Refugiados da Venezuela encontraram no café uma forma de recomeçar no Brasil. Nesta semana, seis delas começaram a trabalhar em uma fazenda de Nepomuceno (MG).
Roden e Hendrick atravessaram a fronteira entre Venezuela e Brasil há cinco meses e precisavam de emprego. Hendric não teve dúvidas. Aceitou deixar de lado a antiga profissão, professor de informática.
"É muito diferente a agricultura e a informática, mas são conhecimentos que são adquiridos, gosto muito de trabalhar com o café, primeiro porque é um produto que se vende muito e é muito bom", disse o lavrador Hendrick Bermudez.
Outros quatro venezuelanos também trabalham na reforma da casa da sede. Para eles, esse emprego é mais parecido com o que eles faziam na Venezuela.
A fazenda de 113 hectares começou a formar a lavoura há dois anos. E junto com a nova fase, os donos pensaram: por que não dar uma nova chance também para quem precisa recomeçar?
"O proprietário e a proprietária, eles têm essa filosofia, esse interesse do âmbito social, de incorporar os trabalhadores locais e também agora os venezuelanos, para dar essa oportunidade de trabalho a eles diante dessa situação que se encontra a Venezuela, é uma troca de experiências e inclusão dos trabalhadores aqui", disse o engenheiro agrônomo Maurício Quilisi Malvoni.
Os proprietários acreditam que esse é um exemplo que outros produtores podem seguir, até porque o processo de contratação é seguro. Os donos da fazenda entraram em contato com a Operação Acolhida, em Roraima. O estado é a porta de entrada dos venezuelanos no Brasil.
O Ministério da Casa Civil em parceria com outros órgãos do governo, da Organização das Nações Unidas, ONGS e Exército tentam encontrar emprego para eles em todo o Brasil. Quando dá certo, eles chegam já de olho no futuro.
Todos os venezuelanos estão com a carteira assinada. O salário tem destino certo: vai para as famílias que ficaram em Roraima e na Venezuela.
"Minha intenção de ajudar a minha família e crescer profissionalmente se possível e trazê-los para que vivam no Brasil", disse Hendrick.
A novidade não é só para os venezuelanos. Outros 19 funcionários brasileiros precisam buscar formas de se comunicar. E o portunhol entra em cena para todo mundo se entender.
"Vamos dar uma força para eles aí e cada vez mais a gente vai querer ver eles aprenderem", disse o lavrador Victor de Paula.
Fonte: G1 Sul de Minas