Produtores de azeite de Minas Gerais esperam dobrar a oferta com expansão de áreas

Retorno financeiro e o mercado favorável justificam o otimismo

A produção de azeite em Minas Gerais está em plena expansão. Somente na safra atual, que foi iniciada no final de janeiro e vai até meados de abril, serão produzidos em torno de 20 mil litros do produto, o que representa um incremento de 100% frente ao volume gerado na safra passada. As expectativas em relação aos próximos anos são muito positivas. Além da demanda alta pelo produto, apenas 10% da área plantada no Estado estão em idade produtiva e o restante deve começar a produzir entre dois e três anos.
O azeite abastece restaurantes e lojas gourmetFoto:Marcos Michelin/Epamig
De acordo com o presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), Nilton Caetano de Oliveira, o crescimento na produção se deve ao ingresso de novas áreas na produção. "Nos próximos anos, a produção de azeite crescerá de forma bem significativa com várias áreas, ainda novas, entrando em produção. O retorno financeiro proporcionado pelo produto e o mercado promissor, já que o Brasil importa um volume representativo de azeite, são fatores que estimulam os investimentos na fabricação de azeite", explicou.

Ainda segundo Oliveira, a área plantada na região de atuação da Assoolive cresce em torno de 10% a 15% ao ano. Atualmente são 1,2 mil hectares ocupados com a cultura, somando 500 mil plantas com idade entre 1 e 5 anos. Deste total, apenas 10% estão em fase produtiva devido à idade. Somente em 2014, foram implantados 100 hectares com oliveiras.


A atividade é desenvolvida em 50 municípios localizados em Minas Gerais (que concentra 80% da produção), São Paulo (19%) e Rio de Janeiro (1%). Dos 50 municípios, 44 estão localizados na Serra da Mantiqueira.

De acordo com o representante da Assoolive, a produtividade média das oliveiras está em torno de 10 quilos por árvore, o que em um hectare rende 4 toneladas. Com o amadurecimento das plantas, nos próximos dois a três anos, a média produtiva deverá alcançar 10 toneladas por hectare.

O mercado demandador e a qualidade superior do produto tem feito com que o azeite produzido na região seja negociado no mercado a valores acima de R$ 100 por litro, o que garante grande retorno financeiro para os produtores. Os principais clientes são restaurantes e lojas especializadas em alimentos gourmet.

Para diferenciar o azeite das demais regiões produtoras do país, a Assolive também ingressou com o pedido de registro de indicação geográfica e denominação de origem, que está em processo de validação no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

"Os investimentos na qualidade do azeite são fundamentais para se obter um maior valor pelo produto. A Assoolive já trabalha com um programa de qualidade e somente após atender aos critérios de classificação o azeite pode ser comercializado com o selo da associação. Nossa expectativa é conquistar a identificação geográfica, o que trará grande retorno para os produtores", explicou.

Dia de campo - Para incentivar o ingresso de novos produtores no segmento e aprimorar a técnica utilizada, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realizará a 10ª edição do Dia de Campo de Olivicultura, no dia 13 de março, na Fazenda Experimental da Empresa, em Maria da Fé, na região Sul de Minas Gerais.

Segundo os dados da Epamig, durante o evento, serão divulgados estudos de produção azeite extraído a partir de variedades de azeitonas adaptadas por meio de pesquisas da empresa. A produção vem se consolidando na região dos Contrafortes da Mantiqueira, que abrange municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Também serão apresentadas novidades em processamento da azeitona, técnicas de reutilização de resíduo da produção de azeite, polinização de frutos de oliveira e evolução da maturação e ponto de colheita das azeitonas. Os participantes poderão ainda acompanhar a extração de azeite, conhecer publicações sobre olivicultura, cosméticos à base de óleo de oliva e equipamentos para colheita de azeitona.


Fonte: Diário do Comércio