Esta é mais uma ação do Govero do Estado, por meio da Seap, de atendimento e valorização dos servidores e detentos
A área de produção com 600 m² substitui a anterior, que tinha 180m² e empregava cerca de 50 detentos. No local eram produzidos 1.500 extensões elétricas e 750 filtros de linhas. Agora, vão dobrar o número de presos trabalhando e a quantidade de peças produzidas por dia. A área do antigo galpão será destinada, em breve, para uma nova atividade produtiva.
Um diferencial desta parceria de trabalho com a empresa Montec - Montagem de Produtos Eletrônicos – é a existência de dois turnos: das 6h às 14h e das 14 às 22h. Os presos recebem 3/4 do salário mínimo e têm direito à remição, para cada três dias trabalhados um a menos na pena.
O secretário de Estado de Administração Prisional, Francisco Kupidlowski, durante discurso na cerimônia de inauguração, revelou suas impressões sobre o funcionamento da unidade prisional e do novo galpão. “Estou encantado com a verdadeira cidadania, demonstrada em todas as ações de atendimento e valorização dos servidores e detentos. Aqui prevalecem os pilares para o perfeito funcionamento do sistema prisional: ética, cidadania, justiça e bom senso”, reforçou.
A empresa parceira investiu, entre máquinas e instalações, cerca de 1 milhão e 200 mil reais. São equipamentos importados que agilizam todo o processo, mas precisam ser operados por pessoas capacitadas. Para tanto, os presos passaram por treinamento e são orientados, diariamente, pelo supervisor de produção João Cavalcante, do grupo Megatron, que atua em parceria com a Montec.
Ele acumula 40 anos de experiência em indústrias elétricas de São Paulo e Minas Gerais, e além desta unidade no presídio, cuida de outras em cidades da Território Sul do estado. “Estes rapazes (os presos) são mais dedicados do que funcionários de empresas em funcionamento fora de presídios. Eles executam suas tarefas com prazer e eficiência”, garantiu o supervisor.
Na solenidade de inauguração estiveram presentes servidores da Seap e autoridades do Exército, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Prefeitura de Itajubá, Secretaria de Educação (SEE), Secretaria Municipal de Agricultura, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Helibrás e Câmara dos Vereadores.
Metamorfose
Para o diretor da Montec, Hudson Carvalho, todos saem ganhando com as parcerias entre empresários e a Seap: comunidade, detentos, família e o sistema prisional. “A redução de custos com a folha de pagamento representa uma diminuição do preço para o consumidor”, garantiu o diretor.
A Montec iniciou suas atividades no presídio em um espaço de 40 m², com a utilização da mão de obra de seis detentos, em janeiro de 2013. Um dos presos integrantes desta história de crescimento é Francislei Aparecido Figueiredo, de 31 anos, responsável pela manutenção das máquinas e uma espécie de “faz tudo” na área de produção.
Por dominar todo o processo, ele pode substituir qualquer um dos colegas quando necessário, ou ainda dar um reforço em etapas do longo fluxo produtivo. Pode ser no recebimento das bobinas, no corte, na preparação dos fios ou cabos, na aplicação dos pinos, na injeção dos plugs ou tomadas, na aplicação de terminais e várias outras, até o empacotamento.
“Estar aqui, no Presídio de Itajubá e na Montec, representa uma explosão de conhecimentos na minha vida. Na privação de liberdade eu consegui descobrir e dominar assuntos inimagináveis. Quando terminar a pena quero estudar Psicologia”, revelou Francislei.
Ele concluiu o ensino fundamental e médio na escola do presídio, tomou “gosto pela leitura”, e ainda fez três cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Governo Federal: agroecologia, costura e pedreiro.
O diretor-geral do Presídio de Itajubá, Rodney Dantas Pinto, explica que a transformação de vidas dos detentos é baseada no trabalho, no estudo e na disciplina. ”Temos acompanhado muitas trajetórias como a de Franscislei, isto é motivo de grande satisfação. Estamos conseguindo atingir nosso principal objetivo: ajudar as pessoas a prepararem-se para uma vida melhor, depois de cumprirem suas obrigações com a justiça”, destacou o diretor-geral.
Fonte: Agência Minas