Circuito das Águas receberá investimento de R$ 2 milhões

Anúncio foi feito durante audiência pública em Baependi, quando foram também apresentadas as demandas da região.





A necessidade de reposicionamento turístico do Circuito das Águas, com foco na sustentabilidade, foi a principal diretriz das demandas apresentadas durante reunião na manhã desta sexta-feira (28/8/15) em Baependi (Sul de Minas). Durante o encontro, foram anunciados, ainda, investimentos de R$ 2 milhões na região, a serem feitos pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Mias Gerais (Codemig). A audiência pública foi realizado pela Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Quem fez o anúncio dos investimentos foi o presidente da Copasa Águas Minerais, Pompílio Canavez. A concessionária foi responsável pela gestão das águas minerais da região até o início deste ano, quando tal gestão foi devolvida à Codemig, sob a supervisão da Copasa.

“Inicialmente, o investimento será de R$ 2 milhões. Já temos licitações preparadas, outras já foram lançadas. Vamos comprar novos equipamentos, reposicionar a região turisticamente, inclusive com ações de marketing”, afirmou. Canavez ressaltou, ainda, a necessidade de resgatar o valor terapêutico das águas e buscar as melhores formas de levar emprego e renda para a região.

O diretor de mineração e infraestrutura da Codemig, Marcelo Arruda Nassif, ressaltou que em todos os investimentos a sustentabilidade será uma preocupação. “Essa é uma preocupação primordial; nada que pode prejudicar as águas minerais será feito. Queremos atrair turistas, investir no crescimento de uma economia limpa”, disse.

A assessora da Secretaria de Estado de Turismo, Juliana Miranda de Oliveira, por sua vez, ressaltou os investimentos que têm sido feitos na região. Ela destacou, por exemplo, que tem sido negociada com os Correios uma tiragem de selos comemorativos das estâncias minerais. Afirmou, também, que tem sido feito um trabalho para incentivar a comercialização de pacotes no Circuito das Águas por agências de turismo.
Fomento à agricultura familiar e melhoria de rodovias
“Nossa região tem muito potencial: temos atrativos naturais, águas minerais, turismo religioso. Mas precisamos criar uma identidade mais forte, e isso precisa ser feito a partir do viés da sustentabilidade”, afirmou o presidente do Circuito Turístico das Águas, Filipe Condé Alves. Ele destacou a necessidade de investimentos, por exemplo, na agricultura familiar, de forma a abastecer as cidades com produtos orgânicos. Para Condé, é necessário também que sejam realizados estudos para repensar os modelos de gestão e concessão da exploração das águas minerais, também atrelando essa atividade à sustentabilidade.

Filipe Condé apresentou, ainda, outras demandas do circuito, muitas delas relacionadas às condições de acesso às cidades e aos seus atrativos turísticos. Criação de terceira faixa e acostamentos nas BRs 267 e 357, implantação de aeroporto regional, criação de linhas eficientes de transporte coletivo entre os municípios do circuito e melhorias na sinalização turística são algumas dessas demandas. Ele também ressaltou a importância da criação de linhas de crédito especiais para empreendimentos turísticos e defendeu que é preciso avaliar a possibilidade de novos investimentos na forma de parcerias público-privadas.

A criação de um parque ecológico em Baependi que ajude na preservação das águas minerais foi a principal demanda apresentada pela presidente da ONG Ampara Baependi, Maria Antônia Muniz Barreto. Ela questionou, ainda, a decisão de encorajar que uma empresa de outra região explore as águas minerais. “Vejo muita gente torcendo pela licitação, mas será que vale a pena? É levando nossa água para todo o País que vamos fomentar o turismo ou é trazendo as pessoas para experimentarem nossas águas aqui?”, disse. Ela salientou, ainda, os possíveis impactos negativos de tal exploração para o meio ambiente.

Segundo convidada, faltam estudos e fiscalização

A analista ambiental do Instituto Prístino, Daiane Fernandes Pereira, esteve na reunião para representar o promotor do meio ambiente da Bacia do Rio Grande, Bergson Cardoso Guimarães, e leu algumas observações feitas pelo promotor. Uma das questões destacadas foi a de que os problemas da região têm sido constantemente resolvidos apenas a partir de medidas judiciais, que deveriam ser exceções. Ele destacou a falta de estudos hidrológicos, topográficos e geológicos, assim como a quase ausência de fiscalização ambiental. “Os Planos Diretores dos municípios, quando existem, não contam com zoneamentos que levem em conta as águas”, salientou, afirmando que áreas industriais e lixões estão localizados próximas a fontes de água.

Críticas à Codemig - O prefeito de Caxambu, Ojandir Ubirajara Belini, criticou a Codemig. Segundo ele, a empresa não faz os investimentos necessários para a manutenção do Parque das Águas da cidade e também não permite que a prefeitura os faça. “Muito se fala em trazer o turista para cá, mas como vamos fazer isso se as fontes estão caindo e o lago está assoreado?”, disse. Belini afirmou que enviou um ofício à empresa sobre uma fonte prestes a cair e a única atitude tomada foi a de cercar e fechar tal fonte. “Ou a Codemig investe ou nos permite investir. Do jeito que está, não dá”, disse.

O prefeito de Baependi, Marcelo Faria Pereira, por sua vez, ressaltou os investimentos que têm sido feitos pelo município. Ele falou sobre o apoio técnico e a extensão rural que têm sido oferecidos aos produtores e destacou as feiras de artesanato e da agricultura familiar. Também ressaltou a formação de pessoas para trabalhar com turismo rural e turismo de aventura. Outro destaque foi dado para o projeto de construção da Ciclovia Nhá Chica, entre Baependi e Caxambu.

O presidente do Sindicato Intermunicipal de Gastronomia e Hospitalidade de Caxambu, Amaro Gadbem, solicitou que os deputados pressionem para que a água seja considerada durante a discussão e votação do Código da Mineração no Congresso Nacional.

Deputados apoiam reivindicações da região

O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) disse que a queda no turismo na região se deu com a deterioração das rodovias, que teriam sido recuperadas em governos anteriores – mas nesse período, houve a decadência dos parques das águas, segundo ele. “O investimento R$ 2 milhões é um bom gesto, mas a necessidade é muito maior”, disse.

O deputado Duarte Bechir (PSD), por sua vez, afirmou que todas as demandas apresentadas na reunião serão analisadas pela comissão, que vai trabalhar para garantir que sejam atendidas. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), por sua vez, salientou seu apoio às demandas e destacou a recente criação da Comenda Nhá Chica, que vai reconhecer os esforços daqueles que trabalham pelo bem da região.
Fonte: ALMG
A audiência pública da Comissão de Turismo foi realizada no Clube do Botafogo, em Baependi
Foto: Pollyanna Maliniak