A situação dos servidores estaduais vai piorando com o passar dos anos. A vontade de prestar um concurso público, ter estabilidade e seguir em uma carreira sólida, já não mais tão sonhada, diante da desvalorização dos funcionários públicos.
Desde 2016, o salário está parcelado e pensar em 13º salário é apenas expectativa, que a cada ano fica pior. O resultado é que há muitos profissionais endividados, por conta do Estado de Minas Gerais. Professores precisam contar com apoio de familiares para quitar contas básicas, como água, luz, telefone e financiamentos. Não há data para receber nem mesmo as parcelas. O governo até divulga um calendário, mas nem sempre ele é cumprindo. Com isto, perdeu-se a credibilidade, afirma o professor de português, Mário Fernandes de Carvalho, 53. Ele é vice diretor na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, conversa muito com os colegas que estão vivendo uma situação complicada, principalmente os aposentados, que são discriminados em um momento em que mais precisam. Dependem do salário para comprar remédios e fazerem tratamentos médicos. Apesar de fazer uma economia ao longo dos anos, Fernando professor admite que mudou seus hábitos desde quando o governo começou o descaso com os profissionais da educação. Segundo ele, estar na sala de aula durante todo ano letivo é desgastante e os professores enfrentam uma pressão psicológica enorme
A situação do casal Thiago de Oliveira 34, e Débora Sebastiana Mesquita 31, é ainda pior. Os dois são professores. Ele desde 2017 na Escola Estadual Marieta Castro e ela no Deputado Teodósio Bandeira desde 2016. Juntos eles contam que já não tinham esperança de receberem o 13º salário o ano passado, mas esperavam pelo menos uma parcela em janeiro agora, como aconteceu em 2018. Uma em janeiro e o restante divido em três pagamentos. Com este novo governo, até agora não há notícias. Só que farão esforço de pagar até o fim do ano.
Como são os dois dentro da sala de aula, não há outra renda. Débora conta que precisa contar com a ajuda dos pais para controlar a situação. Fazer um passeio, uma viagem ou até mesmo comemorar o aniversário da filha deles, Valentina que tem 10 meses, são coisas que até agora está impossível. A prioridade agora é sair dos juros, do cartão de crédito, do cheque especial e manter em dia o financiamento que eles fizeram da casa própria.
“A gente trabalha porque precisa e receber o 13º é um direito nosso”, disse Débora. Como o salário está parcelado e assim não faz volume no bolso de quem recebe ‘picadinho’, a intenção de Thiago era quitar algumas contas que estão sendo pagas em atraso e sair dos juros. “Poderíamos estar investindo em outra coisa, mas diante da situação, regularizar contas básicas mensais já seria um avanço”, lamentou o professor. Sem falar que eles não tem mais assistência médicas. Profissionais médicos da região e Hospitais não atendem mais os funcionários por conta do atraso do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). Mas, no contra cheque todos os meses vem os descontos regularmente.
(Reportagem – Denis Pereira ” A Voz da Notícia”)