Uma costureira passou mais de 24 horas presa por engano em Varginha (MG). A confusão foi causada por conta de nomes homônimos. Mesmo após provar a inocência, ela só foi liberada na noite do dia seguinte.
Maria Aparecida da Silva é costureira e tem o mesmo nome de outra mulher, que tinha um mandado de prisão em aberto. Ela foi presa em casa e depois levada para o presídio de Varginha. O caso aconteceu no dia 21 de maio. Ao contar sobre o ocorrido, pediu apenas para não mostrar o rosto.
“Horrível. Devastadora. Sensação horrível. A gente vê os presídios na televisão. Eu nunca tinha visto assim. Principalmente uma cela feminina, eu nunca tinha visto. Então a gente via na televisão. E todo mundo tem medo de prisão, tem medo de cadeia”, conta Maria Aparecida.
O advogado contratado pela família conseguiu provar que a costureira foi presa por engano no lugar da homônima, que tinha um mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas. Para descobrir o erro, o advogado conta que bastou conferir os dados, como local de nascimento e filiação, que são totalmente diferentes dos que estavam no processo.
“O processo era muito volumoso, com vários documentos. E foi expedido o mandado de prisão no nome de Maria Aparecida da Silva, onde não foi verificada a qualificação dela e, com isso, expediu o mandado para a pessoa errada”, diz Jonathan William Silva, que defende a costureira.
E isso já tinha acontecido. A vítima afirmou que em 2013 recebeu uma intimação pra depor no Fórum Municipal e que só depois descobriu que a intimação era para a homônima. Desta vez, ainda no presídio, outra coincidência: Maria Aparecida, a inocente, ficou na mesma cela, que a Maria Aparecida acusada, que já estava lá há alguns meses, presa por outro crime.
“Ela ficou meio assustada. ‘Mas por que isso?’. A preocupação dela foi o seguinte: ‘Eu não devo esse crime não. Eu não devo, não. Isso aí eu já paguei. Por que você está aqui no meu lugar?”, conta a costureira.
A decisão da Justiça foi para que a costureira fosse colocada em liberdade imediatamente. Mesmo assim, foram mais de 24 horas presa. Por isso, a vontade de que, agora sim, seja feita justiça.
“Eu me sinto na obrigação de processar o Estado, para o fórum ter um pouquinho de cuidado de colocar o meu nome, o meu CPF, eu, no processo de uma outra pessoa”, afirma Maria Aparecida.
A equipe de reportagem da EPTV, afiliada da Rede Globo, entrou em contato com a assessoria do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para saber o que aconteceu para que a costureira Maria Aparecida da Silva fosse presa. De acordo com o Centro de Imprensa, existem vários mecanismos para evitar erros no cumprimento das intimações processuais, como a checagem do nome dos pais no inquérito policial e checagem em cadastros da polícia. Mas neste caso, a falha aconteceu e um procedimento interno será instaurado para verificar o que ocorreu.
Fonte: G1 Sul de Minas