Gilberto Loiola com a filha Carina Loiola. — Foto: Arquivo pessoal |
Gilberto Loiola tinha 74 anos, era morador de Poços de Caldas, no Sul de Minas e morreu com coronavírus no dia 13 de abril, mas a morte só foi confirmada pela Secretária Estadual de Saúde (SES) após 26 dias. A família afirma que na certidão de óbito ainda consta insuficiência respiratória grave como causa da morte.
O senhor Gilberto gostava de viajar e sua última viagem foi um cruzeiro até o Caribe, com a sua esposa e com os sogros da filha Carina Loiola, no começo março. Naquela época, a família acreditava que a doença estava longe, como afirma a filha dele, que, além do pai, também perdeu o sogro com a Covid-19.
"Nós acreditávamos na doença, mas como os números ainda eram baixos no Brasil, principalmente na nossa região, a gente achava que estava longe", diz Carina.
O casal chegou de viagem no dia 15 de março e no dia 18, Gilberto começou a sentir alguns sintomas leves, como febre baixa e foi para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Poços de Caldas, mas os médicos falaram para voltar para casa.
No dia 21 ele teve mais febre e estava sentindo cansaço, a família começou a achar que era emocional.
"Estávamos achando que era psicológico. Como ele consultou e a medica disse que o pulmão estava limpo, ficamos tranquilos".
No dia 30 ele foi em um centro de saúde, fez exames para ver o pulmão e nada de errado foi encontrado. Três dias depois ele sentiu falta de ar, foi a um hospital particular onde foi internado. No dia seguinte foi transferido para uma UTI de um hospital público porque a família não conseguiria manter ele onde estava.
O senhor Gilberto passou pelo exames do coronavírus e encontraram anti-corpos da doença. Ele ficou internado em tratamento, mas não resistiu e morreu no dia 13 de abril. O óbito foi publicado pela SES apenas no dia 9 de maio.
Após a confirmação da doença, toda a família fez o teste, mas ninguém testou positivo.
"Até os médicos acharam estranho. Nem a minhã mãe foi infectada. Uma coisa surpreendente", afirmou Carina.
O sogro morreu com coronavírus
Nilton Augusto Flores também morreu com a doença. Ele viajou no mesmo cruzeiro que o Gilberto e foi internado no dia 27 de março.
"Nós sabíamos do coronavírus, mas quando eles foram viajar, ainda não tinha muitos casos da doença no Brasil e o local para onde eles iriam não tinha nada. A operadora do cruzeiro prometeu que iria haver fiscalização. Então ficamos mais seguros", relatou Carina.
Segundo a Carina, a situação dele era mais grave, mas os exames demoraram menos tempo para ficarem prontos. O Nilton ficou internado e morreu dias após o Gilberto.
Poços de Calda tem 33 casos confirmados da doença e 3 mortes. O Sul de Minas tem confirmados 28 mortes e outros 628 casos positivos da Covid-19.
Fonte: G1 Sul de Minas
Nilton Flores com o filho Frederico Flores. — Foto: Arquivo pessoal |