Segundo laudo, 2 barragens não têm garantia de estabilidade no Sul de MG

Estrututas ficam em Nazareno e não apresentam sinais de rompimento.
Segundo a Feam, região tem 48 barragens distruibuídas em sete municípios.



Um laudo divulgado pela Fundação do Meio Ambiente (Feam) apontou que duas barragens situadas em Nazareno (MG) não apresentam garantias de estabilidade. O documento apontou ainda que, das 754 barragens de Minas Gerais, 94,3% estão estáveis e 3,9% não. Além disso, outras 13 barragens, que representam 1,8%, não foram verificadas por falta de documentos das empresas responsáveis.

Das 754 barragens do estado, 48 ficam no Sul de Minas. As duas que não apresentaram garantias de estabilidade pertencem a Vale e, apesar dos riscos, não têm nenhum sinal de alerta de rompimento. A empresa informou que as duas barragens estão desativadas e que não recebem mais dejetos. A Vale disse ainda estar buscando o certificado de estabilidade e reafirmou que não existe qualquer risco para os moradores.

Em uma das barragens, ao lado do Rio das Mortes, há a concentração de rejeitos da extração de tântalo, substância usada na produção de produtos eletroeletrônicos. O auxiliar de laboratório Carlos Tadeu da Silva trabalha a 500 metros do reservatório e diz ter medo de que algo possa acontecer. "É um barulho, estremece todo o telhado aqui. Alguns lugares aqui tem rachaduras".

Em um outro povoado, cercado pelas mineradoras, os moradores também se sentem inseguros. "Dá muito medo. É perigoso vir muita água. Perde tudo que a gente tem. É complicado", diz o comerciante Nelson Paulino dos Santos.

A prefeitura da cidade faz vistorias anuais nas mineradoras e afirma que não há riscos. "Como todas as mineradoras aqui funcionam e têm alvará de funcionamento, é porque elas têm a licença de operação. Se elas têm a licença de operação é porque elas estão em conformidade", afirma Joyce Jennifer de Andrade Nascimento, chefe do Setor de Meio Ambiente do município.

Mesmo assim, há cerca de quatro anos, parte do reservatório de uma das mineradoras desmoronou e atingiu o Rio das Mortes, causando diversos danos ambientais. "Deixou muita lama aí, entendeu? Subiu o nível do rio um pouco, matou um pouco de peixes", conta o ajudante geral José Jorge da Silva.

"As mineradoras descartam parte do rejeito no rio, mas o rejeito é inerte, não causa contaminação da água, mas causa assoreamento. Como a gente sabe, todo empreendimento que mexe diretamente no meio ambiente vai causar degradação. Por isso existem as compensações ambientais, né?", explica Joyce.
Mineradoras e barragens preocuparam moradores do Sul de Minas (Foto: Reprodução EPTV)Mineradoras e barragens preocuparam moradores do Sul de Minas (Foto: Reprodução EPTV)


Outras cidades

A região concentra 15 mineradoras. Elas estão em Caldas, Nazareno, Guaranésia, Fortaleza de Minas, São Tiago e Passos. Poços de Caldas tem o maior número de barragens, com 18 ao todo. O geólogo Hélio Scalvi trabalhou na construção de algumas delas e acredita que, se houvesse um rompimento, não haveria perigo.

"Em primeiro lugar, em função da dimensão dessas barragens. Elas são infinitamente menores do que as barragens lá de Mariana. Em segundo lugar, pela quantidade de material que está ali disposto. É uma quantidade também muito inferior àquela observada naquele desastre ambiental de Mariana. Em terceiro lugar, pela forma como são construídas as barragens aqui em Poços de Caldas. As barragens todas têm uma tecnologia avançada, você tem um dreno em forma de flauta, que drena toda a água do maciço, então você tem um maciço muito mais seco do que o maciço que nós tínhamos lá em Mariana", explica.

Fonte: G1 Sul de Minas