Pesquisadores mineiros desenvolvem nova vacina para a leishmaniose



Por CARLOS ROGÉRIO TONUSSI

A leishmaniose é uma doença grave causada por um protozoário, não é contagiosa, mas é transmitida entre animais através do mosquito flebótomo, o mosquito-palha. É uma zoonose, pois o reservatório natural comum é o cão doméstico e o ser humano se torna um hospedeiro acidental. A doença pode se apresentar nas forma cutânea e visceral. A cutânea causa lesões ulceradas na boca e nariz, em geral. A visceral ataca principalmente crianças, atingindo o fígado, baço e medula óssea, causa febre, anemia, falta de apetite, inchaço na barriga. O Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis, monitora as regiões da Lagoa da Conceição e o entorno do maciço central entre os bairros do Cacupé, Saco Grande e Itacorubi. O aumento no número dos cães de rua, piora a propagação da doença.

Sacrifício

Sacrificar cães infectados pela leishmaniose ainda é, infelizmente, um dos métodos adotados pelo Ministério da Saúde para o controle da doença. Porém um grupo de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e da Fiocruz está desenvolvendo uma nova vacina que pode combater a transmissão da doença e evitar o sacrifício dos cães.

Diferente de outras vacinas no mercado, a vacina mineira utiliza proteínas do próprio mosquito, que transmite a doença, para interferir no seu ciclo biológico. A leishmaniose precisa do inseto para se espalhar, uma vez que o cão infectado recebe a vacina, o mosquito terá uma bela indigestão quando chupar o sangue do animal e não conseguirá propagar a doença. Rodolfo Cordeiro Giunchetti, médico veterinário e professor do Departamento de Morfologia da UFMG.

Tempos de crise

Infelizmente, ainda não há previsão de quando essa vacina chegará ao mercado. Ela já foi testada em camundongos e cães infectados, e os mosquitos que picaram esses animais botaram menos ovos que os mosquitos que picaram animais não vacinados. Mas ainda precisam ser realizados mais testes de segurança e eficácia. A situação se complica pois o investimento em ciência no Brasil foi drasticamente reduzido e o antigo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, agora tem que dividir seus interesses com as grandes empresas de telecomunicações. O cão não é o único hospedeiro do parasita que causa a leishmaniose; ratos, gambás e outros mamíferos também podem ser. Porém, o cão se torna um reservatório importante da doença, devido ao grande número nos centros urbanos e a proximidade com as pessoas.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE