Os dez presos que compõem o coral Vozes da Cela, do Presídio de São Lourenço, no Sul de Minas, encerram o ano realizados: apresentaram cinco vez a Cantata de Natal. E mais, os convites surgiram depois que o grupo foi premiado na edição 2015 do Prêmio Innovare, que reconhece práticas que ajudam a melhorar a qualidade do atendimento da Justiça no Brasil. O juiz da Vara Criminal de São Lourenço, Fábio Macedo, foi o responsável pela inscrição do prêmio e acompanha de perto as atividades do coral. É ele que autoriza as apresentações fora do presídio. “A boa convivência do Judiciário com a direção do sistema prisional é primordial para acelerar o acesso dos presos aos direitos garantidos legalmente”, observa o magistrado.
Para o preso Magnus dos Santos, a música serve como porta de reintegração social: “Sinto alegria e conforto quando me apresento. É uma forma de mudar a maneira como somos vistos pela sociedade”, diz. Já o maestro João Henrique Martins conta que o talento de muitos participantes está em nível profissional: “Fico enobrecido realizando esse trabalho. Tenho vozes aqui que, se quiserem, poderão cantar profissionalmente”, diz o regente.
História e reconhecimento
O grupo começou em 2008 como atividade extracurricular da Escola Estadual São Francisco de Assis, instalada dentro do presídio que recebe homens que cumprem o regime aberto, semiaberto e fechado. Para o diretor geral do presídio, Rafael Barbosa Ribeiro a ação tem impacto coletivo: "Os detentos de um regime mais flexível que estudam e participam do coral servem de referência para os outros que estão em um mais restritivo. Isso estimula a evolução e a participação deles nas atividades de reinserção social" avalia.
Com o passar do tempo, o grupo tornou-se conhecido. Os ensaios são feitos dentro da escola, que também atua como parceira, complementando os conhecimentos necessários para as apresentações. A professora de inglês, por exemplo, ajudou os presos a dominarem a letra da música White Christmas (Natal Branco), ensinando-lhes o significado e a pronúncia de cada palavra.
Disseminando boas práticas
O sucesso do Vozes da Cela inspirou o canto no Presídio de Caxambu, exclusivamente feminino, a 30 quilômetros de São Lourenço. Dez presas compõem o coral Canto Livre e soltam a voz, também sob a batuta do maestro João Henrique. A presa Juliane Rodrigues diz que o canto para ela é uma espécie de renovação do espírito. “É um momento de descontração, quando posso expressar meus sentimentos”, explica.
Fonte: Agência Minas