Ideias saem do papel com crowdfunding, uma espécie de vaquinha online.
Uma ideia criativa na maioria dos casos precisa de dinheiro para sair do papel. No entanto, em tempos de crise, nem sempre é fácil atrair empresas ou patrocinadores. Só que em Poços de Caldas, uma escritora e uma cartunista decidiram investir no crowdfunding, uma espécie de vaquinha, só que online, para arrecadar fundos e garantir a realizaçao do sonho de publicar o próprio trabalho.
O crowdfunding, algo como “financiamento pela multidão” ou “financiamento coletivo”, ajuda a viabilizar projetos pessoais e/ ou profissionais como livros, peças de teatro, vídeos, pesquisas científicas e tantas outras ideias.
Na prática funciona assim: o projeto fica "exposto" em plataformas que organizam a arrecadação do dinheiro por um tempo estipulado para a campanha de arrecadação da verba. Quem se interessa pela ideia e deseja ver o projeto realizado, doa uma quantia por meio de um cartão de crédito. Se o valor necessário para a produção da ideia for arrecadado, quem doou ganha uma bonificação estipulada pelo autor, que pode variar de acordo com o tamanho da contribuição. Além disso, em muitos casos, o dono da campanha deve pagar uma porcentagem do valor arrecadado ao site que hospedou o projeto.
'Vida de Leiturista'
Foi o que fez o publicitário e cartunista Karlo Campos. O autor de um livro de coletânea de tiras em quadrinhos 'Vida de Leiturista' conta que fez uso do crowdfunding no final do ano de 2012.
“Na época, o termo crowdfunding era totalmente desconhecido, tanto que evitei ao máximo utilizá-lo porque o público ficava confuso, ainda era tudo muito novo no mercado, e isso foi até uma barreira para conseguir que as pessoas entendessem a ideia, mas, no final, tudo deu certo. A meta era arrecadar R$ 6 mil em 60 dias, acabei conseguindo R$ 6.070,00”, explica o cartunista.
O projeto de Karlo Campos visava a impressão de 1 mil exemplares do livro que além da impressão, incluía o frete da gráfica que era de Porto Alegre (RS), além dos custos das recompensas para quem colaborou com a campanha e o envio dos livros adquiridos.
“Foi uma experiência muito positiva, porém muito cansativa, estressante e trabalhosa, ainda mais quando o trabalho é apenas de um artista e não de um grupo. Vale lembrar aos interessados que é necessário um planejamento muito bem feito antes de iniciar a campanha. Sessenta dias parece muito, porém não é, por isso o máximo de estratégia, material e meios de divulgação são fundamentais para o sucesso do financiamento”, explica o cartunista.
Ainda segundo o publicitário, hoje as plataformas são bem mais conhecidas, e o público já está mais familiarizado com esse meio de arrecadação coletiva.
“Hoje as plataformas já dão um apoio muito maior com novas ferramentas e até consultoria, o que facilita e muito. Em contrapartida, como ficou mais popular, a concorrência de projetos é enorme”.
Realização de sonho
A mesma sorte teve a jovem escritora Amanda de Paiva Pereira Alvise, de 22 anos, também de Poços de Caldas. Recentemente a jovem lançou o projeto "Pássaro de Barro", com ilustrações de Maíra Teixeira Cardoso. O livro com poesias infantis começou a ser escrito quando a autora tinha apenas 11 anos, mas só agora ganhou vida. Segundo ela, graças a ajuda de pessoas que ela nem conhece.
“Colocamos o projeto na plataforma, contando um pouco sobre a coletânea de poesias, expondo valores e objetivos. Tivemos 60 dias para arrecadar o valor total para a edição dos livros e emissão dos panfletos e banners para divulgação. E nesse tempo conseguimos arrecadar R$ 7 mil. O valor cobriu os gastos com impressão e publicação”, conta a escritora.
A publicação tem 32 páginas, todas ilustradas, com poesias, apresentação da autora, além de página com o poema de interação "Faça você mesmo", que estimula a criança a criar sua própria poesia.
“Foi um sistema de tudo ou nada. Se você não arrecada a meta total, você perde todo o dinheiro arrecadado e os colaboradores recebem um reembolso. A plataforma ainda cobra 13% de todo o valor arrecadado se o projeto for bem sucedido. Além disso, as pessoas que ajudaram na campanha escolheram entre diversos níveis de apoio e recompensas. Conseguimos editar e publicar uma tiragem de mil exemplares em uma gráfica da cidade”, conclui Amanda.
Nem sempre dá certo
Mas o sistema não é garantia de sucesso, e o projeto nem sempre o projeto sai do papel. Os fotógrafos Victor Imese e Alexandre Kocian são provas disso. Os dois elaboraram um projeto fotográfico sobre grupos folclóricos da cidade, batizado de “Caiapós do São José”. Depois de correr atrás de patrocínio, os dois fotógrafos resolveram lançar o projeto numa plataforma digital.
“Pretendíamos realizar uma exposição fotográfica como forma de resgatar a tradição cultural dos grupos caiapós. Confeccionaríamos 40 quadros que seriam cedidos ao Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, mas para isso precisaríamos de R$ 6 mil. O projeto ficou 90 dias exposto na plataforma, entretanto conseguimos arrecadar apenas 11% desse valor, o que não supria todos os gastos”, explica Alexandre Kocian.
Mesmo sem obter a verba para a produção da acervo, o fotógrafo conta que a experiência foi válida, e que, em breve, vão expôr em uma galeria particular.
“Não foi possível produzir os quadros, mas conseguimos atingir a comunidade que, hoje, está mais atenta ao risco de extinção dos Caiapós que existem há 111 anos aqui na cidade. Inclusive o Padre Hiansen Franco, Pároco da Igreja de Nossa Senhora Aparecida e Capela de São Benedito, foi conosco até o Bairro São José e lá ouviu vários integrantes do grupo folclórico. Isso, para nós, já valeu muito. Além disso, vamos conseguir realizar uma exposição com as fotos do trabalho em uma galeria particular”, finaliza Kocian.
Na prática funciona assim: o projeto fica "exposto" em plataformas que organizam a arrecadação do dinheiro por um tempo estipulado para a campanha de arrecadação da verba. Quem se interessa pela ideia e deseja ver o projeto realizado, doa uma quantia por meio de um cartão de crédito. Se o valor necessário para a produção da ideia for arrecadado, quem doou ganha uma bonificação estipulada pelo autor, que pode variar de acordo com o tamanho da contribuição. Além disso, em muitos casos, o dono da campanha deve pagar uma porcentagem do valor arrecadado ao site que hospedou o projeto.
'Vida de Leiturista'
Foi o que fez o publicitário e cartunista Karlo Campos. O autor de um livro de coletânea de tiras em quadrinhos 'Vida de Leiturista' conta que fez uso do crowdfunding no final do ano de 2012.
“Na época, o termo crowdfunding era totalmente desconhecido, tanto que evitei ao máximo utilizá-lo porque o público ficava confuso, ainda era tudo muito novo no mercado, e isso foi até uma barreira para conseguir que as pessoas entendessem a ideia, mas, no final, tudo deu certo. A meta era arrecadar R$ 6 mil em 60 dias, acabei conseguindo R$ 6.070,00”, explica o cartunista.
O projeto de Karlo Campos visava a impressão de 1 mil exemplares do livro que além da impressão, incluía o frete da gráfica que era de Porto Alegre (RS), além dos custos das recompensas para quem colaborou com a campanha e o envio dos livros adquiridos.
“Foi uma experiência muito positiva, porém muito cansativa, estressante e trabalhosa, ainda mais quando o trabalho é apenas de um artista e não de um grupo. Vale lembrar aos interessados que é necessário um planejamento muito bem feito antes de iniciar a campanha. Sessenta dias parece muito, porém não é, por isso o máximo de estratégia, material e meios de divulgação são fundamentais para o sucesso do financiamento”, explica o cartunista.
Ainda segundo o publicitário, hoje as plataformas são bem mais conhecidas, e o público já está mais familiarizado com esse meio de arrecadação coletiva.
“Hoje as plataformas já dão um apoio muito maior com novas ferramentas e até consultoria, o que facilita e muito. Em contrapartida, como ficou mais popular, a concorrência de projetos é enorme”.
Realização de sonho
A mesma sorte teve a jovem escritora Amanda de Paiva Pereira Alvise, de 22 anos, também de Poços de Caldas. Recentemente a jovem lançou o projeto "Pássaro de Barro", com ilustrações de Maíra Teixeira Cardoso. O livro com poesias infantis começou a ser escrito quando a autora tinha apenas 11 anos, mas só agora ganhou vida. Segundo ela, graças a ajuda de pessoas que ela nem conhece.
“Colocamos o projeto na plataforma, contando um pouco sobre a coletânea de poesias, expondo valores e objetivos. Tivemos 60 dias para arrecadar o valor total para a edição dos livros e emissão dos panfletos e banners para divulgação. E nesse tempo conseguimos arrecadar R$ 7 mil. O valor cobriu os gastos com impressão e publicação”, conta a escritora.
A publicação tem 32 páginas, todas ilustradas, com poesias, apresentação da autora, além de página com o poema de interação "Faça você mesmo", que estimula a criança a criar sua própria poesia.
“Foi um sistema de tudo ou nada. Se você não arrecada a meta total, você perde todo o dinheiro arrecadado e os colaboradores recebem um reembolso. A plataforma ainda cobra 13% de todo o valor arrecadado se o projeto for bem sucedido. Além disso, as pessoas que ajudaram na campanha escolheram entre diversos níveis de apoio e recompensas. Conseguimos editar e publicar uma tiragem de mil exemplares em uma gráfica da cidade”, conclui Amanda.
Nem sempre dá certo
Mas o sistema não é garantia de sucesso, e o projeto nem sempre o projeto sai do papel. Os fotógrafos Victor Imese e Alexandre Kocian são provas disso. Os dois elaboraram um projeto fotográfico sobre grupos folclóricos da cidade, batizado de “Caiapós do São José”. Depois de correr atrás de patrocínio, os dois fotógrafos resolveram lançar o projeto numa plataforma digital.
“Pretendíamos realizar uma exposição fotográfica como forma de resgatar a tradição cultural dos grupos caiapós. Confeccionaríamos 40 quadros que seriam cedidos ao Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, mas para isso precisaríamos de R$ 6 mil. O projeto ficou 90 dias exposto na plataforma, entretanto conseguimos arrecadar apenas 11% desse valor, o que não supria todos os gastos”, explica Alexandre Kocian.
Mesmo sem obter a verba para a produção da acervo, o fotógrafo conta que a experiência foi válida, e que, em breve, vão expôr em uma galeria particular.
“Não foi possível produzir os quadros, mas conseguimos atingir a comunidade que, hoje, está mais atenta ao risco de extinção dos Caiapós que existem há 111 anos aqui na cidade. Inclusive o Padre Hiansen Franco, Pároco da Igreja de Nossa Senhora Aparecida e Capela de São Benedito, foi conosco até o Bairro São José e lá ouviu vários integrantes do grupo folclórico. Isso, para nós, já valeu muito. Além disso, vamos conseguir realizar uma exposição com as fotos do trabalho em uma galeria particular”, finaliza Kocian.
Fonte: G1 Sul de Minas