Elas quebram barreiras, superam tabus e criam novas oportunidades.
Mulheres já superam os homens na criação de negócios, diz Sebrae.
Mulheres já superam os homens na criação de negócios, diz Sebrae.
Lara Cristina*Do G1 Sul de Minas
Cerveja. Café. Dois produtos diferentes que já conquistaram seu espaço no gosto popular. E foram eles que abriram as portas para duas mulheres do Sul de Minas engrossarem as estatísticas do mundo feminino no empreendedorismo. Sandra engatinha neste novo cenário superando os desafios de trabalhar com uma área considerada masculina, a venda de cerveja. Vanessa está há nove anos no ramo dos cosméticos produzindo produtos à base do café. Elas representam um universo que viu o próprio negócio não só como alternativa de trabalho e renda, mas de realização pessoal. Segundo pesquisa do Sebrae, elas já superam os homens quando o quesito é a criação de novos negócios no estado.
Mulher e volante = Beer Truck
“As pessoas se assustam quando me veem dirigindo a kombi”, conta Sandra de Oliveira Matos. Há quase um mês, a psicóloga de Poços de Caldas (MG) resolveu que mudaria de vida e embarcaria em uma nova aventura, a Loren. De origem grega, o nome do novo negócio significa força, energia, exatamente o que ela deseja repassar para seus clientes em seu “beer truck”.
Segundo a empresária, tudo começou a partir do mito “mulher no trânsito, perigo constante”. “Como psicóloga de formação, sempre gostei de estudar a violência e trabalhei com ela durante seis anos, seja ela doméstica ou no trânsito, [quando estava] na Secretaria de Defesa Social de Poços de Caldas. Estudando este comportamento da sociedade com relação à mulher ao volante, percebi que não se passa de um mito, uma vez que os acidentes em que as mulheres se envolvem são muito menores do que os que envolvem os homens”, conta Sandra. “E foi a partir daí que resolvi colocar estes estudos em prática e seguir o sonho de ter algo próprio em um meio mais descontraído.”
O projeto começou a sair do mundo das ideias e tomar forma no dia 12 de janeiro, e no dia 8 de fevereiro, já estava tudo pronto. Alguns ajustes a serem feitos, cursos a serem realizados e em 15 de fevereiro a “beer truck” já estava pelas ruas da cidade.
Segundo a empreendedora, foram investidos cerca de R$ 50 mil no projeto. Além dos cursos e especializações, a estrutura da kombi precisou ser adaptada para uma choperia móvel. “Colocamos pingadeiras, torneiras italianas, serpentinas modificadas para que o chope saia gelado, e ainda estamos em fase de adaptação. A caixa é para 70 kg de gelo e a ‘beer truck’ leva mais de mil litros por viagem.”
Além de variedade – são oferecidos quatro tipos de chopes artesanais – a versatilidade na venda é um dos propósitos do empreendimento. “Nós vendemos o combo de 300 ml de chope, sendo três por R$ 20. Temos também a opção de caneca, festas fechadas onde nós podemos ir servir, ou a pessoa alugar o truck e, até mesmo, vender o chope para seus convidados”, explica.
A kombi já passou por Poço Fundo (MG), Divisa Nova (MG), Caldas (MG) e deve passar em mais cidades da região. “Se a gente não tem esses impulsos e não acredita, acho que a vida para. E nós somos seres movidos por sonhos, então estou indo atrás do meu”.
Mulheres e o empreendedorismo
Mesmo os homens ainda sendo mais empreendedores do que as mulheres (42,4% para 36,4%), uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG) mostra que, em 2015, as mulheres superaram a taxa masculina de empreendedores novos em Minas Gerais. Os empreendimentos com até 3,5 anos tiveram maior participação do público feminino, 51%.
O estudo também mostra que as mulheres são maioria no comando de empresas de menor porte no estado, representando 86%. As mineiras representam ainda 46,8% dos Microempreendedores Individuais (MEI) do estado e já somam mais de 344, 5 mil empreendedoras.
O perfil feminino também se difere do masculino no empreendedorismo. Elas abrem seus próprios negócios mais cedo que os homens, 40% das empreendedoras têm até 34 anos, enquanto no grupo masculino 50% estão entre 35 e 54 anos. Além disso, elas também são mais escolarizadas que os homens (32% dos homens tem no máximo o primeiro grau incompleto, caindo para 29% no grupo das mulheres).
Apesar disso, algumas convenções não se alteram. Elas ainda continuam ganhando menos que os homens no mercado, 69% recebem até três salários mínimos contra 49% dos homens. E mesmo sendo vistas como o grupo que busca estabilidade familiar, a pesquisa mostra que a principal aspiração da população feminina brasileira é viajar pelo Brasil, enquanto que a principal aspiração da população masculina brasileira é comprar a casa própria.
“Existe um imaginário social com relação à mulher. Ainda há o pensamento de que lugar de mulher é na cozinha, cuidando do marido e dos filhos, mas nós sabemos que conseguimos ir para qualquer lugar”, complementa Sandra. “Não que não haja dificuldades porque, biologicamente falando, não é fácil dirigir uma Kombi, mas não é impossível. A gente prega a igualdade entre os gêneros, queremos que os meninos sejam nossos parceiros e não nossos oponentes.”
Liderança feminina
Foi no universo empresarial que a gerente da Divisão Regional Fundiária e Ambiental Centro da Usina de Furnas, Sandra Martins Verboonem, também teve que superar o imaginário social em que a mulher é incluída. Ela assumiu o cargo em 2013 em São José da Barra (MG). “No começo alguns funcionários manifestaram contra minha posição na empresa por ser mulher. Alguns disseram que a empresa não estava em boas condições por causa disso”, lembra.
Dentre as dificuldades, a maior foi a adaptação na forma de lidar com as pessoas, com a nova equipe e o novo desafio oferecido. “Todos nós precisamos nos adaptar. Por ser bióloga no meio de engenheiros e advogados, por ser mulher, mas sempre acreditei na minha formação e me apoiei em pessoas que me ajudaram a superar estas dificuldades que foram surgindo”.
Aos 43 anos, Sandra coordena a equipe responsável por monitorar a ocupação irregular das margens dos reservatórios, preservando a vegetação original que protege o espelho d´agua de processos erosivos, entre outras ameaças. “É preciso ter seriedade e determinação. Eu tive medo, mas o resultado final é proveitoso e vale a pena encarar novos caminhos e sem deixar de ser mulher”.
Aproveitando oportunidades
No mundo dos negócios, as novas empreendedoras também ainda estão concentradas em poucas atividades quando comparadas aos homens nessa mesma categoria. Cerca de 53% dessas mulheres estão em apenas quatro atividades: restaurantes e assemelhados (16%), serviços domésticos (16%), cabeleireiros e/ou tratamento de beleza (13%) e comércio varejista de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (9%).
Mas foi neste último ramo que a empresária Vanessa Vilela, de Três Pontas (MG), consolidou o próprio negócio e hoje colhe os frutos de um sonho. Há nove anos, ela uniu a paixão pela farmácia com o café. A Kapeh surgiu com o intuito de buscar um diferencial na área de cosméticos usando um dos principais produtos do Sul de Minas.
“Eu sempre trabalhei e, desde que entrei na faculdade de farmácia, tinha o sonho de ter meu próprio negócio, mas não abandonar minha formação. E foi durante as pesquisas que descobrimos o quanto o café faz bem para as pessoas. Além de ser antioxidante, ele rebate o envelhecimento da pele, queima gordura”, conta.
A farmacêutica começou o projeto em sociedade, mas atualmente segue sozinha e já soma quase 300 pontos de vendas em 18 estados. A empresa, que começou com sete produtos de beleza, já oferece mais de 120 cosméticos para mulheres, homens, adolescentes e crianças. “Por estar em um universo feminino não tive muitas dificuldades no início da marca. Além disso, é uma área que transmite coisas boas para as pessoas, mexe com a autoestima, principalmente das mulheres.”
*Sob supervisão de Samantha Silva, do G1 Sul de Minas
Aos 43 anos, Sandra coordena a equipe responsável por monitorar a ocupação irregular das margens dos reservatórios, preservando a vegetação original que protege o espelho d´agua de processos erosivos, entre outras ameaças. “É preciso ter seriedade e determinação. Eu tive medo, mas o resultado final é proveitoso e vale a pena encarar novos caminhos e sem deixar de ser mulher”.
No mundo dos negócios, as novas empreendedoras também ainda estão concentradas em poucas atividades quando comparadas aos homens nessa mesma categoria. Cerca de 53% dessas mulheres estão em apenas quatro atividades: restaurantes e assemelhados (16%), serviços domésticos (16%), cabeleireiros e/ou tratamento de beleza (13%) e comércio varejista de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (9%).
Mas foi neste último ramo que a empresária Vanessa Vilela, de Três Pontas (MG), consolidou o próprio negócio e hoje colhe os frutos de um sonho. Há nove anos, ela uniu a paixão pela farmácia com o café. A Kapeh surgiu com o intuito de buscar um diferencial na área de cosméticos usando um dos principais produtos do Sul de Minas.
“Eu sempre trabalhei e, desde que entrei na faculdade de farmácia, tinha o sonho de ter meu próprio negócio, mas não abandonar minha formação. E foi durante as pesquisas que descobrimos o quanto o café faz bem para as pessoas. Além de ser antioxidante, ele rebate o envelhecimento da pele, queima gordura”, conta.
A farmacêutica começou o projeto em sociedade, mas atualmente segue sozinha e já soma quase 300 pontos de vendas em 18 estados. A empresa, que começou com sete produtos de beleza, já oferece mais de 120 cosméticos para mulheres, homens, adolescentes e crianças. “Por estar em um universo feminino não tive muitas dificuldades no início da marca. Além disso, é uma área que transmite coisas boas para as pessoas, mexe com a autoestima, principalmente das mulheres.”
*Sob supervisão de Samantha Silva, do G1 Sul de Minas