Começou nesta segunda-feira, dia 23 de outubro, o 41º Encontro Anual da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), em Caxambu, Minas Gerais. A abertura deste ano contou com um debate sobre a grave situação em que se encontra a pesquisa acadêmica no Brasil, com a redução do financiamento público, o contingenciamento de recursos do MEC (Ministério da Educação) e o desmonte do MCTIC (Ministério da Ciência e Tecnologia Inovações e Comunicações). A exposição foi realizada pela pesquisadora Maíra Baumgarten Corrêa, representando a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Durante a exposição Maíra apresentou dados comparativos entre Brasil e outros países que também passaram por crise econômica. Na grande parte deles, ao contrário do que vem ocorrendo no Brasil, os recursos investidos em ciência e tecnologia se mantiverem. Aqui os investimentos nestas áreas têm sido reduzidos ano após ano, colocando país na 69ª posição no ranking internacional de investimento em ciência, inovação e tecnologia. Em 2011, o Brasil ocupada a 27ª posição.
A pesquisadora ainda apresentou dados sobre o orçamento do MCTCI para 2018, previsto em R$ 2,7 bilhões – em 2017, o orçamento foi de R$ 3 bilhões, um terço dos recursos gastos em 2013. Com este orçamento a previsão é que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) tenha recursos apenas para pagar os cerca de 100 mil bolsistas, e ainda assim, somente nos primeiros seis meses do próximo ano. A pesquisadora criticou ainda o movimento em defesa do Estado mínimo que vem ocorrendo no Brasil com muita força no último período e defendeu uma Educação em sentido amplo e inclusivo.
Ainda durante a atividade, a representante da SBPC contou sobre audiência pública realizada em 10 de outubro na CCTCI (Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática), na Câmara Federal, em Brasília, apoiada pela Frente Parlamentar em Defesa da Ciência, Pesquisa, Tecnologia e Inovação. O objetivo da audiência foi discutir a redução dos recursos em ciência e tecnologia e o contingenciamento de verbas do MCTIC e mostrar aos deputados as consequências diretas desta política para sociedade brasileira e para o desenvolvimento do país.
No mesmo dia da audiência foi realizado ato solene no Salão Nobre e entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), um documento com mais de 80 mil assinaturas da sociedade civil em apoio às universidades e à ciência brasileira. Clique aqui para ver o documento.
Segundo Fabiano Santos, presidente da Anpocs, o debate realizado marca a entrada definitiva da entidade no engajamento na luta por uma ciência sem cortes, atualmente travada em várias regiões do planeta. “Trata-se da defesa das condições mínimas necessárias para a realização da pesquisa, da reflexão crítica da realidade, que possa contribuir para promover melhores condições de vida para as pessoas e uma sociedade mais democrática”, afirmou.
A Anpocs já tem participado de forma ativa na articulação em torno da Marcha pela Ciência, que ocorreu no Brasil em diferentes momentos deste ano. “Esta é uma mobilização para defender este enorme patrimônio imaterial e simbólico, e também político, social e econômico que é a pesquisa científica produzida no Brasil, suas instituições e pesquisadores”, concluiu Santos. Uma nova edição da atividade está prevista para ser realizada em novembro.
Na sequência do debate houve a cerimônia de entrega do Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica. Foram homenageadas as professoras Bela Feldman-Bianco (Unicamp), que recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gilberto Velho em Antropologia; Maria Tereza Sadek (USP), que recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gildo Marçal Brandão em Ciência Política; e Elide Rugai Bastos (Unicamp), com o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci em Sociologia.
As atividades seguem ao longo dos próximos três dias. Nesta terça-feira, dia 24, destaque para o Simpósio de Conjuntura Jurídico-Institucional, que acontece às 17h30 no Anfiteatro Glória, sala 4.
Por Ana Claudia Mielke
Portal das Ciências Sociais Brasileiras
Durante a exposição Maíra apresentou dados comparativos entre Brasil e outros países que também passaram por crise econômica. Na grande parte deles, ao contrário do que vem ocorrendo no Brasil, os recursos investidos em ciência e tecnologia se mantiverem. Aqui os investimentos nestas áreas têm sido reduzidos ano após ano, colocando país na 69ª posição no ranking internacional de investimento em ciência, inovação e tecnologia. Em 2011, o Brasil ocupada a 27ª posição.
A pesquisadora ainda apresentou dados sobre o orçamento do MCTCI para 2018, previsto em R$ 2,7 bilhões – em 2017, o orçamento foi de R$ 3 bilhões, um terço dos recursos gastos em 2013. Com este orçamento a previsão é que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) tenha recursos apenas para pagar os cerca de 100 mil bolsistas, e ainda assim, somente nos primeiros seis meses do próximo ano. A pesquisadora criticou ainda o movimento em defesa do Estado mínimo que vem ocorrendo no Brasil com muita força no último período e defendeu uma Educação em sentido amplo e inclusivo.
Ainda durante a atividade, a representante da SBPC contou sobre audiência pública realizada em 10 de outubro na CCTCI (Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática), na Câmara Federal, em Brasília, apoiada pela Frente Parlamentar em Defesa da Ciência, Pesquisa, Tecnologia e Inovação. O objetivo da audiência foi discutir a redução dos recursos em ciência e tecnologia e o contingenciamento de verbas do MCTIC e mostrar aos deputados as consequências diretas desta política para sociedade brasileira e para o desenvolvimento do país.
No mesmo dia da audiência foi realizado ato solene no Salão Nobre e entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), um documento com mais de 80 mil assinaturas da sociedade civil em apoio às universidades e à ciência brasileira. Clique aqui para ver o documento.
Segundo Fabiano Santos, presidente da Anpocs, o debate realizado marca a entrada definitiva da entidade no engajamento na luta por uma ciência sem cortes, atualmente travada em várias regiões do planeta. “Trata-se da defesa das condições mínimas necessárias para a realização da pesquisa, da reflexão crítica da realidade, que possa contribuir para promover melhores condições de vida para as pessoas e uma sociedade mais democrática”, afirmou.
A Anpocs já tem participado de forma ativa na articulação em torno da Marcha pela Ciência, que ocorreu no Brasil em diferentes momentos deste ano. “Esta é uma mobilização para defender este enorme patrimônio imaterial e simbólico, e também político, social e econômico que é a pesquisa científica produzida no Brasil, suas instituições e pesquisadores”, concluiu Santos. Uma nova edição da atividade está prevista para ser realizada em novembro.
Na sequência do debate houve a cerimônia de entrega do Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica. Foram homenageadas as professoras Bela Feldman-Bianco (Unicamp), que recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gilberto Velho em Antropologia; Maria Tereza Sadek (USP), que recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Gildo Marçal Brandão em Ciência Política; e Elide Rugai Bastos (Unicamp), com o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci em Sociologia.
As atividades seguem ao longo dos próximos três dias. Nesta terça-feira, dia 24, destaque para o Simpósio de Conjuntura Jurídico-Institucional, que acontece às 17h30 no Anfiteatro Glória, sala 4.
Por Ana Claudia Mielke
Portal das Ciências Sociais Brasileiras