A adoção do Enem tem sido discutida desde o ano passado. Das 42 unidades da USP, 36 já se pronunciaram sobre o assunto e somente duas não recomendaram o exame como forma de ampliar a inclusão. “Houve muitas propostas sobre como melhorar a inclusão, mas a adoção do Enem é praticamente uma unanimidade”, diz o pró-reitor de Graduação, Antonio Carlos Hernandes.
A pró-reitoria vai consolidar a proposta para aprovação até junho no Conselho Universitário, instância máxima da universidade. Assim, a mudança poderia valer já no próximo vestibular. A meta da USP é ter 50% de alunos da rede pública até 2018.
A universidade é pressionada para criar estratégias para aumentar a inclusão - a instituição nunca adotou cotas, mas aposta em um sistema de bônus. Cerca de 85% dos alunos de ensino médio estão em escolas públicas.
Segundo Hernandes, destinar 15% de vagas para o Enem, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), garantiria que a USP cumprisse a meta com velocidade. “As pessoas da universidade entenderam que há a necessidade de ter outro mecanismo de ingresso. Todo mundo tem confiança na Fuvest, mas não dá para fazer isso (aumentar a inclusão) lentamente.”
O porcentual de vagas e a exclusividade de participação de alunos de escola pública ainda serão discutidos internamente. Pela proposta, a Fuvest continua responsável pela seleção dos demais alunos, e o sistema de bônus vigente na universidade também continuaria valendo, podendo até ser melhorado.
Inclusão
Dos 10.955 matriculados neste ano, 3.847 (35,1%) vieram de rede pública. Apesar do avanço em relação ao ano passado, o porcentual ficou abaixo da estimativa feita no fim de 2014 pela universidade, que era alcançar 38%. Por outro lado, o número de inscritos de escola pública teve queda de 32%, o que dificulta a maior inclusão.
Hernandes comemorou o resultado, ressaltando que a evolução ano a ano é positiva. “A decisão da universidade de melhorar o bônus fez efeito”, diz. Aluno de escola pública tem até 20% de bônus. Para negros ou indígenas, a bonificação chega a 25%. Para este ano, o sistema não levou mais em conta a nota mínima para o cálculo da bonificação, como ocorria antes.
A universidade não divulgou os porcentuais de inclusão por curso. Em carreiras concorridas, o número de alunos de escola pública costuma ser menor.
A inclusão de negros e indígenas também cresceu em 2015. Entre os alunos de escola pública, o porcentual de alunos pretos, pardos e indígenas passou de 30,3%, em 2014, para 32,1% neste ano. São 2.058 alunos, que representam 18,8% do total de alunos ingressantes.
O perfil socioeconômico também está se alterando. Em 2008, 58% dos ingressantes vinham de famílias com renda de mais de 7 salários mínimos. Esse porcentual caiu para 43% em 2015, aumentando a proporção de estratos mais pobres.
Fonte: Portal msn