O número de turistas estrangeiros recebidos em Minas Gerais no ano passado bateu o recorde dos últimos 10 anos e chegou a 56.504 visitantes. A quantidade é maior do que a visitação em 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, e representa um salto de 65% em relação ao ano anterior, quando pisaram no estado 34.099 gringos. Apesar do aumento expressivo, o resultado não chega a fazer de Minas destino internacional. Os viajantes no estado que concentra belezas naturais, gastronomia estrelada e patrimônios culturais da humanidade, não representam nem 1% dos 6,5 milhões de estrangeiros que estiveram no Brasil em 2017.
São Paulo é a principal porta de entrada de estrangeiros no país, por onde chegam 32,5% (2.144.606) de todos os turistas vindos do exterior para o país. O Rio de Janeiro fica em segundo lugar, com 1.355.616, o equivalente a 20,5%. Em terceiro lugar, aparece o Rio Grande do Sul, porta de entrada para milhares de argentinos, com 1,27 milhão de turistas.
Entre os principais países emissores para Belo Horizonte em 2017, de acordo com dados da pesquisa de demanda da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, estão Argentina, Estados Unidos e África do Sul. “O salto de turistas a partir de 2009 se deve à captação de voos internacionais, com a oferta de assentos de Buenos Aires, Nova Iorque e Santiago. Como Minas está longe da fronteira, não há turismo rodoviário”, afirma a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG).
Apesar do aumento no turismo, ela afirma ainda faltar muito para que Brasil e Minas se consolidem como destino turístico. “O Brasil teve crescimento pífio de turismo. O destino tem que ser tão bom para o turista quanto é para o morador, com infraestrutura básica como segurança e saneamento básico”, explica Érica, que foi secretária de Estado de Turismo entre 2007 e 2010.
Diretor de planejamento e inovação da Belotur, Marcos Boffa reforça que a Copa do Mundo, em 2014, quando 50.916 turistas estrangeiros visitaram o estado, deu projeção importante ao Brasil como destino turístico. Em Minas Gerais, o diferencial está na consolidação de um cardápio de atrações cacifadas internacionalmente num raio de 100 quilômetros da capital. Além de Ouro Preto e Congonhas, patrimônios culturais da Humanidade, título recém-conquistado pelo conjunto arquitetônico da Pampulha, há também o museu de arte contemporânea Inhotim. “A ideia é somar todas essas atrações e oferecer uma experiência fora do clichê praia e sol. E BH é a porta de entrada”, afirma.
Segundo o secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais, Gustavo Arrais, ao analisar os números, é necessário considerar que cerca de 2 milhões de argentinos atravessam a fronteira para o Sul do Brasil atrás de praias próximas. Outros 2 milhões de visitantes, de acordo com Arrais, estão no país em razão de negócios ou tratamento médico e mais uma parcela de turistas opta por voos de até quatro horas de viagem, o que restringe as possibilidades para destinos mais centrais, como Minas Gerais.
Arrais justifica a queda de 28% de visitantes internacionais ao estado, em 2016, ao fato de o Rio de Janeiro ter atraído boa parte dos turistas, por causa da Olimpíada. Em 2015, Minas havia recebido 47.929 turistas, ante 34.099, no ano seguinte. O pico anterior foi observado em 2012, de 54.480 estrangeiros que visitaram o estado. Ele atribui o crescimento deste ano a um trabalho de divulgação do estado em várias frentes de trabalho.
“Como qualquer produto, o turismo tem que ter promoção, divulgação e posicionamento do que vai vender. Participamos de mais de 90 feiras desde 2015, colocamos muitos anúncios em voos internacionais. Fizemos várias parceiras com companhias aéreas e aumentamos os voos diretos”, destaca o secretário. O esforço da pasta tem sido no sentido de vender Minas Gerais como o destino onde o turista encontra cultura e história. “Minas Gerais concentra os patrimônios da humanidade e tem 60% do patrimônio barroco”, justifica Arrais.
Carnaval Outro atrativo, na avaliação do secretário de Turismo de Minas, tem sido o carnaval de BH, que começou de forma despretensiosa e espontânea, mas agora desponta como destino para curtir a festa de rua. “Os hotéis praticamente lotaram no carnaval”. A canadense Stephanie Bradsma, de 27 anos, atravessou a América para pular carnaval em BH. A escolha do destino foi influenciada pelo namorado, que é mineiro, mas ela aprovou a receptividade. “A energia é muito boa e fui muito bem recebida”, contou.
De olho no turista estrangeiro, que representa 3% dos clientes, o BHB Hotel, inaugurado em 2015, dispõe de atendentes que falam inglês e espanhol, além de cardápio traduzido nos dois idiomas. “Trata-se de um número expressivo para a gente. Identificamos tanto o perfil voltado para negócios, quanto turismo. Quem vem por lazer acaba ficando pouco em BH”, comenta o diretor do empreendimento, Diogo Paixão.
Fonte: Estado de Minas