A remessa, enviada do Presídio de Pouso Alegre, no Território Sul, é fruto do trabalho de oito mulheres privadas de liberdade que, dentro de um galpão com 150 m², instalado na unidade prisional, produzem cerca de 1.450 camisetas por mês.
De acordo com a superintendente de Atendimento ao Preso, Louise Leite, esta importante ação permite às mulheres preservar a feminilidade e resgatar a autoestima, mesmo com a privação de liberdade. “Antes da criação dos uniformes femininos, elas usavam as mesmas blusas, calças e bermudas que os homens”, lembra a superintendente. Os novos uniformes foram lançados oficialmente este ano, no Dia Internacional da Mulher.
Todas as etapas da produção são realizadas pelas detentas, iniciada com o corte de malha PV — composta de poliéster e viscose — que chega ao galpão de produção em bobinas de 20 quilos. Com esse trabalho, segundo o diretor-geral do presídio, Sérgio Morais, o Estado passou a fazer uma grande economia. “A folha de pagamento tem um peso muito grande na definição de preços de um produto. Com a produção dentro da unidade, este custo é mínimo”, ressalta Morais.
Pelo serviço, as detentas têm direito a remição de pena, ou seja, para cada três dias de trabalho, um a menos na condenação. Além disso, recebem R$ 2 por peça produzida, o que representa, por mês, aproximadamente R$ 500.
Mão de obra
O galpão é equipado com seis diferentes máquinas de costura e uma cortadeira de tecidos. Neste espaço trabalham oito detentas, em um local separado dois presos cuidam da silkagem das camisetas, nas quais aplicam a sigla do sistema prisional.
Produção e formação de mão de obra especializada caminham juntas na fábrica de camisetas. A diretora de Atendimento e Ressocialização do presídio, Dayana Botelho, explica que, desde a inauguração do local, sempre houve a preocupação em selecionar detentas com e sem experiência em costura.
“Nossa intenção é prepará-las profissionalmente para quando tiverem liberdade. Existe, entre elas, uma grande solidariedade, todas dominam o processo completo de fabricação”, revela a diretora.
A detenta Mônica dos Santos (31) é uma das instrutoras e “funcionária” da fábrica. Aprendeu a costurar com a avó e a mãe, produziu forro para bancos de automóveis e confeccionou roupa unissex para vender em São Paulo. “Estas experiências me ajudaram bastante. Tenho o maior prazer em ensinar, além de costurar, atuo como professora e gerente de qualidade", conta.
Thaís Mingareli (23), por sua vez, teve aulas com a Mônica e tem a esperança de, ao deixar a unidade prisional, conseguir emprego em uma confecção. “Nunca me imaginei costurando e, agora, isto representa um novo caminho na minha vida", afirma.
Fonte: Agência Minas