Beterraba, cenoura e ora-pro-nóbis estão sendo usados na produção de biscoitos de polvilho no Sul de Minas.
A ideia era aproveitar a grande produção de mandioca e polvilho da região e investir numa agroindústria de quitandas. Mesmo não conseguindo recursos para compra de equipamentos, as mulheres não desistiram e, junto com a Emater-MG e o instituto, deram início a um trabalho de produção de quitandas que pudessem ser comercializadas nas escolas.
“Fizemos um diagnóstico participativo com 16 mulheres rurais. Cada uma levou um prato, uma receita que sabia fazer bem. Foi realizado um levantamento de como ela aprendeu a fazer a receita, qual a frequência do consumo dos produtos, além da sua experiência com a comercialização. Estudamos quais quitandas as escolas poderiam comprar e foram elencados o biscoito de polvilho, o sequilho e o pão de mandioca”, explica a técnica de Bem-Estar Social da Emater-MG, Aline Oliveira Guidis Kielblock.
A partir das quitandas que as agricultoras já sabiam fazer, foram desenvolvidas receitas de biscoito de polvilho enriquecido com beterraba, cenoura a ora-pro-nóbis, além do sequilho com inhame. “Após os testes, as novas receitas passaram por análises sensoriais pelo IFSuldeMinas, já que o objetivo era obter uma produção de biscoitos que fossem nutricionalmente significativos, de baixo custo e com boa aceitação entre os consumidores. Outro ponto importante foi a manutenção da cultura local, do modo tradicional de produzir”, afirma Aline Kielblock.
As quitandas são produzidas na sede da Associação de Produtores Rurais e Agroindústria de Conceição dos Ouros, que conta com alvarás de funcionamento e sanitário. O resultado não demorou a aparecer. Um grupo de cinco quitandeiras participou de um processo de Chamada Pública e obteve o direito de comercializar o equivalente a R$ 3 mil no Campus Inconfidentes do IFSuldeMinas.
No final de 2016 elas também foram aprovadas na concorrência para a venda de mais de R$ 24 mil em quitandas no Campus Pouso Alegre, também do instituto, que oferece desde cursos técnicos de nível médio até de pós-graduação. Outro ponto de venda é a feira livre de Conceição dos Ouros, promovida nas manhãs de sábado.
A agricultora Valdirene Aparecida de Paula aprendeu a fazer biscoitos com a mãe e hoje é uma das quitandeiras de Conceição dos Ouros que vende os biscoitos de polvilho enriquecidos. “Foi uma ótima oportunidade que a gente teve. Conseguimos valorizar o produto da cidade com uma receita inovadora”, conta.
Junto com as outras mulheres do grupo, ela planeja vender neste ano cerca de 10 quilos de biscoito por semana para o campus de Inconfidentes e 750 pacotes individuais, de 30 gramas, em Pouso Alegre. Além disso, elas também contam com a venda na feira livre. “No início o pessoal ficava meio desconfiado, quando a gente falava que era biscoito de beterraba. Mas é só provar que todo mundo gosta”, afirma a quitandeira.
Com informações da Seapa