Vigilância Epidemiológica já registrou 55 acidentes com escorpião este ano em Três Pontas



A picada de escorpião provoca medo, e às vezes até pânico, principalmente quando as vítimas são crianças. Elas e os idosos com graves problemas cardíacos e respiratórios, constituem um grupo de maior risco e por isso recebem atenção especial no Pronto Atendimento Municipal (PAM), em relação aos cuidados médicos e até administração de soro antiescorpiônico, caso seja necessário.

Eles são pequenos, entre 10 e 12 cm, discretos, noturnos e tímidos, preferindo se esconder em lugares escuros e úmidos, como pilhas de entulhos, frestas em casas, roupas e calçados. Ao serem picadas; as pessoas na maioria das vezes, tem poucos sintomas, como vermelhidão, inchaço e dor no local da picada, entretanto, alguns casos podem ser mais graves, causando sintomas generalizados, como enjoos, vômitos, dores de cabeça, espasmos musculares e queda da pressão, havendo, até, risco de morte.

Em Três Pontas, este ano, já foram notificados ao Serviço de Vigilância Epidemiológica, 55 acidentes com o escorpião amarelo, em sua grande maioria, acidentes considerados leves. Todos os bairros da cidade se encontram infestados pelo escorpião amarelo. É que as fêmeas procriam sem a dependência de material genético do macho, que nesta espécie não existe.

De acordo com o médico veterinário do Serviço de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo de Figueiredo Gomes (foto), os novos bairros geralmente são infestados por escorpiões que são levados junto commateriais de construção, especialmente tijolos furados, e também através da rede pluviale de esgoto.

Mito

Ao contrário do que a grande maioria da população tem como verdade, as galinhas,muito embora se alimentem também de escorpiões, não são consideradas predadorasnaturais desses, pelo simples fato de possuírem hábitos diurnos e os escorpiões hábitosnoturnos. Em Três Pontas, diversos casos de acidentes com escorpiões em residências com a presença de galinhas nos quintais já foram notificados. Os ambientes com a presença destas aves, geralmente quintais não pavimentados, via de regra, acumulam matéria orgânica de fezes, restos vegetais e restos de ração ou comida fornecidos, tornando o ambiente propício ao surgimento de pragas urbanas como: baratas, ratos, pombos, escorpiões, carrapato e mosquitos transmissores da leishmaniose visceral, uma zoonose emergente e já diagnosticada em municípios vizinhos.

Destacamos também, grande número de reclamações de cidadãos incomodados com o mau cheiro proveniente de residências com a presença dessas aves, principalmente no período de calor e umidade, devido à produção de gases mal cheirosos volatilizados do esterco fermentado. Portanto, a Vigilância Ambiental não recomenda a criação de galinhas como método de controle de escorpiões.

Segundo o Ministério da Saúde, entre 2000 e 2016 o número de vítimas de picadas desses animais cresceu no Brasil 628,8%, passando de 12.552 para 91.485. O aumento do número de mortes foi maior ainda, 853,8%, saltando de 13 para 124, geralmente crianças ou idosos, no mesmo período.

Controle

A metodologia de controle tem como foco o manejo adequado dos ambientes urbanos de modo que estes não se tornem atrativos ao escorpião e não permitam seu acesso aos imóveis.

Os agentes de controle de endemias da vigilância ambiental recebem treinamento para vistoriar os imóveis onde porventura houver acidente ou mesmo a simples visualização do animal, para que sejam repassadas orientações aos moradores ou trabalhadores.

Importante destacar, que o Ministério da Saúde e a Vigilância Ambiental Municipal não recomendam a aplicação de produtos químicos para controle de escorpiões, em função da baixíssima eficiência e do efeito desalojante que estes têm, aumentando assim o risco de acidentes com os próprios moradores locais ou vizinhos.

A boa adaptação do escorpião amarelo nas áreas urbanas tem relação com três fatores principais:

*Abrigo farto proporcionado por entulhos, madeira, pedras empilhadas, falta de reboco em muros, casas abandonadas e mal conservadas, falta de higiene básica em muitas moradias com acúmulo de lixo e recicláveis sujos, estocagem de madeiras para construção e lenha para fogões, além das redes pluviais e de esgoto.

* Alimento abundante, principalmente baratas.

* Ausência de predadores naturais como camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos e corujas nas áreas urbanas.

O escorpião

A origem dos escorpiões remonta a mais de 400 milhões de anos, o que torna este aracnídeo um dos animais com maior capacidade de sobrevivência em diversos ambientes, acarretando padrões irregulares de distribuição geográfica. Por isso, podem ser encontrados em ambientes modificados pelo homem, principalmente em áreas urbanas, onde procuram locais escuros para se esconder. No Brasil, onde existem cerca de 160 espécies de escorpiões, o Tityusserrulatus (escorpião amarelo) é o predominante, e responsável por praticamente 100% dos acidentes que ocorrem em nosso município. Este escorpião é assim chamado por apresentar as pernas e a cauda amarelas e o tronco escuro. Possuem hábitos noturnos e são mais ativos durante os meses mais quentes do ano (em particular no período das chuvas). Devido às alterações climáticas do globo, em algumas regiões, estes animais têm se apresentado ativos durante o ano todo (situação esta, encontrada em nosso município). São carnívoros e se alimentam principalmente de insetos e aranhas, sendo eficientes predadores de um grande número de outros pequenos animais, às vezes nocivos ao homem, como exemplo, a barata.

Fonte: Equipe Positiva