Quadrilha que lavava dinheiro do tráfico em confecções de ternos funcionava como uma empresa, diz polícia de MG

Ao todo, 33 pessoas foram presas durante a "Operação Black Tie", realizada em oito cidades do Sul de MG e outras três do Estado de SP.




Trinta e três pessoas foram presas durante a "Operação Black Tie", realizada pela Polícia Civil nesta quinta-feira (21) em oito cidades do Sul de Minas e em outras três cidades do Estado de São Paulo. Segundo a investigação, o grupo criminoso usava fábrica de ternos em um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Para a polícia, a quadrilha funcionava como uma empresa: com departamento de compras, financeiro e de distribuição.

"Foram presos pessoas que possuía conexões com os alvos, essas pessoas oriundas de cidades como Machado, Poço Fundo, Elói Mendes, Varginha, Extrema e duas cidades do Estado de São Paulo", disse o delegado Thiago Gomes Ribeiro.

Segundo a investigação, o grupo conseguiu R$ 1 milhão com a venda de drogas em apenas um mês. O esquema também consistia na compra de carros de luxo que eram vendidos no Paraguai e depois trocados por drogas.

"Eles comprovam os carros de luxo parceladamente, a longo prazo e em cerca de uma semana já entregavam o carro e voltavam com a droga. A droga tem fácil venda, fácil revenda, então obviamente que eles captalizavam sem pegar empréstimo em banco, nem nada. O próprio veículo já era trocado em drogas", disse o delegado Bruno Costa.

Entre os presos, está um empresário."Ele utilizava o fluxo financeiro da fábrica dele para fazer os pagamentos para si, ele passava com dinheiro dentro da empresa, através de suas irmãs, ele é o proprietário mas não constava no contrato social, e aferia essas rendas indevidamente", completou o delegado.

A saída dos suspeitos da Delegacia de Alfenas foi acompanhada por muitos moradores. Todos os 33 suspeitos foram levados de ônibus para o Presídio de Elói Mendes. A prisão deles é temporária por 30 dias. O advogado de Wanger Castilho, proprietário de uma das fábricas de terno em Paraguaçu, disse que não iria comentar a prisão do empresário.

A Polícia Civil disse ainda que as fábricas de terno investigadas não foram fechadas por causa dos trabalhadores.


A operação

A megaoperação da Polícia Civil reuniu mais de 170 homens e cumpriu mandados de prisão e de condução coercitiva nas cidades de Paraguaçu, Elói Mendes, Alfenas, Machado, Poço Fundo, Varginha, Extrema e Boa Esperança, no Sul de Minas, além de Guarulhos, Bragança Paulista e Botucatu, no Estado de São Paulo.

Os policiais fizeram buscas durante toda a madrugada com o apoio de um helicóptero. Casas foram revistadas e suspeitos algemados. A operação se concentrou principalmente em Paraguaçu, onde se concentra um grande número de fábricas de ternos. Dois carros de luxo foram apreendidos em Guarulhos.

A polícia seguiu os passos da quadrilha durante 2 anos. Segundo as investigações, empresas do ramo de confecção de Paraguaçu eram usadsa para lavar o dinheiro do tráfico. Duas fábricas estão sob suspeita da polícia.

Segundo a polícia, o homem apontado como chefe da quadrilha foi preso em junho de 2017, em outra operação de combate ao tráfico em Paraguaçu, quando 540 kg de maconha e um Camaro foram apreendidos.

Fonte: G1 Sul de Minas