O aparecimento de novos casos de macacos encontrados mortos em cidades do Sul de Minas voltou a trazer preocupação devido à febre amarela. Nas últimas semanas, foram pelo menos três animais mortos encontrados: um deles em Três Corações (MG), outro em Guaranésia (MG) e um terceiro relato em Gonçalves (MG). A queda na procura por vacinas preocupa as autoridades e os coordenadores de vigilância epidemiológica. No início do ano, Minas Gerais enfrentou um surto da doença.
A proximidade com o estado de São Paulo, onde macacos também foram achados, e a confirmação da morte de um idoso em Itatiba (SP) no dia 18 de outubro pela doença acenderam o alerta dos moradores, que nos últimos dias voltaram a procurar os postos de saúde para a vacinação.
No entanto, a procura no Sul de Minas ainda não tem sido tão frequente como no início do ano, durante o surto da doença no estado.
Apesar do alerta, em Varginha (MG), a prefeitura não está fazendo campanhas de vacinação. Somente em 1998, 2005 e no início deste ano, foram feitos mutirões por conta dos casos de febre amarela que foram notificados em todo o estado.
Roseane Silva, chefe do Setor de Epidemiologia do município, diz que não há uma programação específica para este momento, mas que as doses estão sendo oferecidas normalmente para quem ainda quer ser imunizado.
"Atualmente, não está sendo feita nenhuma movimentação. O que a gente continua fazendo é o envio de macacos para a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e o monitoramento de pacientes com suspeita de febre amarela e a vacinação que segue nas unidades de saúde", diz.
Ela alerta que é importante que quem ainda não tenha se vacinado procure os postos de vacinação para ser imunizado. "Se as pessoas vão viajar, é preferível reforçar. Por outro lado, o município está vigilante e a gente mantém esse controle das vacinas e o bloqueio dos vetores, que é outro passo importante também", ressalta.
Na última epidemia, o município chegou a fornecer 50 mil doses da vacina. Hoje, a cidade conta com 1,5 mil que sobraram do mês de outubro. Para o mês de novembro, mais 3 mil doses devem chegar aos postos de saúde. Por semana, cerca de 130 doses são levadas para as 14 unidades básicas de saúde espalhadas pelo município.
Em Três Corações (MG), a prefeitura decidiu vacinar 95% das pessoas depois que um macaco morreu após ser encontrado bastante debilitado em um parque da cidade. "Imediatamente foi feita a necrópsia dele e foram retirados alguns órgaos para fazer o exame. Todo o material foi levado para a Fundação Ezequel Dias (FUNED) em Belo Horizonte (MG) e a gente aguarda o resultado, que leva de 15 a 20 dias", explica o diretor de Vigilância em Saúde, Eduardo de Oliveira.
Panorama geral
O último relatório divulgado pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais mostrou que, até agosto, haviam sido registrados 1.696 casos suspeitos de febre amarela no estado e, desses, 1.111 casos foram descartados. Ao todo, 475 casos foram confirmados e outros 110 casos seguem em investigação.
Os casos mais recentes de macacos encontrados mortos ainda não foram repassados para a Secretaria de Saúde. Os animais mortos foram levados para análise na Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte (MG), que deve divulgar se os animais morreram ou não por febre amarela.
No Sul de Minas, foram 39 casos suspeitos, mas 34 deles foram descartados. Restaram apenas quatro casos que foram confirmados em Delfinópolis (MG) e apenas um segue mantido como caso suspeito no município de Guapé (MG).
Monitoramento da doença
Em Pouso Alegre (MG), os agentes de saúde estão trabalhando num monitoramento para avaliar e vacinar moradores que ainda não estão imunizados contra a doença. A chefe da epidemiologia na cidade, Tatiana Guerra, explica que o movimento não é igual ao de períodos passados.
"A procura continua igual, porque as pessoas não se preocupam com aquilo que não está trazendo óbito no momento", diz.
"A gente vai fazer um monitoramento rápido de cobertura vacinal e nele nós vamos procurar vacinar quem não tem nenhuma dose. Nós temos que realizar pelo menos 27 amostras, e cada uma delas coleta 25 entrevistas, onde avaliamos o cartão de vacinação das pessoas visitadas", explica Tatiana.
Tatiana conta ainda que uma unidade de saúde no bairro Esplanada ficará aberta uma vez por mês aos sábados para vacinação. "Não só para dar apoio e cobertura para outras atividades desta unidade, mas principalmente para elevar a nossa cobertura em todas as vacinas", ressalta.
Em Poços de Caldas (MG), o monitoramento também é realizado. Por lá, 94,6% do grupo monitorado havia recebido a vacinação e na cidade, mais de 53 mil pessoas foram vacinadas. Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Juliana Pereira, a procura aumentou com os casos recentes no interior de São Paulo, diferente das outras cidades da região.
"Com esses casos, observamos sim um aumento da procura em salas de vacina, mas muitas pessoas vão até mesmo para se informar, eles já estão com o cartão em dia. Então na verdade essa procura, alguns recebem a dose, mas muitos já estão vacinados", explica.
Juliana diz ainda que quem não sabe se tomou ou não a dose ou ainda perdeu o cartão de vacinação precisa ir até o posto de saúde e verificar, junto com as enfermeiras, se há registros no seu nome. "Se nós não encontrarmos nenhum registro dessa pessoa, ela é considerada não vacinada, aí ela tem que se vacinar novamente", conta.
Fonte: G1 Sul de Minas