Parceria com universidade garante atendimento médico para presos de Pouso Alegre

Toda semana, um grupo de jalecos brancos entra no Presídio de Pouso Alegre, no Sul do Estado. São 12 estudantes do quarto ano de Medicina, que prestam assistência gratuita, em cada visita, a cerca de 50 presos e presas. No bloco de saúde do presídio, são feitas consultas e até microcirurgias, previamente agendadas.


Os estudantes atuam sob a orientação, em pessoa, de Manoel Francisco de Paiva, professor titular de Infectologia da Faculdade de Ciências da Saúde – Medicina (Facimpa) da Universidade do Vale do Sapucaí (Univas). O próprio doutor Manoel também atende os presos. Apenas os casos de maior complexidade são encaminhados para o Hospital das Clínicas Samuel Libânio, da Univas.
Detento de Pouso Alegre recebe atendimento médico. (Foto: Marcelo SantAnna / Imprensa MG)
O diretor-geral do presídio, Sérgio Morais, destaca que o atendimento no presídio evita constrangimentos para a clientela de centros de saúde pública da cidade, uma vez que os presos chegam algemados e sob escolta armada e acabam sendo passados para a frente da fila, a fim de abreviar a sua permanência no local.


Mas as visitas da turma do doutor Manoel têm outra consequência importante, a redução de custos com combustível e com mobilização de agentes. “Mensalmente deixamos de fazer cerca de 120 escoltas para hospitais ou postos de saúde. Isso representa segurança e economia”, enfatiza o diretor Sérgio.


Para o doutor Manoel, o atendimento aos presos tem um significado ainda mais valioso. Ele observa que os alunos ganham não só formação acadêmica, mas também responsabilidade social. “A experiência humana é riquíssima, algo imprescindível na formação de um médico”, acrescenta.


Não por acaso, há um interesse enorme dos estudantes em participar do trabalho no presídio. Foi preciso fazer um rodízio para garantir o máximo de vagas para alunos da disciplina.


O atendimento médico regular e de bom nível trouxe tranquilidade para a população do presídio. “Confio nos jovens médicos, sempre fomos respeitados e bem tratados”, justifica Clóvis Retuci, de 48 anos de idade. Ele passou por uma pequena intervenção cirúrgica na cabeça e atualmente está tratando de uma perna que apresenta sequela de um acidente de carro.

Por Bernardo Carneiro

Crédito foto: Marcelo SantAnna / Imprensa MG

Agência Minas