Polícia Civil conclui inquérito sobre morte de universitária em Extrema

Larissa Gonçalves foi sequestrada e morta no mês de outubro na cidade.
Três suspeitos relataram à polícia a participação de cada um no crime.



A Polícia Civil concluiu o inquérito da morte da estudante Larissa Gonçalves de Souza, no fim de outubro em Extrema (MG). O documento já foi enviado para o Ministério Público, que agora fica responsável pelo caso.

Em coletiva de imprensa, concedida no dia 10 de novembro, o delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto já havia informado que as investigações em torno da morte de Larissa estavam perto do fim e que um novo depoimento tirava o namorado dela, Lucas Gamero, da cena do crime. O rapaz foi solto no dia 12 de novembro, em Pouso Alegre.

Depois, no dia 2 de dezembro, a prisão dos três suspeitos de matar a estudante foi prorrogada. De acordo com a Polícia Civil, o comerciante José Roberto Freire, a técnica de enfermagem Rosiane Rosa da Silva e o garoto de programa Valdeir Bispo dos Santos continuarim presos por tempo indeterminado.

Freire e Valdeir admitiram envolvimento no crime, mas trocaram acusações quanto à responsabilidade direta pela morte de Larissa. Já Rosiane, envolvida na história em ambos os relatos, usou do direito legal de permanecer em silêncio.
Ao centro, delegado regional Flávio Tadeu Destro e delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto (Foto: Daniela Ayres/ G1)Polícia Civil acredita concluiu inquérito sobre a morte de Larissa, de Extrema, MG (Foto: Daniela Ayres/ G1)
     

O caso
Larissa desapareceu no dia 23 de outubro, quando estacionou de carro na rodoviária de Extrema para pegar o ônibus até a faculdade, em Bragança Paulista (SP). Segundo testemunhas, antes de sair do carro, ela foi abordada por um casal, que a colocou no banco de trás e saiu do local com o veículo. Onze dias depois, o corpo dela foi encontrado em uma ribanceira de cerca de 30 metros na Serra do Lopo, ponto turístico da cidade.

As investigações apontam que a morte da jovem, com requintes de crueldade, teria sido encomendada por R$ 1 mil pelo comerciante José Roberto Freire que, preso, admitiu ter planejado o crime, mas acusou o namorado dela, o modelo Lucas Gamero, de ter participação. Gamero desfilava para a loja de roupas de propriedade de Freire.
Suspeitos, Caso Larissa, Extrema, Pouso Alegre (Foto: Daniela Ayres/ G1)Da esquerda para a direita, José Roberto Freire, Valdeir Bispo Santos e Rosiane Rosa da Silva são apresentados como principais suspeitos na morte de Larissa  (Foto: Daniela Ayres/ G1)


Segundo Freire, ele e Gamero mantinham um relacionamento amoroso e temiam que Larissa tornasse a história pública. Além disso, Freire afirmou que o dinheiro do pagamento dos suspeitos foi dado por Gamero, que, inclusive, teria passado na casa de Freire no momento do crime.

"Ele [Gamero] negou participação, negou envolvimento com José Roberto, negou ter dado dinheiro, negou ser o mentor intelectual do crime", disse o delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto. Apesar disso, o rapaz teve a prisão temporária decretada junto com a de Freire e do sobrinho.

Cerca de uma semana depois, a prisão do casal que teria sequestrado Larissa deu novos rumos à investigação. "Existe uma passagem no depoimento do Valdeir em que se questiona a presença de Lucas na casa e ele diz que não viu ninguém no dia do crime. Ele também afirma que foi José Roberto quem o contratou e lhe pagou R$ 1 mil", revelou o delegado.
jovem de 21 anos foi abordada por casal e levada na Rodoviária de Extrema (Foto: Reprodução Facebook)Perícia médica aponta que jovem pode ter sido torturada e novo depoimento incrimina comerciante
(Foto: Reprodução/ Facebook)


Principal suspeito
José Roberto Freire morava há dois anos em Extrema. Ele era dono de uma loja de roupas e contratava jovens para desfiles de moda. Lucas Gamero já havia desfilado para ele e o chamava de empresário em sua página nas redes sociais.

Clientes descreveram o comerciante como uma pessoa discreta, mas descobriu-se durante as investigações sobre a morte de Larissa que ele tinha passagens pela polícia. Freire é investigado por desviar R$ 60 mil da Prefeitura de Avaré (SP) e também é suspeito de matar um ex-companheiro em 2012.

A polícia chegou até o comerciante por meio de uma testemunha, que teria provas de um suposto envolvimento amoroso entre ele e o namorado da vítima. Após descobrirem os antecedentes criminais de Freire, os policiais foram até a casa onde ele morava e, durante as buscas, encontraram o celular e uma folha de caderno pertencentes a Larissa. Na delegacia, ele admitiu ter planejado a morte da garota, executada na casa dele.

Uma tia de Larissa contou que a jovem já havia reclamado do comportamento de Freire anteriormente. "Ele não gostava dela. Isso ela sempre falou", disse Nadir da Fonseca Oliveira.


Família não acredita em envolvimento do namorado
Larissa morava na zona rural de Extrema e costumava deixar o carro na rodoviária da cidade, onde pegava o ônibus para ir à faculdade, em Bragança Paulista (SP). No dia 23 de outubro, essa rotina foi quebrada. Testemunhas relataram à polícia terem presenciado o momento em que um casal a abordou. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o carro da vítima deixa a rodoviária (veja vídeo acima).

Segundo a família, Larissa e namorado Lucas se davam bem. Os dois se conheciam há quatro anos e haviam sido vizinhos antes de começarem o namoro em 2014. O rapaz, preso temporariamente, é modelo e cursa administração na mesma faculdade onde a jovem estudava.

No velório da namorada, o rapaz chorou de joelhos na frente da mãe da jovem. Mesmo com a prisão preventiva decretada, a família de Larissa disse não acreditar no seu envolvimento no crime. "Neste momento, pra mim, o Lucas não tem participação. Até que se prove o contrário, ele é inocente", afirmou o pai de Larissa, Luís Carlos Gonçalves de Souza.

Fonte G1 Sul de Minas