Polícia Federal cumpre 110 ordens judicias em nova fase da Lava Jato

Investiga a estrutura interna da Odebrecht para pagamento de propina para vários setores, inclusive a Petrobras; são 67 mandados de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva, 11 de prisão temporária e 4 de prisão preventiva



A Polícia Federal (PF) deflagrou mais uma etapa da operação Lava Jato nesta terça-feira (22), denominada "Xepa". A operação investiga a estrutura interna da Odebrecht para pagamento de propina para vários setores, inclusive a Petrobras. Uma viatura da Polícia Federal entrou no início da manhã no hotel Royal Tulip, em Brasília, endereço de políticos na capital federal e saiu por volta das 7h40, sem presos.

Desdobramento da 23ª fase, a "Acarajé", em que o marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, foram presos - o casal trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 -, na etapa desta terça estão sendo cumpridos ao todo 110 ordens judiciais, sendo 67 de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva, 11 de prisão temporária e quatro de prisão preventiva.

A ação, que envolve 380 policiais federais, é realizada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.
Os alvos de condução coercitiva prestarão depoimentos nas cidades em que se encontram. Os suspeitos presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de capitais, corrupção, organização criminosa e evasão de divisas.


Discriminação dos Mandados Judiciais

28 mandados de condução coercitiva

(Alvos com múltiplos endereços)

11 mandados de prisão temporária

(Alvos com múltiplos endereços)

04 mandados de prisão preventiva

(Alvos com múltiplos endereços)

67 mandados de busca e apreensão divididos da seguinte forma:

29 – Estado de São Paulo

01 – Guarujá/SP

01 – Guarulhos/SP

02 – Jundiaí/SP

01 – Valinhos/SP

25 – São Paulo/SP

18 – Estado do Rio de Janeiro

01 – Angra dos Reis/SP

17 – Rio de Janeiro

08 – Estado da Bahia

07 – Salvador

01 – Mata de São João

04 – Distrito Federal

04 – Brasília

04 – Estado de Pernambuco

04 – Recife

03 – Estado de Minas Gerais

02 – Belo Horizonte

01 – Nossa Fazenda

01 – Estado do Rio Grande do Sul

01 – Porto Alegre

Odebrecht

As medidas deflagradas nesta manhã estão ocorrendo a partir da análise do material apreendido em etapas anteriores em que se descobriu que o Grupo Odebrecht mantinha um esquema de contabilidade paralela para pagar propina a pessoas ligadas ao poder público.

Há indícios concretos de a construtora "se utilizou de operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para a disponibilização de tais recursos", diz a PF.

As sedes da empreiteira Odebrecht na Bahia, no Distrito Federal e em São Paulo são alvos de buscas.

Além do hotel, em Brasília, a PF cumpre mandados em pelo menos outros três endereços. Lula estava hospedado nesse hotel pelo menos até a madrugada desta terça. Não há a informação, porém, se Lula é um dos alvos dessa etapa da operação.

No momento em que os agentes já cumpriam as medidas no interior do Royal Tulip, Dilma passou pedalando sua bicicleta a aproximadamente 50 metros da portaria do hotel.

Na noite de segunda (21), o ex-presidente jantou com Dilma para discutir a possibilidade de o governo manter a sua posse como ministro da Casa Civil, contestada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), já que o ministro Gilmar Mendes a considerou uma forma de tentar dificultar as apurações da Lava Jato.

Caso o governo vença no Supremo e Lula ocupe a cadeira ministerial, ele passará a ter foro privilegiado e, consequentemente, sai da alçada da operação em Curitiba.

Atualizada às 8h22

Fonte: Jornal O Tempo