Designer do Sul de Minas é o criador de diversos objetos de 'Harry Potter'

Nascido em Caxambu, Eduardo Lima e sua parceira já confeccionaram mais de mil produtos para os oito filmes da primeira série e dois da segunda


No reino encantado de Harry Potter, a escola de bruxaria Hogwarts pode ficar logo ali, em Caxambu, no Sul de Minas. O truque é de um mineiro que não perde a oportunidade de homenagear sua cidade natal. O designer Eduardo Lima, hoje morador de Londres, atua nos bastidores da produção dos filmes das franquias “Harry Potter” e “Animais Fantásticos e Onde habitam”. Sua missão é ajudar na criação de objetos que vão aparecer nos cenários. Ele e uma sócia, a inglesa Miraphora Mina, são responsáveis por toda a arte gráfica das produções. Mesmo sem varinha de condão, inventam livros, revistas, jornais, embalagens e rótulos de produtos que ajudam a compor e colorir o universo do bruxinho.

É aí que começa a magia. Na hora de criar mapas, páginas de jornal e anúncios para a ficção, ele não perde a oportunidade de lembrar de sua querida Caxambu. No título de uma notícia, por exemplo, pode-se ler “Ginger witch arrested in Caxambu with fake henna” (“bruxa ruiva é presa em Caxambu com henna falsa”). Uma piada para consumo interno. Em outras situações, ele pode brincar com a mãe ou com sua própria imagem.

A dupla já confeccionou mais de mil produtos para os oito filmes da primeira série e dois da segunda. Lima, que tem 43 anos e está em Londres desde 2001, conta que são itens que muitas vezes os espectadores nem notam, mas precisam estar ali. Só do “Diário do Profeta” foram mais de 50 edições circulando por todos os “Harry Potter”. Fora o tabloide “O Quibbler”. Nos roteiros da autora das sagas, J.K. Rowling, sempre vem uma ou duas manchetes para cada edição. Mas o restante da página é inventado por Lima, que encarnou uma espécie de editor-chefe das publicações e faz de tudo: horóscopo, loteria, previsão do tempo...

“Boto Caxambu em toda parte: foi sede de uma reunião do G8 e 3/4, com os líderes do mundo da magia, e onde prenderam a personagem que criamos para homenagear uma amiga ruiva”, diverte-se Lima, que passou pelo Rio de Janeiro na semana passada e, hoje, será homenageado na Câmara Municipal de sua cidade. “Caxambu está até na previsão do tempo. Já eu apareço como repórter e minha mãe, editora de Segurança”.

O Brasil merece mesmo estar nas manchetes deste mundo mágico. Segundo sites dedicados a fãs do bruxo, o país está entre os cinco que mais admiram a série – e consomem seus produtos.

Mas Lima lembra que não sabia nem quem era o principal personagem de J.K. Rowling quando chegou a Londres. Em 1991, ele deixou Minas para estudar comunicação visual na PUC-Rio. Apaixonado por cinema, ficou amigo da editora de imagens e som Virgínia Flores, com quem atuou na montagem de filmes como “O Pequeno Dicionário Amoroso”, de Sandra Werneck. De quebra, ainda fez o pôster de divulgação.

O designer tentou a sorte na cidade pela primeira vez em 1997, quando foi aprender inglês e fez bicos como bartender. Voltou ao Brasil em 1999 e retomou a parceria com Virgínia em “Anésia, um Voo no Tempo”, de Ludmila Ferolla. Foi ela quem fez a ponte com Miraphora Mina, que se tornou parceira e sócia dele. “Quando retornei a Londres, contactei a Mira, que me chamou para um estágio no segundo filme da saga. Aí não parei mais. Já são 17 anos”.


Fonte: Jornal O Tempo