Moradores fazem manifestação em apoio à família de estudante no Sul de Minas

Cerca de 80 pessoas protestaram da rodoviária até a casa do suspeito.
Larissa Gonçalves foi sequestrada e morta no mês de outubro na cidade.

Cerca de 80 pessoas participaram durante a noite desta sexta-feira (13) de uma manifestação em apoio à família da estudante universitária Larissa Gonçalves de Souza, sequestrada e assassinada no mês de outubro em Extrema (MG). O protesto teve inicio na Rodoviária de Extrema, onde Larissa foi sequestrada e seguiu em caminhada até a residência de José Roberto Freire, casa do suspeito de ser o mandante do crime e local onde ela teria sido morta, segundo a Polícia Civil.
Na residência de Freire, em homenagem a Larissa, os manifestantes acenderam velas, fizeram orações que emocionaram a mãe da estudante e colocaram flores em frente à casa. Em seguida, uma amiga de Larissa leu uma carta feita pela família da vítima. O manifesto terminou após uma longa salva de palmas.

Entenda o caso
Larissa desapareceu no dia 23 de outubro, quando estacionou de carro na rodoviária de Extrema para pegar o ônibus até a faculdade, em Bragança Paulista (SP). Segundo testemunhas, antes de sair do carro, ela foi abordada por um casal, que a colocou no banco de trás e saiu do local com o veículo. Onze dias depois, o corpo dela foi encontrado em uma ribanceira de cerca de 30 metros na Serra do Lopo, ponto turístico da cidade.

As investigações apontam que a morte da jovem, com requintes de crueldade, teria sidoencomendada por R$ 1 mil pelo comerciante José Roberto Freire que, preso, admitiu ter planejado o crime, mas acusou o namorado dela, o modelo Lucas Gamero, de ter participação. Segundo Freire, ele e Gamero mantinham um relacionamento amoroso e temiam que Larissa tornasse a história pública.
Moradores fazem manifestação em apoio a estudante morta em Extrema (Foto: Reprodução EPTV)Moradores fazem manifestação em apoio a estudante morta em Extrema (Foto: Reprodução EPTV)


"Ele [Gamero] negou participação, negou envolvimento com José Roberto, negou ter dado dinheiro, negou ser o mentor intelectual do crime", disse o delegado Valdemar Lídio Gomes Pinto.

No dia 4 de novembro, Gamero foi detido temporariamente junto com um sobrindo de Freire. No dia 10 de novembro, o sobrinho de Freire foi liberado por falta de provas. No dia 11 de novembro, o namorado de Larissa também foi solto.

Ainda no dia 10 de novembro, a Polícia Civil apresentou o garoto de programa Valdeir dos Santos Bispo e a enfermeira Rosiane Rosa da Silva como o casal que abordou Larissa na rodoviária. Os dois permanecem presos junto com Freire acusados de envolvimento no crime.

Rosa não quis prestar depoimento. Santos confessou ter estado com a efermeira na rodoviária e terem juntos levado a garota até a casa de Freire, mas negou responsabilidade na morte, cuja autoria foi atribuída a Freire.
Larissa e Lucas se conheciam há 4 anos e começaram a namorar no ano passado em Extrema (Foto: Reprodução EPTV)Larissa e Lucas se conheciam há 4 anos e
começaram a namorar no ano passado em
Extrema (Foto: Reprodução Facebook)


Comerciante
José Roberto Freire morava há dois anos em Extrema. Ele era dono de uma loja de roupas e contratava jovens para desfiles de moda. Lucas Gamero já havia desfilado para ele.

Clientes descrevem o comerciante como uma pessoa discreta, mas os investigadores descobriram que ele tinha passagens pela polícia. Freire é investigado por desviar R$ 60 mil da Prefeitura de Avaré (SP) e também é suspeito de matar um ex-companheiro em 2012.

Uma tia de Larissa contou que a jovem já tinha reclamado do comportamento de José Roberto anteriormente. "Ele não gostava dela. Isso ela sempre falou", disse Nadir da Fonseca Oliveira.

Larissa morava na zona rural de Extrema. Segundo a família, Lucas, o namorado, que está preso, ia até a casa dela com frequência. A família não acredita que o rapaz tenha ligação com a morte da namorada.
Corpo de jovem de 21 anos foi encontrado na tarde de terça-feira em Extrema (Foto: Reprodução Facebook)Missa em homenagem à Larissa Gonçalves de
Souza reuniu centenas de pessoas em Extrema
(MG) (Foto: Reprodução Facebook)


Crueldade
Segundo a médica legista que atendeu o caso, o corpo da vítima estava em estado avançado de decomposição e apresentava diversos sinais de violência quando foi encontrado no dia 3 de novembro.

"Ela estava com o corpo amarrado. Os punhos estavam amarrados aos tornozelos com fios elétricos. Pelos sinais, tudo indica que ela foi amarrada em vida. A cabeça foi toda envolta com uma fita adesiva e o corpo foi encontrado dentro de uma sacola de transporte", disse Tatiana Telles Koeler de Matos.

Ainda segundo a legista, o estado em que o corpo foi encontrado dificultou a avaliação técnica e não permite precisar como ela foi morta.

"Como a cabeça estava envolta em fita adesiva, eu não tinha elementos técnicos para dizer se a morte se deu pela asfixia por obstrução das vias áreas pela fita adesiva ou se ela morreu pelo estrangulamento", afirmou.

O corpo da jovem foi velado ainda durante a noite de terça-feira (3) e enterrado na madrugada de quarta-feira (4) no Cemitério Municipal de Extrema. Centenas de pessoas acompanharam o velório e o sepultamento. Na noite de quarta-feira, amigos e familiares se reuniram no Santuário de Santa Rita de Extrema para prestar as últimas homenagens à estudante.
Policiais que investigam o caso dão detalhes sobre crime durante entrevista coletiva em Extrema (Foto: Régis Melo)Policiais que investigam o caso dão detalhes sobre crime durante entrevista coletiva em Extrema
(Foto: Régis Melo)

Fonte G1 Sul de Minas