Mesmo assim, a cobertura estadual da vacina ainda está baixa, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Os últimos dados epidemiológicos mostram que, para a segunda dose, a cobertura é de 51,8% em meninas e 0,11% em meninos, valores muito aquém da meta estabelecida de 80%.
Uma das causas atribuídas é que o assunto suscita muitas dúvidas entre mães, pais e adolescentes, sobretudo na internet. Inclusive, têm surgido vários grupos nas redes que, por desinformação ou ignorância, não fazem uso das vacinas ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação, o que pode ocasionar danos à saúde individual e a saúde coletiva.
Os principais debates levantados são de que a vacina contra o HPV estimularia uma comportamento sexual de risco. Há, ainda, informações equivocadas, como a de que a vacina pode ter reações adversas severas, ou a de que, depois da vacina, não é necessário utilizar preservativo nas relações sexuais. Ou, ainda, de que a imunização não previne em 100% o HPV. Para sanar todas essas dúvidas, o Blog da Saúde MG reuniu os principais mitos e verdades sobre a vacina do HPV.
Para a diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Janaína Almeida, a pouca adesão dos adolescentes à vacinação é reflexo de vários aspectos. “O adolescente tem uma resistência em relação à vacina (pelo fato de ser injetável), desinformação das inúmeras doenças que elas protegem, tabus acerca da sexualidade e do câncer. A vacinação do adolescente não é uma dificuldade apenas no Brasil, mas também no mundo inteiro”, ponderou.
Por razões como essas, a estratégia que está sendo utilizada é a vacinação na escola, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, por meio do Programa Saúde na Escola.
Ampliação
Recentemente, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica ampliando o grupo prioritário da vacinação para pessoas de 15 a 26 anos, nos munícipios que estejam com lotes da vacina que irão vencer em setembro de 2017 e em janeiro, fevereiro e março de 2018.
Diante disso, a SES-MG orienta aos seus municípios que disponibilizem a vacina para o público ampliado somente após fazer uma busca ativa entre o público convencional. Se após priorização ainda restarem estoques, a vacina poderá ser administrada em indivíduos de ambos os sexos na faixa-etária de 15 a 26 anos de idade, em três doses (0-2-6 meses).
A diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Janaina Almeida, explica que o HPV é transmitido por contato direto com uma pessoa infectada, sendo que a principal forma de transmissão é por via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital.
“Em 2014, o Ministério da Saúde introduziu no Calendário Nacional de Vacinação a vacina quadrivalente contra o papilomavírus humano (HPV), tendo como objetivo principal a redução do câncer do colo do útero nas mulheres. Nos meninos, diversos estudos têm demonstrado o papel importante da vacina HPV na prevenção do câncer anal, de pênis, orofaringe e verrugas genitais”, alerta.
Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão do vírus para suas parceiras, os homens, ao receberem a vacina, colaboram com a redução da incidência do câncer do colo do útero e vulva nas mulheres, prevenindo também casos de cânceres de boca e orofaringe, bem como verrugas genitais em ambos os sexos.
A coordenadora de IST/AIDS e Hepatites Virais da SES-MG, Jordana Costa, destaca também outras formas de prevenção do HPV. “Além da vacina, é importante utilizar preservativo feminino ou preservativo masculino e realizar o exame Papanicolau anualmente para as mulheres que possuem vida sexual ativa”, reforça.
O que é o HPV?
O HPV é causado pelo Papiloma Virus Humano. Seu contágio é preferencialmente, por via sexual e a principal consequência são doenças oncológicas provenientes da infecção.
A infecção pelo HPV é uma das IST mais frequentes no mundo. O risco estimado para a exposição a essa infecção é de 15% a 25% a cada nova parceria. Em grande parte dos casos, a infecção é autolimitada e transitória, sem causar qualquer dano.
A maioria das pessoas que entram em contato com o HPV, se não desenvolverem lesões clínicas (ex.: verrugas anogenitais) e não realizarem testes laboratoriais, poderão nunca ter a infecção diagnosticada.
Aproximadamente, 1% a 2% da população apresentam verrugas genitais e 2% a 5% das mulheres apresentam alterações do Papanicolau provocadas por infecção pelo HPV. A prevalência é maior em mulheres jovens, quando comparadas com mulheres com mais de 30 anos.
Fonte: Agência Minas