únicos de Ipatinga onde há leitos públicos da rede SUS destinados a tratamento de infectados com a Covid-19.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 91% – na prática, representa que apenas três leitos estão disponíveis na cidade. Em relação à enfermaria, a ocupação das alas está em 85% – são apenas 11 leitos disponíveis, todos eles no Eliane Martins.
Os índices também são altos se considerados os leitos para pacientes com outras enfermidades, 97% dos leitos de UTI da cidade que não são para Covid-19 estão ocupados. Ainda nessa semana, a prefeitura de Ipatinga declarou ter recebido oito respiradores enviados pelo Estado de Minas Gerais. Outros dez já tinham sido comprados pelo município.
Seguindo protocolo, médicos das unidades básicas de Ipatinga estão autorizados a prescrever Hidroxicloroquina e Azitromicina para tratamento de pacientes, mesmo sem confirmação de coronavírus. De acordo com o executivo, os medicamentos serão fornecidos diretamente pela rede pública.
Atualmente, o comércio na cidade pode funcionar em três dias da semana com horários restritos e nos demais, os serviços podem ser cumpridos apenas em esquema de delivery. As feiras livres também estão acontecendo na cidade.
Balanço da Secretaria de Estado de Saúde: 2.549 casos em Governador Valadares e 48 mortes.
Juiz de Fora
A Prefeitura de Juiz de Fora atualizou pela última vez o balanço epidemiológico na sexta-feira (3). A cidade da Zona da Mata concentra 2.203 casos confirmados de coronavírus até o momento, sendo que outros 8.500 são considerados suspeitos. O município registrou até o momento 63 mortes causadas pela doença.
Seis delas aconteceram apenas entre quinta-feira e sexta. Os pacientes eram quatro homens e duas mulheres com idades entre 65 e 88 anos. O único deles sem comorbidades era o homem de 65. Os demais eram acometidos por hipertensão, diabetes, doença neurológica crônica, doença cardiovascular e diabetes.
Juiz de Fora não atualiza diariamente o número de leitos ocupados. A prefeitura aderiu ao programa Minas Consciente do Estado que orienta municípios para a retomada econômica e atualmente está na onda verde, que permite apenas a abertura de estabelecimentos que prestam serviços essenciais. De acordo com o município, mais de 19 comércios foram interditados desde o início da pandemia por descumprirem a determinação de fechamento.
Missas e celebrações religiosas estão proibidas de acontecer na cidade por determinação recente do Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19. Uma das preocupações da gestão é o aumento na taxa de incidência do coronavírus na macrorregião que, hoje, está em 48,9 para cada cem mil habitantes.
Outro problema apontado é também a dificuldade para compra de medicamentos necessários à sedação de pacientes que precisam ser entubados.
Balanço da Secretaria de Estado de Saúde: 2.710 casos em Governador Valadares e 58 mortes.
Uberlândia
A comparação de dados municipais indica que Uberlândia é a cidade de Minas Gerais com o maior número de casos de coronavírus até o momento. Balanço de sexta-feira (3) apontou para a existência de 7.570 casos confirmados – o número subiu para 7.775 no sábado (4), atrelado a 137 óbitos confirmados até o momento.
O indicador de ocupação dos leitos de UTI na rede pública municipal alerta para um possível colapso da saúde na cidade do Triângulo Mineiro – atualmente, apenas dois leitos estão disponíveis em Uberlândia. Em caráter emergencial, a prefeitura precisou abrir leitos extras no hospital municipal.
Com o aumento alarmante do número de casos, o Comitê Municipal de Enfrentamento a Covid-19 decidiu determinar novas medidas para funcionamento do comércio que começam a valer nesta segunda-feira (6). Até então, estabelecimentos comerciais podiam abrir as portas seguindo algumas restrições de horários.
Entretanto, a partir da data, apenas serviços essenciais poderão funcionar sem restrições – estão inclusos na lista lojas de materiais de limpeza, setores da construção civil e pet shops. Academias, lojas de roupas, boates, salões e outros estabelecimentos considerados não essenciais estão proibidos de funcionar nos próximos dias.
Balanço da Secretaria de Estado de Saúde: 7.460 casos em Governador Valadares e 110 mortes.
Fonte: O Tempo