Fábrica de brinquedos vai gerar trabalho para 60 detentos em São Lourenço

Em aproximadamente um mês, 60 presos do Presídio de São Lourenço, no Território Sul, começam a fabricar brinquedos pedagógicos de madeira para a empresa Maninho Artesanatos, em atividade há 30 anos na cidade. A filial, em frente ao presídio, está em fase final de instalação, com a previsão de entregar 100 mil peças por mês, dobrando a produção atual da Maninho Artesanatos.
O fundador da fábrica, Aristides Guimarães Filho, o Maninho, de 77 anos de idade, conta que soube da experiência de empresários de São Paulo que instalaram com sucesso galpões industriais dentro de presídios. “Então, quando fomos procurados pela direção-geral do Presídio de São Lourenço, fechamos a parceria. Juntamos a urgência de aumentar a produção com a necessidade de oferta de trabalho para os detentos”, diz.
Para Maninho, ensinar os segredos das técnicas e cuidados na fabricação de brinquedos não representa problema. “Todos os que trabalham na linha de produção aprenderam comigo. Acredito na capacidade do ser humano em realizar boas ações”, revelou.


O catálogo da fábrica tem brinquedos tradicionais como o jogo da memória, quebra-cabeças, pega-varetas, peteleco, pequeno construtor, tangran, jogo da velha e uma linha de peças decorativas e utilitárias como painéis e relógios de parede.


Mão de obra


Em visita à fábrica de brinquedos, os presos David da Silva Pereira, 35 anos, e Wellington Gustavo Monteiro da Silva, 27 anos, puderam conhecer as máquinas, o setor de expedição e a loja, que expõe cerca de 4 mil itens.




David nasceu em uma tradicional família de marceneiros, produtora de móveis residenciais em São Lourenço. Até os 18 anos ajudou na oficina da família e depois abriu uma “lan house”. “Acredito que a minha antiga experiência na marcenaria será útil. Vai ser bom voltar a trabalhar com madeira”, afirma.


Segundo David, ser pai de um menino de dez meses de idade aumenta ainda mais a motivação para fabricar brinquedos. “Não paro de pensar no meu filho. Vou fazer o melhor possível para realizar o sonho ser contratado, quando terminar minha pena.”


Atividades


O Presídio de São Lourenço tem atualmente 55 presos trabalhando fora, sendo 20 na parceria com a Prefeitura de São Lourenço, no serviço de limpeza da cidade, e 35 em outras atividades. Dentro do presídio, dois presos trabalham na horta, quatro na fabricação de sacolas ecológicas, e oito estão construindo novas celas, que vão gerar 42 vagas.






O diretor de segurança do presídio, Tiago Pereira dos Santos, diz que o trabalho é essencial na ressocialização dos presos e contribui para a segurança interna. “A nova parceria traz um ânimo para os presos e ajuda na redução do cumprimento da pena”, afirma. Segundo Tiago, os presos contratados pela Maninho Artesanatos vão receber três quartos do salário mínimo por mês e terão remição de pena, à razão de um dia de desconto a cada três trabalhados.


Por Bernardo Carneiro
Fotos: Gil Leonardi/Imprensa MG