Foram encontradas irregularidades com documentação e manutenção.
Após as principais balsas que fazem a travessia na Represa de Peixotos, emDelfinópolis (MG), serem lacradas nesta quinta-feira (26) durante uma fiscalização da Capitania dos Portos, a Prefeitura Municipal decretou estado de emergência na cidade.O prefeito, Pedro Paulo Pinto, disse também que vai recorrer à Justiça para que as balsas voltem a operar, mesmo que provisoriamente.
"O prejuízo é muito grande. Nós estamos praticamente com uma balsa só com capacidade dela de cinco veículos. Caminhão pesado não passa nem ônibus. Eu tenho aqui transporte para pacientes. Eu tenho a linha regular que tem que levar as pessoas, pois nos dependemos dessa travessia, e somos um dos maiores produtores de banana do estado e esta tendo uma complicação e um prejuízo muito grande no município", explicou.
Para o prefeito, a medida é uma maneira para que a cidade recebe atenção do governo. "É um socorro que nosso município está pedindo para que os órgãos do governo olhem por nossa Delfinópolis aqui, pois a dificuldade está grande, e recursos o município não esta tendo quase nada."
Irregularidades
A vistoria apontou irregularidades com a documentação e manutenção em duas das três balsas usadas no município. A usina de Furnas é a responsável por manter as embarcações funcionando.
"Está faltando manutenção sim. Documentação, extintores vencidos, falta de eixo, hélice, tudo. A gente lida com vida, é muito perigoso", diz Alexandre Batista Machado, encarregado geral das balsas.
Cruzar o rio é o caminho mais rápido para ir de Delfinópolis para Cássia, Franca ou Ribeirão Preto. As duas balsas lacradas transportavam juntas 30 carros de uma vez. Agora, a única embarcação que está operando leva apenas cinco carros por viagem e a circulação das balsas, o tráfego de caminhões, ônibus e veículos pesados foi interrompido.
Uma reunião foi marcada para a próxima semana entre o prefeito e representantes de Furnas Centrais Elétricas para discutir as ações para que as embarcações sejam regularizadas.
Dificuldade para escoar a produção
Com isso, o principal acesso a Delfinopolis, que é feito pelo rio, ficou estrangulado. Para desviar, o motorista tem que andar 150 km a mais, 80 deles por estradas de terra. A distancia tem atraplhado os produtores rurais, já que deixa mais caro o frete e atrasa a entrega de alimentos como a banana prata, principal produto do município.
"O comprador vai falar assim: 'Tem 70 km de terra para nós irmos. Meu caminhão vai quebrar nessas estradas ruins, não sei que dia vai chegar aqui, tem barro, tem buraco, tem tudo. Então eu vou ter que barrar o preço dessa banana, eu não vou arcar com esse prejuízo'", lamenta o produtor José Soares.
"Os hortifrutis, frutas, hortaliças, verduras, são perecíveis, então produziu, tem que ser escoado. No caso do leite também, o leite é ainda mais perecível. Algumas horas ou de um dia para o outro, a produção do leite pode ser perdida se não escoada e armazenada em condições adequadas", diz o engenheiro agrônomo Sávio Marinho.
Além disso, há a preocupação também se a estrada alternativa vai suportar o aumento no movimento. "Tudo vai ter que ser escoado por estrada de terra e além do percurso mais longo corre o risco de como estamos na estação das chuvas, se todo o movimento da cidade for para estrada de terra e ocorrerem chuvas o trânsito pode parar", conclui Marinho.